Foram dez dias de competição dentro do Centro Nacional de Tiro
Esportivo, em Deodoro. Um total de 660 atletas, de 88 países, estiveram
em ação pela Copa do Mundo da modalidade, que também serviu como
evento-teste para os Jogos Olímpicos. No domingo (24), último dia
das disputas, as entidades organizadoras avaliaram o torneio e,
principalmente, a instalação olímpica. Para a federação internacional,
ainda há ajustes a serem feitos até agosto, sendo o principal deles a
finalização do estande de finais de carabina e pistola.
"Estamos bem satisfeitos com o funcionamento de tudo. As instalações
ainda não estão completamente prontas, especialmente o estande de
finais, mas, apesar disso, tudo está funcionando muito bem", avalia o
vice-presidente da Federação Internacional de Tiro Esportivo (ISSF, na
sigla em inglês), Gary Anderson. "Acho que este evento-teste foi tão bom
quanto os outros que eu vi. Ainda temos trabalho a fazer, alguns
problemas e preocupações para trabalhar, mas, exceto o estande de
finais, nada de muito importante", ressalta.
De acordo com Rodrigo Garcia, diretor de Esportes do Comitê
Organizador Rio 2016, a área das finais precisou ser adaptada para a
realização do evento-teste. "O estande não existia antes, nos Jogos
Pan-Americanos, então a gente acabou fazendo uma adaptação para esse
evento", explica. O local ganhou, por exemplo, uma arquibancada
temporária à frente da prevista inicialmente, e o espaço ainda será
climatizado para as Olimpíadas. "Ainda há coisas que a gente precisa
testar, como o sistema de ar condicionado, as arquibancadas. Toda essa
parte estrutural ainda precisa ser revalidada", acrescenta.
Assim, a ISSF deve fazer uma nova visita ao Brasil para conferir as
alterações. "Nós planejamos vir mais uma vez com certeza. Vamos ter uma
reunião amanhã (segunda) para ter mais informações sobre o calendário da
construção para terminar tudo e, então, vamos decidir se voltamos em
junho ou julho", adianta Anderson.
Além do estande das finais, o dirigente deu exemplos de outros
aspectos avaliados durante o evento-teste e que deverão ser
aprimorados. "Há outras pequenas mudanças que pediremos, como a luz
dentro do estande de 10 metros, que não está clara o suficiente. Temos
algumas posições no campo de tiro que não estão bem planas, mas são
problemas que podem ser resolvidos facilmente, não pediremos nenhuma
grande mudança no design. De modo geral, o design da arena está
satisfatório, apenas precisamos vê-la completa", destaca.
Outro aspecto abordado durante as competições foi o fundo verde da
arena de pistola de ar de 10m, mas Gary Anderson afirmou que a cor não
infringe qualquer regra. "Falamos bastante com atletas e técnicos, e
acho que o consenso é que isso não é realmente um problema. Cada atleta
tem uma diferença de opinião sobre o que gosta. Tentamos ouvir, mas às
vezes temos que encontrar uma solução intermediária", pondera. "Não há
nada contrário às regras, elas não falam de que cor deve ser, apenas que
não podem ser completamente brancas ou escuras. Qualquer coisa no meio
está dentro das regras", completa o dirigente.
Segundo Rodrigo Garcia, a cor poderá ser alterada se for preciso.
"Todos os retornos dos atletas são super válidos. A nossa comunicação
visual prima pelo verde, mas, se for o caso, isso não é difícil de
mudar", comenta. "Também tivemos algumas reclamações dos atletas sobre a
qualidade dos pratos. Vamos trabalhar isso com o fornecedor. São
detalhes, mas, quanto melhor a gente entregar os Jogos, melhor para o
país", acrescenta o diretor do Comitê Rio 2016. Alguns atletas acertaram
o alvo, mas não tiveram o prato quebrado nas provas externas.
Para Ricardo Brenck, vice-presidente da Confederação Brasileira de
Tiro Esportivo (CBTE), as dificuldades encontradas nos primeiros dias
foram superadas ao longo da competição. "Foi muito semelhante às Copas
do Mundo que a gente participa fora do Brasil, com os três primeiros
dias um pouco tumultuados por causa das entregas de credenciais aos
atletas, da numeração que vão usar para treinar e competir, pelo
pagamento das inscrições", exemplifica. "Depois as provas ocorreram de
forma muito tranquila, com tudo dentro do programado. A avaliação é
completamente positiva em relação às provas", analisa.
Nível técnico
O vice-presidente Gary Anderson usou ainda o bom desempenho dos
atletas para afirmar que o Centro Nacional de Tiro Esportivo ofereceu a
estrutura necessária para a etapa da competição. "A performance deles
aqui foi de um nível muito alto, com pontuações tão boas como as que
vemos em qualquer uma de nossas Copas do Mundo. As condições para os
atletas estão boas", acredita. "Alguns atletas tiveram problemas com o calor. Nós
esperamos que a temperatura esteja um pouco menor em agosto, e teremos
ar condicionado no estande de finais. Eu não acho que o calor será um
problema para os Jogos", avalia.
Na última sexta-feira (22.04), a croata Snjezana Pejcic quebrou o
recorde mundial durante a fase classificatória da carabina 50m três
posições, ao marcar 594 pontos. "Então, tecnicamente, o local está mais
do que aprovado e demonstra que a gente pode ter esse tipo de competição
aqui", define Rodrigo Garcia, acrescentando ainda que está em discussão
a liberação do centro para treinos da seleção brasileira.
Últimos ajustes
Legado dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007, o Centro
Nacional de Tiro Esportivo passou por adaptações para as Olimpíadas.
Segundo o Rio 2016, também foram feitas trocas de equipamentos para a
realização do evento-teste. "A gente modificou os alvos, é um sistema
novo que foi comprado e é um legado que fica para a confederação. Isso
também foi testado. Tudo isso dá uma renovada na instalação e, por isso,
a gente tem que testar. Até as posições de tiro a gente modificou um
pouco", explica Rodrigo Garcia.
Para Gary Anderson, a Copa do Mundo foi encerrada com bons olhos e
perspectivas otimistas. "Nós deixamos o Brasil encorajados, acreditando
que não há grandes problemas que precisem ser resolvidos antes dos
Jogos. Estamos ansiosos por excelentes Jogos e temos a cooperação total
do Comitê Organizador, então estamos confiantes de que a lista de
questões será tratada", afirma.
Fotos: Brasil 2016
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