*Com a proximidade dos jogos Pan-americanos, o Surto Olímpico inicia uma série especial no surto história contando as histórias dos atletas brasileiros que brilharam em nível continental. o primeiro de hoje é um dos maiores atletas olímpicos da história, Adhemar Ferreira da Silva
Em 1951, Adhemar Ferreira da Silva chegava a Buenos Aires para a disputa dos primeiros jogos Pan-americanos já como uma estrela em ascensão. Aos 23 anos, ele já tinha igualado o recorde mundial, bicampeão sul-americano e recordista da prova. Ele usaria o Pan-americano para se refinar para o restante da temporada – Ao contrário dos jogos pan-americanos atuais, o Pan de Buenos Aires foi realizado no fim de fevereiro.
Seu maior rival na competição na capital argentina seria seu compatriota Hélio Coutinho. Eles fizeram uma boa disputa, com Adhemar levando o ouro por apenas 2 centímetros (15,19m contra 15,17 de Helio Coutinho). Foi o único ouro do atletismo brasileiro nesse Pan. E aquele não seria o único momento de glória de Adhemar em 1951, já que na disputa do troféu Brasil no Rio de Janeiro e representando o São Paulo, ele bateria o recorde mundial pela primeira vez com a marca de 16,01m
Em 1955, Adhemar rumava a cidade do México já como grande estrela após o título olímpico em 1952. Mas foi uma viagem bem difícil, já que com poucos recursos do COB, os atletas foram ao México em aviões cargueiros da FAB que só tinham autonomia de 3 horas de combustível, fazendo a viagem levar cinco dias. Mas nem isso fez diminuir a força de Adhemar na prova do salto triplo, que aproveitou o ar rarefeito da capital mexicana para fazer um novo recorde mundial, com a marca de 16,56m. Ela levou três anos para ser derrubada, mas permaneceu como recorde pan-americano por mais dezesseis anos. O único revés no ano foi sua demissão do seu cargo na prefeitura de São Paulo, onde o então prefeito Jânio Quadros resolveu demiti-lo por conta de suas ausências do trabalho para competir. Ele então foi viver no Rio de Janeiro com um emprego no jornal 'Última hora' e passou a competir pelo Vasco da Gama.
Em 1959 nos jogos Pan-Americanos de Chicago, Adhemar conseguiu o tricampeonato, sendo um dos poucos não americanos a levar um ouro no atletismo nesses jogos. Ele conseguiu a marca de 15,90m, mesmo lesionado na coxa e no tornozelo. E foi na cidade americana que ele anunciou que ele se aposentaria após Jogos Olímpicos de Roma em 1960, onde uma tuberculose o acabou limitando seu desempenho e impedindo o tri olímpico em sua despedida das pistas.
O tricampeonato pan-americano de Adhemar Ferreira da Silva só foi igualado por outro brasileiro no atletismo 40 anos depois, com Eronilde Araújo, que foi tri nos 400m com barreiras entre 1991 e 1999. Coincidentemente, foi na mesma época que tivemos um tricampeão pan-americano no salto triplo, o cubano Yoelbi Quesada. ele ainda tentou superar Adhemar e ser tetra em Santo Domingo 2003, mas ficou com o bronze.
Até hoje Adhemar Ferreira da Silva é o único brasileiro no hall da fama do atletismo mundial. Ele está desde a inauguração do hall, sendo um dos primeiros indicados ao lado de Jesse Owens e Paavo Nurmi.
foto: São Paulo FC
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