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Surto História - A Queda e a redenção de Baloubet Du Rouet


Rodrigo Pessoa chegava às Olimpíadas de Sydney com status de favorito. Ele, com seu cavalo Baloubet Du Rouet, tinham conquistado o tricampeonato mundial no Hipismo entre 1998 e 2000. 

Rodrigo Pessoa e Baloubet eram a dupla perfeita no momento, e todos consideram esse o ouro mais certo do Brasil nos Jogos de Sydney. A competição por equipes já tinha dado um aperitivo do que conjunto Pessoa-Baloubet era capaz, com a medalha de bronze da equipe brasileira.

O Brasil na Olimpíada de Sydney estava com um incômodo jejum de não conseguir nenhuma medalha de ouro durante o evento. Os dias se passavam e os favoritos à medalha do Brasil conseguiam no máximo a prata. Como a final da competição dos saltos ficou para o último dia, a pressão brasileira por uma medalha de ouro recaiu toda em Rodrigo Pessoa e seu cavalo. O Jornal 'O Globo' chegou a colocar na capa do seu jornal, um dia antes da final, que o Brasil era "A pátria de ferraduras"

No grande dia da final, o que ninguém esperava aconteceu: Rodrigo Pessoa e Baloubet Du Rouet faziam o percurso, quando o cavalo acabou refugando para saltar em um obstáculo duplo. Rodrigo ainda tentou três vezes realizar o salto, mas ele não conseguiu fazer com que Baloubet saltasse e assim, eles foram eliminados da competição. O Brasil ficou estupefato, com o ouro perdido dessa maneira. Como resultado, o país terminou os jogos de Sydney sem nenhuma medalha de ouro, o que não acontecia desde em 1976, nas Olimpíadas de Montreal.

Uma das históricas refugadas
Ninguém sabia explicar o motivo de Baloubet ter refugado daquele jeito. Chegaram a afirmar que Rodrigo Pessoa estava tão nervoso que acabou transmitindo o nervosismo ao cavalo, mas a hipótese mais provável é que Baloubet se amedrontou após saltar por um obstáculo triplo de difícil execução, onde Rodrigo exigiu muito do cavalo.No obstáculo seguinte, Baloubet, com medo, não quis saltar. Mas o povo brasileiro não queria saber de explicações: O verbo refugar nunca ficou tão na moda no país como no final de 2000; Baloubet Du Rouet virou chacota nacional, o alvo preferido de programas de humor, como o Casseta & Planeta, por exemplo.

Rodrigo Pessoa continuou montando Baloubet Du Rouet no ciclo seguinte. Chegou até se cogitar não usá-lo nos Jogos de Atenas, para preparar montarias mais novas para o próximo ciclo e o Mundial de esportes equestres de 2006, mas no fim a vontade de se redimir com o mesmo cavalo falou mais alto. 

Dessa forma, lá estavam eles, em mais uma disputa olímpica, em Atenas 2004. Dessa vez, não teve refugo e Rodrigo Pessoa e Baloubet conseguiram a prata, perdendo o ouro para conjunto Waterfor Cristal/Cian O'Connor. A prata não era a redenção completa, mas amenizava toda dor e chacota sofrida quatro anos antes. "Espero que o povo Brasileiro perdoe Baloubet", afirmou Rodrigo, após a conquista da medalha.

Mas o destino reservou uma surpresa sete meses após os Jogos. Foi comprovado que o cavalo que O'Connor disputou os jogos, Waterfor Cristal, estava dopado e, com isso, o conjunto foi desqualificado da competição. A prata de Rodrigo Pessoa e Baloubet Du Rouet virou ouro. 

Rodrigo recebeu sua medalha de ouro em uma cerimônia realizada no forte de Copacabana em 2005, sendo o primeiro atleta da história a receber uma medalha olímpica em solo brasileiro. Baloubet recebeu a sua no haras que habita até a data desta postagem em Portugal (sim, os cavalos também recebem medalhas, que ficam os seus proprietários).

Baloubet Du Rouet competiu até 2006. Depois, ele virou um reprodutor até 2010 e seu sêmen se tornou muito valioso, pois todos queriam ter um cavalo com o DNA de vencedor de um dos cavalos mais vencedores da história do Hipismo, que tem vários filhos seus disputando competições pelo mundo afora.

Rodrigo Pessoa é considerado o maior cavaleiro brasileiro de todos os tempos. Ele compete em Jogos olímpicos desde 1992, quando tinha 19 anos e tem três medalhas, duas de bronze por equipes em Atlanta e Sydney e uma de ouro em Atenas, todas montando Baloubet Du Rouet. Pessoa foi o porta-bandeira do Brasil nos Jogos de Londres 2012 e ficou de fora da Rio 2016

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