Por Kaique Oliveira
Na manhã de quinta-feira (21), em palestra realizada na Universidade Metodista de São Paulo sob o tema de esportes olímpicos, Jefferson Sobral foi um dos convidados da universidade ao lado de Arthur Celestino - Fisiologista e preparador físico da equipe de Handebol de São Caetano - e do atleta paraolímpico Brendow Christian.
Jefferson foi ex-jogador da NBA - principal liga de basquete do mundo, no início dos anos 2000 passando por equipes do calibre de Los Angeles Lakers, Denver Nuggets e Houston Rockets. O sucesso de Sobral foi alcançado quando ingressou no Harlem Globetrotters - famosa equipe que mistura entretenimento e habilidades performáticas - entre 2006 e 2007, tendo feito mais de 100 partidas e sendo o único brasileiro a entrar no time. Também jogou no NBB por Joinville, Tijuca e Liga Sorocabana.
O ala-pivô se divertiu contando sobre sua carreira, que contém histórias desde o início dela e até mesmo sobre o dia em que substituiu Kobe Bryant na pré-temporada de 2002/2003, mostrando os uniformes que já usou nas quadras. Ao termino da palestra, aceitou dar uma entrevista ao Surto Olímpico.
- Jefferson, muito prazer! Como você enxerga a perspectiva do esporte olímpico com menos verba para 2020 e a ausência deles na cobertura da mídia?
Na verdade os atletas brasileiros estão cada vez mais se superando né? Com as dificuldades e obstáculos aparecendo, mas acho que isso já vem de um tempo que os atletas se superam a cada momento da etapa da vida. Não é fácil, porque com tanta evolução, com tantas coisas acontecendo a favor, com tantas conquistas que já tiveram, a tendência seria ser o contrário com mais investimento, mais mídia e não é o que acontece, mas acho que isso é mais uma motivação para os nossos atletas, já que brasileiro não desiste nunca, então vamos superar mais essa com todas as dificuldades que vem aparecendo.
- O que você acha da seleção atual do Brasil? O que acha que podem fazer no mundial e se tem chances de se classificarem para Tóquio?
Eu acho que tem chances sim, agora os jogadores tem muita experiência internacional. Eu tive o prazer de jogar com praticamente todos. Sou da geração de 80 e joguei com Anderson Varejão, Leandrinho, Alex...As experiências que eles tiveram foram enormes, muitos passaram por equipes grandes, tanto no brasil como fora, já tiveram muitas situações de playoffs, campeonatos mata-mata. Preparados eles estão, condições agora o basquete tem, por conta da mídia, os atletas conquistaram esse respeito internacional, então agora o Brasil ta de igual para igual, tem grandes chances de classificação e a gente torce para que o Brasil vá bem para que o esporte seja melhor e mais difundido aqui.
- Jefferson, você jogou na NBA, jogou no NBB, se aposentou, virou pastor e agora voltou a jogar no NBB novamente. O que te fez sair da aposentadoria e voltar a jogar?
As oportunidades. Eu tinha parado de jogar para poder estudar. E você ter mencionado isso de ser pastor, eu escolhi justamente o direito para me dar credibilidade, não saber somente da palavra de Deus, mas saber da lei dos homens também. Então justamente por isso eu quis entrar no direito, para as pessoas não falarem ''ah parou de jogar basquete virou pastor'', não era essa a minha ideia de só depender da obra de deus ou falar que eu estou ali por não ter outra condição. Eu estou ali por ser um chamado e com certeza, tenho outras capacitações extra igreja que me permitem e me dão know-how para poder falar e saber do que eu estou falando né? Não somente falar por falar ou estar ali para adquirir recursos, na verdade não. Hoje eu tenho uma igreja que estou a frente, onde coloco mais recursos do meu próprio bolso, do que realmente entra, para ver a dimensão do que eu queria pra mim. Agora terminando a faculdade de direito, vou começar a de educação física para justamente seguir no ramo que eu gosto, que é o meu talento.Nem todo mundo sabe do porque escolhi direito, mas foi justamente para ter uma noção da lei de deus e dos homens, para não estar falando bobeira.
- Qual o legado que você crê que deixa para o esporte brasileiro?
Olha, a minha família deixou muita coisa, as minhas irmãs são jogadoras olímpicas, eu acho que tive uma pequena participação em colocar o brasil na visão mundial, porque na época que eu fui, falaram que eu fui o primeiro, mas na verdade eu me machuquei no Vasco e o Nenê foi o primeiro e eu fui o segundo brasileiro a entrar na NBA. Desde então passaram outros tantos jogadores...chegaram a ter dez se não me engano... E o único brasileiro a estar no Globetrotters até hoje e as pessoas não tem a noção disso né? Eu estou vivo e elas não sabem a importância que é. As pessoas as vezes tem mais respeito pelo Globetrotters nos Estados Unidos do que qualquer time da NBA, porque a NBA é só cada estado e o torcedor gosta apenas do time da sua região e o Globetrotters todo o país gosta, então é grandioso, fora o show, e aqui no brasil não valorizam isso, mas quem gosta de basquete e da minha carreira ta inteirado, sabe da importância da minha carreira, não só fora, mas no brasil também, que eu venci em todos os estados dos quais eu passei. Fui campeão pelo Vasco, Corinthians, palmeiras, COC, Universo...Então foram grandes equipes pelo qual eu passei.
- Ainda sobre legados, você enxerga como as melhorias no esporte feitas no país pós Rio-2016, principalmente no basquete brasileiro?
A mídia e os investidores vindo, e a própria NBA dando mais credibilidade, a tendência é aparecer mais, antigamente era futebol e vôlei, e agora com um pouco mais de jogadores aparecendo mais na NBA, o basquete começou a surgiu um pouco mais, então foi muito importante e continua sendo importante essa continuidade. Por isso que eu digo que essa campanha que o Brasil vai fazer e essa classificação vai ser extremamente importante para o crescimento.
- Para encerrar, já que você é de Santo André, o que acha do basquete na região do ABC paulista?
É uma região que está lutando para manter o basquete na elite né? Eu falo pelas categorias de base é uma região que tem Mauá, Santo André, São Bernardo e São Caetano. Poderia estar um pouco melhor, por onde está e por toda a história que a região tem, acho que o investimento ainda não é o que o basquete merece, quem sabe daqui pra frente conseguem melhorar um pouco mais, acho que o basquete na região do abc merece um olhar com mais carinho dos empresários, de quem tem condição.
Foto: Kaique Oliveira
0 Comentários