Catherine Astrid Salome Freeman nasceu em Mackay (AUS) no dia 16 de Fevereiro de 1973. Sua herança étnica reflete a história da Austrália. Sua avó paterna era uma síria que foi para Austrália para entregar camelos e um de seus bisavôs saiu da China para procurar ouro. Mas a maioria de seus ancestrais eram Aborígenes, o povo nativo da Austrália, que atualmente formam apenas 1% da população.
A avó de Freeman era um membro da "Geração Roubada", aborígenes de pele mais clara que eram literalmente levadas de suas famílias para serem criadas por famílias de brancos. O pai de Freeman era um jogador de rugby, que foi convidado para jogar na Grã Bretanha em 1936, mas o Governo da Austrália se recusou a dar o passaporte para ele.
A avó de Freeman era um membro da "Geração Roubada", aborígenes de pele mais clara que eram literalmente levadas de suas famílias para serem criadas por famílias de brancos. O pai de Freeman era um jogador de rugby, que foi convidado para jogar na Grã Bretanha em 1936, mas o Governo da Austrália se recusou a dar o passaporte para ele.
Cathy surgiu no cenário esportivo aos 16 anos, nos Jogos da Comunidade Britânica de 1990, sendo a primeira atleta de origem aborígene a conquistar uma medalha de ouro no evento. Em 1992 ela estreou nos Jogos Olímpicos de Barcelona, no revezamento 4x400m. Em 1994 ela se consagrou novamente nos Jogos da Comunidade Britânica, e ao comemorar sua medalha de ouro nos 400m rasos, prova que era a sua especialidade, Cathy estava com a bandeira aborígene nas mãos.
Depois de levar uma reprimenda do chefe da delegação australiana, Freeman venceu os 200m e balançou as bandeiras do país e dos aborígenes. Esse gesto apimentou ainda mais o assunto, mas, no seu retorno a Austrália, o que se viu foi uma grande reação positiva da população. Gradualmente, Freeman se tornou o desejo australiano de reconhecer os excessos racistas do passado e reconciliar os brancos com os aborígenes. Em 1996, nos Jogos Olímpicos de Atlanta, ela teria sua chance de brilhar no individual, e ela tinha toda a torcida australiana ao seu lado.
Depois de levar uma reprimenda do chefe da delegação australiana, Freeman venceu os 200m e balançou as bandeiras do país e dos aborígenes. Esse gesto apimentou ainda mais o assunto, mas, no seu retorno a Austrália, o que se viu foi uma grande reação positiva da população. Gradualmente, Freeman se tornou o desejo australiano de reconhecer os excessos racistas do passado e reconciliar os brancos com os aborígenes. Em 1996, nos Jogos Olímpicos de Atlanta, ela teria sua chance de brilhar no individual, e ela tinha toda a torcida australiana ao seu lado.
A prova preferida de Cathy era os 400m rasos. E ela teria como rival a francesa Marie José Pérec, Campeã olímpica em 1992. A final dos 400m, Em uma incrível disputa com Pérec, Freeman ficou com a medalha de prata, com 48.63s, o sexto melhor tempo da história dos 400m rasos feminino. Pérec foi ouro batendo o recorde olímpico e fazendo o terceiro maior tempo da história, com 48.25s.
Quatro anos depois, os Jogos Olímpicos de Sydney seriam a última chance de Freeman conquistar uma medalha de ouro. Mas sua participação nesses Jogos tinha um contexto muito maior do que a conquista da medalha. O processo de reconciliação entre brancos e aborígenes, se tornava cada vez mais claro. No ápice da cerimônia de abertura, o público viu uma encenação do Tempo dos Sonhos, nome que os aborígines dão ao seu mito da criação do mundo, e Cathy Freeman apareceu para acender a pira Olímpica dos Jogos.
Para Freeman, essa responsabilidade foi muito mais tensa do que a competição em si, pois a cerimônia de abertura era um sinal de que a Austrália estava começando a se orgulhar do seu passado aborígene que o colonialismo inglês por pouco não apagou da história no século XX.
Para Freeman, essa responsabilidade foi muito mais tensa do que a competição em si, pois a cerimônia de abertura era um sinal de que a Austrália estava começando a se orgulhar do seu passado aborígene que o colonialismo inglês por pouco não apagou da história no século XX.
Pérec acabou ficando de fora da disputa dos 400m, alegando pressão externa e ameaças à sua integridade, além de ataques da imprensa australiana. Cathy, sem sua maior rival para incomodar, fez o seu trabalho e chegou a final olímpica dos 400m. Mais de 112 mil pessoas se acomodavam no Estádio Olímpico, e metade do país assistia na TV. A final dos 400m rasos feminino foi o terceiro evento mais assistido da história da televisão australiana, superado somente pela Cerimônia de Abertura de Sydney e o funeral da Princesa Diana. Cathy tinha os olhos de milhares de australianos em cima dela.
Na largada da prova final, Freeman começou com cautela. Saindo da curva, ela estava lado a lado com a jamaicana Lorraine Graham e com a britânica Katharine Merry. Faltando oitenta metros para o fim da prova, Freeman começou a abrir vantagem, e acabou por vencer com vantagem de quatro metros sobre a jamaicana, com o tempo de 49.11s
Cathy Freeman se tornou a primeira mulher de origem aborígene campeã olímpica, e ela comemorou com uma volta olímpica de quase dois minutos, com as bandeiras australiana e aborígene. Cathy inclusive quebrou um protocolo do COI, onde proíbe-se bandeiras que não sejam reconhecidas oficialmente por algum país de serem portadas por atletas em celebrações, mas dessa vez, eles fizeram vista grossa.
Após a linha de chegada, Cathy sentou-se na pista por volta de dois minutos, tomada pelo alívio. Mais tarde ela disse: "Eu pude sentir a multidão a minha volta. Eu pude sentir a emoção de todos. Alegria e felicidade sendo absorvidas por todos os poros do meu corpo. Eu tive que sentar para poder voltar ao normal... Tudo que eu sei é que eu fiz muitas pessoas felizes, todas as pessoas que podem chamar a Austrália de lar. E eu estou feliz." E Freeman deu mais uma volta da vitória com as bandeiras australiana e aborígene juntas. Foi uma vitória que valeu mais que uma medalha de ouro, foi uma vitória que uniu dois povos separados por décadas pelo preconceito.
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