Era Uma Vez... os VI Jogos Pan-Americanos

Cali 1971

Período - 30/7 a 13/8/1971
Nações - 32
Atletas - 2935
Esportes - 17
Eventos - 169

Chamada de "a cidade mais esportiva do mundo" pelo então presidente da ODEPA (Organização Desportiva Pan-Americana) José Jesus Flores, Cali foi a cidade escolhida para sediar a 6ª edição dos Jogos Pan-Americanos. O Pan-Americano na cidade colombiana contou com a participação de 2.935 atletas, representando 32 países, em 17 esportes.


Cerimônia de Abertura do Pan 1971, em Cali Foto: Iain Ritchie

OS NOVE OUROS BRASILEIROS EM CALI

Basquete, Iatismo e Remo foram responsáveis por quase todas as medalhas de ouro brasileiras (8 das 9 - a outra medalha foi no tiro esportivo).

O Brasil teve seu melhor desempenho no remo da história em Pan-Americanos. Edmundo Klein e Edgar Gijsen foram ouro no double sculls; Atalibio Magioni, Milton Teixeira, Mopir Miguel Bancov, Waldir Kuntze no Quatro sem timoneiro; e Atalibio Magioni, Celenio da Silva e Manuel Thereso, no Dois com.

Jörg Bruder - Autor Desconhecido

Jörg Bruder conquistou o bi na classe Finn do Iatismo; na Lightining, o trio Manfred Shaaffhausen, Mario Buckup e Peter Ficker; e na classe Snipe, João Pedro Reinhard e Ralph Walter Christian faturaram mais dois ouros.

O Basquete feminino conquistou o ouro já esperado, como a principal potência do esporte nas Américas - atrás, claro, dos EUA. Já o masculino enfrentou denúncias de que "manipulou resultado" para eliminar os Estados Unidos da final - foi a primeira e única vez dos estadunidenses fora do pódio do basquete masculino em Pans. No fim, ouro brasileiro, que havia escapado nas oportunidades em que vinham de título mundial.

E a nona medalha veio no tiro esportivo. Na pistola livre 50m, Bertino Alves de Souza derrotou o atual campeão pan-americano Hershell Anderson (USA) para conquistar seu ouro.

CUBA APARECE COMO SEGUNDA FORÇA DAS AMÉRICAS

Quatro anos antes, na edição de Winnipeg, Cuba conquistou apenas sete medalhas de ouro, número até normal para o tamanho do país. Em Cali, a história foi completamente diferente: 31 medalhas de ouro para o país, que vinha investindo pesado em desenvolvimento esportivo.

Pedro Perez Dueñas - Radio Rebelde

O principal destaque dentre os vencedores do país foi o jovem Pedro Pérez Dueñas, de apenas 19 anos. O atleta teria de superar o brasileiro Nelson Prudêncio, que vinha de uma prata na Olimpíada de 1968. Dueñas não só superou Nelson, como bateu o recorde mundial de Viktor Saneyev, que vinha dessa mesma Olimpíada. O salto foi de 17m40, um centímetro a mais que o salto do campeão olímpico Saneyev. Assim, o cubano se tornou um dos principais favoritos ao ouro em Munique; entretanto, uma lesão o atrapalhou na preparação para a Olímpiada (terminou em 15º, sem nem chegar a final) e Dueñas não foi mais o mesmo.

Outro dos destaques cubanos foi o ginasta Jorge Rodríguez, que ganhou três medalhas de ouro - no cavalo com alças, barra fixa e por equipes, além de outras duas de prata. E os boxeadores, que conquistaram quatro ouros (Enrique Reguiferos (63kg), Roland Garbey (71kg), Emilio Correa (67kg), e Rafael Carbonell (48kg).

No levantamento de peso, e com pesistas de nível mundial, o país fez a festa, aumentando um pouco mais o número de medalhas douradas: sete na modalidade.

Destaque também nos esportes coletivos: no vôlei feminino e masculino e no beisebol masculino, ouros para Cuba.

DESPEDIDAS

Dois importantes nomes do esporte pan-americano tiveram sua última experiência no Pan de Cali: o remador argentino Alberto Demiddi e o ciclista colombiano Martin 'Cochise' Rodríguez.

'Cochise' Rodríguez - Comitê Olímpico Colombiano

Rodríguez iria se tornar profissional do ciclismo de estrada logo depois do Pan - o que o impediria até de competir em Olimpíadas, que até então somente permitia atletas amadores. Antes de sair de cena no esporte amador, no entanto, Cochise Rodríguez conquistou dois ouros - na perseguição individual e por equipes no ciclismo pista.

Alberto também vinha se dedicando mais a competições grandes mundiais de remo, e em Cali disputou seu último Pan. O domínio pan-americano era tão evidente que na final do single sculls, sua especialidade, chegou cerca de 22 segundos à frente do segundo colocado. No ano seguinte, conquistaria a prata na Olimpíada, em Munique.

OUTROS DESTAQUES

Don Quarrie - Autor Desconhecido

O Pan assistiu ao surgimento do primeiro grande velocista jamaicano no atletismo: Don Quarrie, que faturou 100m, 200m e ajudou a equipe da Jamaica a levar o ouro nos 4x100m. Cinco anos depois, Quarrie seria campeão olímpico nos 200m rasos.

Outro vitorioso e futuro campeão olímpico em ação foi Frank Shoeter, que correu os 10000m na pista de atletismo e ainda teve fôlego para completar os 42,195m maratona na liderança. Em Munique, Frank conquistaria o ouro olímpico na maratona.

Um rapaz cubano conquistou bronze no boxe na categoria pesado, em apenas uma luta realizada - a categoria teve apenas quatro inscritos, e não existe decisão pelo bronze. Passaria batido se não fosse o que viria depois. O atleta era Teófilo Stevenson, que anos mais tarde seria imbatível na categoria, se tornando tricampeão olímpico (1972, 1976 e 1980).

QUADRO DE MEDALHAS

Com a expressiva subida de Cuba e Canadá, os Estados Unidos perderam um pouco da força dos Pans anteriores. Mas nada que realmente ameaçasse seu domínio, que seguiu em Cali, passando novamente da marca de 100 medalhas de ouro. Cuba teve o melhor desempenho de um país no segundo lugar até então, com os 31 ouros conquistados, e o Canadá alcançou a 3ª colocação, com 19. Em queda, o Brasil terminou em 4º lugar, com apenas 9 ouros.

Posição	País				Total
1	Estados Unidos	105	73	40	218
2	Cuba	31	49	25	105
3	Canadá	19	20	41	80
4	Brasil	9	7	14	30
5	México	7	11	23	41
6	Argentina	6	4	12	22
7	Colômbia	5	9	14	28
8	Jamaica	4	3	4	11
9	Porto Rico	2	4	7	13
10	Venezuela	2	3	4	9
11	Antilhas Holandesas	1	2	1	4
12	Trinidad e Tobago	1	1	5	7
13	Panamá	1	1	4	6
14	Equador	1	0	2	3
15	Guatemala	1	0	0	1
16	Chile	0	3	4	7
17	Peru	0	1	4	5
17	Uruguai	0	1	4	5
19	Barbados	0	1	0	1
20	Guiana	0	0	1	1
Total		195	192	209	596