Começo hoje uma nova seção, e uma seção que me deixa feliz. 2+0+1+2 vai ser o post de entrevistas que trará cinco perguntas para atletas, esportistas, jornalistas que falarão sobre esportes Olímpicos e Olimpíadas. O primeiro 2+0+1+2 é com Pedro Gama Filho, presidente da Confederação Brasileira de Lutas Associadas (CBLA). entidade que é responsavel pela Luta Olímpica (Greco-Romana e Livre). Apreciem.
1ª Fale um pouco da sua carreira e da sua vida na Luta.
Bom
, minha vida na luta começou muito cedo. Quando nasci, meu pai já era lutador e
grande apoiador do Judô, e um apaixonado, além de faixa preta de jiu jitsu.
Desde os meus 6 anos, comecei a treinar e competir no JJ. Como meu pai era
muito bem chegado em todas as academias, por ser um apoiador das modalidades de
Luta, dentre elas: o Judô, o Jiu Jitsu, a luta Olímpica, a luta livre
desportiva, o Karatê, dentre outras, sempre treinei um pouco de tudo, e em
diversos locais distintos, treinei muito judô com os senseis De Luca, e Eurico
Versailles, Karatê Shoto Kan com Mestre Paulo Goes e Inoke, e Jiu Jitsu com os
Mestres Sylvio Behring,e Roberto Traven, sob a supervisão do Grande mestre João
Alberto Barreto. Mais tarde com a união da equipe de competição de jiu jitsu da
UGF, com a equipe Nova Geração e Carlson Gracie team, passei a treinar e
defender a academia dos mestres Toco (Francisco Albuquerque) e Rodrigo
Medeiros, academia que formou grandes lutadores, e que tinha muita tradição na
formação de atletas de base, seguindo a escola da academia Carlson Gracie. Na
NG tive a oportunidade de treinar com grandes atletas como Vitor Belfort,
Alexandre Pulga, e com meus mestres que ainda estavam em plena carreira
competitiva. Na minha casa somos 3 irmãos homens (5 irmãos no total), todos
faixas pretas da Nova geração e do Mestre Toco, a quem considero como um irmão.
Com
o passar do tempo, como sabia que não seria bem sucedido em uma carreira como
atleta, comecei a estudar administração de empresas e, em 1998 após uma
passagem de 1 ano por Miami, treinando no que seria o embrião da equipe de MMA American
Top Team na cidade, com os irmãos Marcus (Conan) e Marcelo Silveira, voltei ao
Brasil e comecei a trabalhar no Comitê Olímpico Brasileiro, no departamento
técnico, trabalhando com uma pessoa que considero como meu padrinho na
administração desportiva, o professor Peri do COB. Com ele adquiri toda a
flexibilidade, raça e paciência, alem da visão de longo prazo, tão necessárias
pra quem deseja trabalhar com esporte, especialmente no Brasil.
A
partir daí, meu caminho no esporte fluiu naturalmente, e em 2002 a recém formada CBLA,
foi oficialmente reconhecida pelo COB, e eu, já com alguma experiência
adquirida no Comitê, fui trabalhar com meu pai (presidente da entidade), ao
lado de um quase primo meu (filho de um amigo de longa data de meu pai) Roberto
Leitão Filho, ex atleta Olímpico (1988 Seoul e 1992 Barcelona) e disposto a
mudar o rumo que a Luta Olímpica estava tão tristemente traçando na antiga
gestão da modalidade, um triste capítulo, que fez diversos atletas sofrerem e
talentos se perderem. Nesta época a Confederação era completamente amadora, mas
não nos faltava vontade de mudar aquele cenário. Com o advento da Lei Piva em
2003/2004 e com a conquista da cidade do Rio de Janeiro em sediar os Jogos Pan
Americanos em 2007, o cenário começou a mudar, e conseguimos começar a mudar o
horizonte da modalidade.
No
final de 2004 meu pai, veio a falecer de um câncer no esôfago, e como eu tinha,
a pedido dos demais Presidentes Estaduais, assumido a vice Presidência da
entidade, justamente com a preocupação dos mesmos, de que o trabalho seguisse,
sabedores da situação frágil de meu pai na época, assumi em Janeiro de 2005 em
um mandato tampão, para continuar o trabalho iniciado por meu pai até as
próximas eleições da entidade.
Este
trabalho, visava primordialmente a disseminação da modalidade desde a base, e a
otimização do potencial da modalidade para projetos de base social.
Começava
a se desenhar um cenário que norteia o trabalho da CBLA até hoje, através do
projeto de Escolinhas da CAIXA (nossa patrocinadora) e diversos outros com a
intenção de disseminação do treinamento de base, projetos estes, que certamente
darão muitos resultados no longo prazo.
Em
2008, fui eleito Presidente da CBLA pela 1a vez, e desde lá temos
obtido bastantes resultados positivos, apontando que estamos no caminho certo,
e que certamente, a Luta Olímpica ainda será, uma grande modalidade no Brasil,
pelas características do nosso povo lutador, e pelo trabalho sério que vem
sendo desenvolvido de forma sustentável, e sempre preocupado em não queimar
etapas.
Hoje
sabemos que estamos evoluindo sem parar, e que qualquer pessoa que venha a
gerir a CBLA após a minha saída, encontrará um caminho pavimentado, bem
diferente do cenário que encontramos quando começamos.
2ª Como os atletas brasileiros estão se preparando para o Pré
Olímpico do Continente nos EUA?
Bom,
para estes torneios pré olímpicos que se iniciam agora em março, resolvemos
adotar uma estratégia diferente e na minha opinião, que tem tudo para ser bem
sucedida: Enquanto nossos adversários diretos no processo de disputa das vagas,
os países Pan americanos, estão treinando entre si, em Cuba ou nos EUA,
resolvemos dividir a equipe em
duas. Um grupo com os nossos principais atletas, e com as
categorias mais propensas a classificação, foi treinar no leste Europeu, mais
particularmente no Centro de Alto Rendimento da FILA em Sofia, Bulgária e um outro
grupo com atletas de importância semelhante indo ao circuito normal americano.
Com esta estratégia tentamos manter o segredo em cima dos nossos principais
atletas, suas condições físicas, suas estratégias adotadas, alem de
proporcionar a eles a chance de treinar com alguns dos melhores atletas do
mundo, e que ao mesmo tempo, não são seus adversários diretos pela vaga, pelo
menos em um primeiro momento.
Pretendemos
acentuar este intercâmbio com o leste Europeu, para o próximo ciclo, e estamos
inclusive estudando a possibilidade de mandarmos atletas para ficarem por lá
por períodos maiores, visando o ciclo dos JOs do Rio.
Acredito
que o time chegará bem treinado e pronto para representar bem o Brasil e
conseguir vagas nos jogos, mas não vai ser nenhuma moleza, temos adversários
fortes e com muito mais tradição, mas acredito muito no nosso time e
principalmente no trabalho que estamos desenvolvendo.
3ª Quais os atletas com possibilidades reais para se qualificar para
os jogos de Londres e o que esperar deles lá?
Tenho
alguns nomes na cabeça, nomes de atletas vencedores, com um histórico de
superação em momentos decisivos, mas todos os que separamos do grupo para
mandarmos ao treinamento em Sofia, tem reais chances de se classificarem e nos
representarem bem. Obviamente nem todos serão bem sucedidos, pois o processo é
extremamente difícil, mas alguns nomes que podemos guardar na cabeça são Aline
Ferreira, Joice Silva, Dailane Gomes, Susana Almeida, Antoine Jaoude, Adrian
Jaoude, Davi Albino, Diego Romanelli e Ângelo Moreira.
Após
a classificação, a preocupação será voltada em representar bem nosso pais, e ir
o mais longe possível na competição. Temos atletas entre os 10 melhores do
mundo no momento, principalmente no feminino, e em uma competição com 20 atletas
classificados por categoria de peso, sabemos que tudo pode acontecer, desde uma
participação rápida, até a disputa de medalhas, depende muito da chave
sorteada, e da preparação que conseguirmos fazer até os Jogos.
4ª Como a modalidade está encarando os jogos de 2016 no Rio de
Janeiro?
Para
ser sincero, se pararmos para pensar nos Jogos de 2016 do ponto de vista
técnico/desportivo, o primeiro pensamento que me vem a cabeça, é de extrema
preocupação, pois no meu ponto de vista estamos extremamente atrasados, e não
teria como ser diferente, uma vez que a modalidade começou a ser trabalhada com
seriedade a menos de 10 anos atrás. Por outro lado, vejo os Jogos do Rio, como
a nossa grande oportunidade de darmos visibilidade a nossa modalidade, e
fazermos com que ela se perpetue, e adquira um cantinho no coração do povo
brasileiro. A Luta Olímpica , é o 3o esporte na distribuição de
medalhas Olímpicas, e com o potencial que temos para a modalidade, e com o
numero imenso de talentos que surgem a cada dia na Luta, mesmo com nosso
universo ainda bastante reduzido, podemos ser otimistas, e dizer que a Luta
Olímpica, no ciclos após 2016, tem tudo para ser um dos carros chefes em
conquistas de medalhas olímpicas, e mundiais para o Brasil, basta darmos
seguimento ao trabalho, nas futuras gestões.
Mesmo
com todas as dificuldades, temos nomes, que tudo dando certo, terão chances
reais de buscar resultado nos Jogos do Rio, atletas jovens que já vem recebendo
experiência internacional como: Laís Nunes, nossa bi campeã Pan Americana
(cadete e Junior), Dailane Gomes, 5a do Mundo Junior em 2010, Diego
Romanelli, Ângelo Moreira, Davi Albino e Rafael aparecido (esses já na seleção
principal e recém saídos da categoria Junior) tem tudo para chegarem brigando
por um lugar ao sol em 4 anos. Serão estes nossos principais focos de
investimento, alem dos demais destaques que surgirem no caminho, e dos atletas
mais experientes, que continuarem competitivos a nível internacional, como
provavelmente nossas principais atletas de hoje, Aline Ferreira e Joice Silva.
5ª Deixe um recado para os brasileiros.
Gostaria
de convidar todos os brasileiros, povo lutador por natureza, a conhecer um pouco
desta modalidade apaixonante, que é a Luta Olímpica, uma modalidade
extremamente tradicional, e difundida por todo mundo, e que se confunde com a
história da humanidade. Tenho certeza que quando os brasileiros acordarem para
o potencial que existe aqui para a modalidade, os pais começarão a colocar seus
filhos para treinar, teremos muitos mais praticantes e conseguiremos fazer da
modalidade uma das principais no cenário nacional, catapultando o Brasil ao
topo do quadro de medalhas de qualquer competição multi-desportiva.
1 Comentários
Ótima entrevista, cara. muito legal saber um pouco mais da luta olimpica, e o presidente gosta de falar,hein?rs mas foi ótimo as palavras dele, estarei apoiando o esporte pra londres 2012!
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