O 2+0+1+6 perguntas volta com o atleta brasileiro César Castro, dos Saltos ornamentais. César, que sacramentou sua ida aos Jogos do Rio de Janeiro após boa participação na Copa do mundo de Saltos, realizada no Rio de Janeiro, falou conosco sobre a demora da definição de sua vaga, sobre a influência de competir em casa e outras coisas que você lê abaixo:
- Você chegou a ter sua vaga olímpica confirmada em Kazan, mas perdeu após uma revisão da FINA. Agora, no evento teste, você reconquistou a vaga. Isso, de alguma forma, teve influência na sua preparação para os jogos do Rio?
- Acho que não. Logo após Kazan eu vi que poderia ocorrer algum problema em relação a vaga e eu decidi, junto com o treinador, esquecer essa possibilidade e fizemos todo o treinamento voltado para a Copa do Mundo. Eu não fiquei esperando essa possibilidade da vaga ser definida. Agora o foco do treinamento são os Jogos do Rio, já que eu não vou precisar conquistar vaga no Troféu Brasil em maio. Com cinco meses pela frente poderei fazer uma preparação muito interessante
- Quais suas impressões sobre o Maria Lenk a partir do evento teste? O quanto o nível das instalações mudou em relação ao Pan de 2007, por exemplo?
- No Maria Lenk, durante o evento teste, as coisas funcionaram muito bem. No dia que eu saltei estava tudo muito bom, o pessoal estava elogiando bastante as instalações. O que mudou em relação a 2007 foi a construção de um ginásio, que foi feito atrás da plataforma, muito bom por sinal. Em questão dos detalhes, a piscina, de 2007 para cá, teve uma deterioração da estrutura, dá pra ver que alguns azulejos precisam ser trocados, uma parte da plataforma precisa de uma ajeitadinha, nada muito grande, mas são detalhes que, para uma Olimpíada, precisam ser consertados. Mas já fomos informados que isso será feito logo.
- Durante o evento teste choveu durante várias provas dos saltos ornamentais. O quanto a chuva interfere no esporte? Você sente que leva vantagem ou prejuízo com esse tipo de clima?
- A chuva interfere sim, porque normalmente quando chove, tem vento, e são duas variáveis que nos atrapalham bastante. Dependendo da intensidade da chuva a competição pára, e ao saltar com chuva o nível da competição cai um pouco. Eu gosto de competir com chuva, acho que pelo o fato de a maior parte do tempo eu ter treinado em piscinas abertas, acho que com um chuva posso levar vantagem, mas eu não conto com isso, não. Se chove para mim, chove para todo mundo, não posso ficar pensando nos outros, tenho que pensar no que eu posso fazer nesse tipo de clima, que é treinar em piscinas abertas, que será em maio, junho e julho.
- Você conseguiu uma boa participação na Copa do Mundo, que era evento-teste dos saltos ornamentais. Competir em casa teve influência no seu desempenho?
- É sempre bom competir em casa, conhecendo todo mundo em volta, com o pessoal da organização, com a torcida a favor, isso ajuda bastante. Não sinto pressão, acho que consigo lidar muito bem com isso. Foi bom no Pan-Americano, foi bom na copa do mundo e espero que seja assim na Olimpíada, talvez ainda melhor, com uma arquibancada bem cheia.
- Como você avalia as suas atuais condições físicas e técnicas em relação as outras Olimpíadas que disputou na carreira?
- Hoje eu estou em uma fase muito boa da carreira, tanto fisicamente quanto tecnicamente. Sou um atleta mais experiente e tomo cuidado com lesões. Por isso eu adapto meu treinamento, que não é igual o treinamento que eu fazia antes, é menos intenso, porém com mais qualidade. Nas outras Olimpíadas meu treinamento era muito mais quantitativo, para eu ter um movimento na hora do salto muito fixo e consistente. Hoje eu já tenho esse movimento consistente, eu preciso é de mais qualidade e o foco do meu treino é nesse aspecto. Eu também busco muito a parte física, na academia, trabalho bastante para manter o físico bem, pois o treino na parte técnica é um pouco menor.
- Você foi a uma final olímpica logo na primeira Olimpíada que disputou, em Atenas. A possibilidade de repetir esse resultado no Rio de Janeiro é real, ou ainda é cedo para afirmar isso?
- Eu trabalho visando isso. Eu tenho interesse, trabalho muito pensando em ir a uma final olímpica. Agora, na Copa do Mundo, eu fui finalista, mas saltos ornamentais é um esporte que você tem que estar muito bem no dia. A diferença do primeiro lugar para o décimo oitavo, que é o semifinalista, é muito pequena. Tem atletas que passam para uma semifinal raspando, passam para final raspando e ganham uma medalha na competição. Da mesma forma que uma pessoa passa em primeiro na semifinal e sequer chega à final. Antes de pensar em final, eu busco pensar em um passo de cada vez. Tenho condições de chegar às finais? Tenho, eu provei isso na Copa do Mundo, mas prefiro pensar primeiro em chegar a uma semifinal e aí, dando certo, ir para final e aí, chegando na final, partir pra cima. A competição é em casa, tenho que aproveitar esse momento.
- Sobre a sua série de saltos. Ela será parecida com a apresentada durante o evento teste e a última temporada ou você pretende apresentar maiores mudanças até os Jogos do Rio?
Atualmente não pretendo mudar. Combinei com meu treinador desde Kazan que meu objetivo é fazer essa série que eu tenho da melhor maneira possível. Quero buscar as notas oito, oito e meio, nove, que são as notas bem elevadas dadas pelos juízes e essa é minha estratégia. Eu já tentei por alguns anos aumentar o grau da minha série, mas estava exigindo muito do meu tempo e não estava conseguindo realizar esses saltos da no mesmo nível que eu fazia os outros da minha série atual, então não tava valendo a pena. Com isso, após Kazan, eu e meu técnico decidimos fechar a série e trabalhar nela para deixa-la no maior nível possível. Tem sido bom porque eu tenho conseguido isso. Agora é continuar trabalhando sério, trabalhar a cabeça para chegar bem confiante, com calma, para fazer as coisas certas na hora certa.
Se quiser pode usar o espaço abaixo para deixar alguma mensagem aos leitores.
Obrigado pela oportunidade de falar um pouco sobre os Saltos ornamentais, falar um pouco dessa expectativa até os jogos e um grande abraço a todos os leitores, Valeu!
0 Comentários