Uma das modalidades que fará sua estreia nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 será a escalada esportiva. A IFSC (Federação Internacional de Escalada Esportiva), sob orientação do COI, escolheu um formato de disputa que combina as três categorias oficiais do esporte: Dificuldade, Boulder e Velocidade. Veja como funciona cada uma delas:
Dificuldade: O desafio da escalada de dificuldade é chegar ao topo da via sem cair. Para que esta competição seja interessante para o público e que os atletas não fiquem empatados, há grande desafio para as pessoas que montam as vias de escalada, pois estas não podem ter um “crux”, ou seja, um ponto de dificuldade, que derrube todos os competidores no mesmo lugar, provocando um empate com vários atletas. Para tanto, os “route setters” como são chamadas as pessoas que montam as vias, precisam fazer rotas que começam difíceis e vão gradativamente ficando ainda mais complicadas, misturando dificuldades técnicas com dificuldades físicas.
A ideia é que os atletas vão ficando pelo caminho e só chegue ao topo aquele que tiver talento, preparo físico e psicológico. Se dois atletas chegarem ao topo, o critério de desempate é o tempo e quem finalizar mais rápido é campeão. Detalhe, as vias de escalada são inéditas para os atletas, que ficam numa concentração e não veem seus oponentes escalarem. Assim ninguém é privilegiado por ter escalado depois de seu adversário.
Boulder: No boulder as regras são as mesmas para a escalada de dificuldade. O que muda é o tamanho do desafio. Diferente da escalada de dificuldade, que é feita em uma parede grande com uso de corda, o boulder é realizado num bloco pequeno e sem corda. Como o desafio é menor, os lances são muito mais difíceis e atléticos. Ao contrário da escalada guiada, onde prevalece a resistência dos atletas, no boulder prevalesce a explosão. A comparação é a mesma entre uma maratona e uma corrida de 100 metros. Não falta emoção para os torcedores.
Velocidade: Nesta categoria são montadas duas vias idênticas lado a lado. Vence quem chegar ao topo primeiro. Tecnicamente estas vias são muito mais fáceis do que as da escalada de dificuldade e boulder.
Entretanto, esse combinado das três categorias tem gerado muita polêmica entre os atletas da modalidade, pelo fato da categoria velocidade ser muito específica e não haver muitos atletas que se dediquem a ela. No Boulder e na Dificuldade já é muito comum ver atletas disputando e indo bem nas duas. Caso do escalador tcheco Adam Ondra, que foi campeão mundial tanto no Boulder quanto na Dificuldade em 2014. Ele é um dos que não concordou com o modelo e ainda não se decidiu sobre competir ou não nas Olimpíadas.
As principais provas do calendário internacional vão ser usadas como classificatórias para as Olimpíadas. Isso inclui o Campeonato Mundial, as etapas da Copa do Mundo, as competições continentais e há ainda a possibilidade de um evento extra. Os atletas de todos os países que fazem parte do IFSC vão poder disputar as vagas, contudo existirá um limite de 4 atletas por país, sendo 2 homens e 2 mulheres. Ao todo serão 40 vagas para os jogos, entretanto ainda não se sabe quantas vagas vão estar em jogo em cada evento.
A competição de escalada esportiva em Tóquio será composta por duas fases: Qualificatórias e Finais, que serão disputadas por 6 atletas em cada gênero.
Os brasileiros com mais chances de estarem presentes em Tóquio 2020 são, no masculino, Felipe Ho Foganholo, a maior promessa da escalada nacional nos últimos anos, com apenas 19 anos, atual campeão brasileiro de vias e o melhor resultado brasileiro em um Panamericano Juvenil, ficando entre os 5 melhores na Dificuldade. O outro é Cesar Grosso, melhor colocação brasileira em etapas da Copa do mundo no ano passado.
No feminino os nomes mais fortes são Thais Makino e Patricia Antunes. A Bianca Castro é uma escaladora muito forte também, principalmente em dificuldade no cenário nacional, mas está se recuperando de uma lesão. As 3 vão muito bem nos boulders e nas vias, algo que lhes dá uma boa vantagem na disputa olímpica.
Fotos: The North Face
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