Os índices classificatórios, na natação, para Tóquio/2020 já foram definidos há algum tempo pela FINA. São os chamados índices técnicos "A" e "B". O primeiro corresponde ao 14º tempo das eliminatórias dos Jogos Olímpicos do Rio/2016. O segundo índice é um pouco mais acessível. A diferença é que, através do índice “A”, o país pode levar até dois atletas. Pelo índice “B”, apenas um atleta por país pode se classificar e a depender da ordem de pontuação da entidade máxima da natação mundial.
Como fizemos há alguns dias com o atletismo, o Surto fez uma análise entre os índices olímpicos e as marcas brasileiras, tendo como ponto de partida os recordes nacionais. Há duas situações bens distintas. Enquanto os homens possuem grandes chances de conseguirem vagas diretas, por meio do índice "A", em quase todas as provas, as mulheres terão maior dificuldade e precisariam, em alguns casos, quebrar os recordes nacionais para isso.
Das 14 provas individuais femininas, em seis delas as brasileiras necessitariam superar ou igualar os recordes nacionais para se classificarem com o índice “A”, estabelecido pela FINA. Em outras categorias precisariam se aproximar muito das melhores marcas da história nacional.
Em três provas em que o recorde nacional supera o índice “A”, 800 metros livre, 200 e 400 metros medley, Joanna Maranhão, responsável pelo recorde, não está mais competindo.
O diagnóstico mostra a dificuldade das brasileiras principalmente em provas de longas distâncias, de 200 metros acima. Esse tema já foi bastante debatido e muitos profissionais da área defendem até mesmo o fim das disputas de curtas distâncias (50m peito, costas e borboleta) em campeonatos infantis e sênior, devido não serem olímpicas e acabarem tirando o foco das novas gerações.
De fato, as curtas distâncias não são prioridade em outros países. Porém, o Brasil é destaque nelas, tendo inclusive campeões mundiais como Etiene Medeiros (50m costas) e Nicolas Santos (50m borboleta).
No quadro abaixo vemos as provas olímpicas, a marca “A”correlata, o recorde nacional da prova correspondente e o índice "B". Os tempos que estão em vermelho retratam as melhores marcas nacionais que sequer atingiriam o índice “A”. Em amarelo aquelas que, embora atingiriam, foram marcadas por atletas que não mais competem mais e/ou que estão muito próximas ao índice e, por isso, o alerta. Em preto, as provas que tendem a ser mais “tranquilas” a classificação direta do país.
Percebam que muitos recordes são de 2009, o ano do uso do polêmico traje tecnológico que davam um upgrade no desempenho dos atletas e cujo uso fora proibido.
Vejamos o quadro abaixo:
Prova
|
Índice “A” FINA
|
Recorde Nacional
|
Índice “B” FINA
|
50m livres
|
24.77
|
24.45 (Etiene/2016)
|
25.51
|
100m livres
|
54.38
|
54.03 (Larissa/2016)
|
56.01
|
200m livres
|
1:57.28
|
1:57.28 (Manuella Lyrio/2016)
|
2:00.80
|
400m livres
|
4:07.90
|
4:09.41 (Joanna/2017)
|
4:15:34
|
800m livres
|
8:33.36
|
8:32.96 (Joanna/2009)
|
8:48.76
|
1500m livres
|
16:32.04
|
16:22.48 (Viviane Jungblut/2017)
|
17:01.80
|
100m costas
|
1:00.25
|
59.61(Etiene/2015)
|
1:02.06
|
200m costas
|
2:10.39
|
2:12.05
(Joanna/2015)
|
2:14.30
|
100m peito
|
1:07.07
|
1:07.67 (Tatiane
Sakemi/2009)
|
1:09.08
|
200m peito
|
2:25.52
|
2:27.42 (Carolina
Mussi/2009)
|
2:29.89
|
100m borboleta
|
57.92
|
56.94 (Gabriella Silva/2009)
|
59.66
|
200m borboleta
|
2:08.43
|
2:09.22 (Joanna/2017)
|
2:12.28
|
200m medley
|
2:12.56
|
2:11.24 (Joanna/2017)
|
2:16.54
|
400m medley
|
4:38.53
|
4:38.07 (Joanna/2015)
|
4:46.89
|
Entre os homens a situação é bem mais confortável. E muitos brasileiros têm marcas competitivas, capazes de alcançar o índice “A” da FINA. Mesmo aqueles recordes nacionais usados como parâmetros, cujos atletas já se aposentaram, como é o caso de Thiago Pereira, há outros atletas com boas marcas e dentro do índice exigido.
De toda forma, assim como as mulheres, os brasileiros têm maior dificuldade nas provas de distâncias longas. Confiram:
Prova
|
Índice “A” FINA
|
Recorde Nacional
|
Índice “B” FINA
|
50m livres
|
22.01
|
20.91 (Cielo/2009)
|
22.67
|
100m livres
|
48.57
|
46.91 (Cielo/2009)
|
50.03
|
200m livres
|
1:47.02
|
1:45.41 (Scheffer/2018)
|
1:50.23
|
400m livres
|
3:46.78
|
3:49.06
(Scheffer/2018)
|
3:53.58
|
800m livres
|
7:54.31
|
7:50.92 (Guilherme Costa/2018)
|
8:08.54
|
1500m livres
|
15:00.99
|
14:59.01 (Guilherme Costa/2017)
|
15:28.02
|
100m costas
|
53.85
|
53.09 (Guilherme Guido/2015)
|
55.47
|
200m costas
|
1:57.50
|
1:57.00 (Leonardo de Deus/2016)
|
2:01.03
|
100m peito
|
59.93
|
59.01 (Felipe França/2016)
|
1:01.73
|
200m peito
|
2:10.35
|
2:08.44 (Henrique Barbosa/2009)
|
2:14.26
|
100m borboleta
|
51.96
|
51.02 (Gabriel Mangabeira/2009)
|
53.52
|
200m borboleta
|
1:56.48
|
1:53.92 (Kaio Márcio/2009)
|
1:59.97
|
200m medley
|
1:59.67
|
1:55.55 (Thiago/2009)
|
2:03.26
|
400m medley
|
4:15.84
|
4.08.86 (Thiago/2012)
|
4:21.46
|
A seletiva brasileira para as Olimpíadas, até o presente momento, foi definido como sendo o Maria Lenk do ano que vem, valendo apenas as marcas realizadas nas finais.
Fotos: Divulgação
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