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Mundial de Esgrima 2019 - Dia 6: Toldo chega às oitavas no florete; Olga Kharlan é tetra mundial no sabre


Uma final histórica no sabre feminino, a queda de favoritos no florete masculino e o início da disputa por equipes marcou o sábado no Mundial de Esgrima, disputado em Budapeste. Dois dias depois do histórico título mundial de Nathalie Moellhausen, Guilherme Toldo ficou em 15º lugar, a um ponto das quartas-de-final, em prova vencida pelo francês Enzo Lefort. No sabre feminino, Olga Kharlan (UKR) sagrou-se a primeira tetracampeã da modalidade e na espada por equipes, Moellhausen voltou à pista, mas o Brasil terminou apenas em 19º lugar. 

Para melhor explicar o que aconteceu durante o dia, vamos por partes:

Olga Kharlan faz história no sabre feminino em campanha perfeita e final eletrizante


No sabre feminino, deu a final dos sonhos: Olga Kharlan (UKR, 2ª no ranking) e Sofya Velikaya (RUS, 1ª) se enfrentaram pela 22ª vez no circuito da FIE, mas incrivelmente pela primeira vez em uma final de Mundial, ainda que as duas tenham dominado a competição nos últimos anos: Kharlan foi campeã em 2013, 2014 e 2017, enquanto Velikaya levou o título em 2011 e 2015. Além disso, nas Olimpíadas de 12 e 16, Velikaya foi prata e Kharlan bronze. 

Enquanto Velikaya passou tranquila para a final, mas sem momentos de brilho, Kharlan alternou largas vitórias com um momento tenso nas quartas diante da compatriota Alina Komashchuk (24º), a qual precisou de duas paradas-respostas para virar e vencer por 15/14. A final teve os ingredientes de drama para eternizar o embate como um dos melhores entre a dupla: Kharlan abriu vantagem no 13-11, mas perdeu os três pontos seguintes, sofrendo 2 match points. No primeiro, Kharlan conseguiu um ótimo toque para levar ao 14-14; depois de um raro simultâneo, as duas parecem ter sentido o momento e ficaram um tempo em meio de pista, até Kharlan tomar iniciativa e produzir um ataque perfeito, que a sagrou tetracampeã e volta a liderança do ranking. O retrospecto entre as duas agora está empatado em 12-12 à espera de um novo capítulo.

As duas esgrimistas em atividade que romperam o domínio da dupla desde 2011 foram as únicas cabeças-de-chave surpreendidas logo na estreia: Sofia Pozdniakova (RUS, 3ª), a campeã mundial de 2018, caiu por largos 15/9 diante da canadense Gabriella Page (CAN, 36ª) do mundo e bronze no último Pan-americano. Além dela, a compatriota Yana Egorian (14º), bronze em 2018 e atual campeã olímpica também caiu em seu primeiro jogo diante da romena Bianca Pascu (15/13).

Pascu acabou levando um dos bronzes da competição, ao vencer nas quartas-de-final a norte-americana Anne-Elizabeth Stone (5ª), bronze no mundial de 2018. Stone, por sua vez tinha vencido um dos melhores jogos da competição: um clássico norte-americano diante da bicampeã olímpica (2004, 2008) e bicampeã mundial (2009, 2010) Mariel Zagunis (25ª), por eletrizantes 15/14. O outro bronze foi para a grega Theodora Gkountoura, que surpreendeu duas favoritas francesas a caminho do pódio: Manon Brunet (FRA), quarta melhor do mundo e quarta nas Olimpíadas do Rio (15/8) nas oitavas;  e Cecilia Berder, 5ª do mundo, nas quartas (15/13).

Dia de zebras no florete masculino termina com vitória francesa; Toldo fica a um ponto do Top8



Se no sabre feminino a lógica foi se mantendo, o oposto aconteceu no florete masculino. Logo no primeiro combate da chave de 64, uma surpresa abalou a competição: o atual campeão mundial e número 1 do mundo Alessio Foconi (ITA) perdeu por 15/10 para o britânico Marcus Mepstead, 51º do mundo. Não só isso, mas todos os quatro principais cabeças da chave superior caíram, tornando mais aberta a disputa pela vaga na final: O britânico Richard Kruse (4º) e vice-campeão mundial em 2018, foi derrotado por Son Young Ki (KOR, 37º), com placar de 15/12. O norte americano Gerek Meinhardt perdeu por 15/11 para o sul-coreano Lee Kwanghyun (17º) e o francês Erwann Le Pechoux (8º) perdeu para o canadense Maximilien Van Haaster por (46º) 15/10. Em um combate super nervoso Guilherme Toldo (BRA, 26º) conseguiu virar sobre o japonês Shikine Takahiro (JPN, 19º) e triunfou por 15/13.

A boa fase do brasileiro continuou na segunda fase, quando ele derrotou o norte-americano Nick Itkin (11º), não sem drama: a vantagem construída de 13-9 ruiu e o adversário empatou em 13-13. Novo empate em 14-14 e uma saída de pista milimetricamente mais rápida garantiu a vitória de 15/14. A zebra começou a circular na chave interior na segunda rodada: 4 cabeças caíram na chave de 32 incluindo três dos principais favoritos: O norte-americano, vice-líder do ranking, Race Imboden continuou sua sina de nunca ter conquistado medalhas individuais em mundiais ao perder por sonoros 15/10 para  Choi Chun Yin Ryan (HKG, 23º). O quinto melhor do mundo, Cheung Ka Long (HKG) foi derrotado pelo russo Dmitry Zherebchenko, que após seu título mundial em 2017, não repetiu os bons resultados e atualmente é apenas 39º do mundo. Por fim, Kim Dongsu (KOR, 41º) venceu o italiano "Conde" Giorgio Avola, sétimo melhor do mundo, por 15/10.

Guilherme Toldo em ação diante do norte-americano Nick Itkin

Na parte superior, dos 16 pré-classificados, só Alexander Massialas (USA, 9º) chegou às oitavas, enquanto na parte inferior apenas quatro seguiam vivo entre os 16 melhores, ainda que por pouco tempo: Massialas, 9º melhor do mundo e prata no Rio-2016, não foi páreo para Michal Siess (POL, 33º).

Também na parte de cima, Toldo parecia prestes a voltar ao Top8 mundial - como nas Olimpíadas do Rio -, mas de novo viu ruir uma larga vantagem: o 13-10 diante do sul-coreano Lee Kwanghyun (17º) desapareceu novamente em 13-13, mas desta vez Toldo não levou o último toque: derrota por 15/14 e terminou o mundial em 15º lugar. Lee, que tinha perdido para o brasileiro Heitor Shimbo por 3/2 na fase de poules caiu na fase seguinte e terminou em oitavo lugar.

Só dois cabeças passaram para as quartas: um deles foi o veterano Andrea Cassara, 14º, campeão mundial em 2011 e bronze no mundial de 2003 e nas Olimpíadas de 2004, que ganhou do atual campeão olímpico Daniele Garozzo (ITA) - outro grande nome que segue também sem medalhas em mundiais. Outro campeão olímpico que ficou para trás nas oitavas foi Benjamin Keibrink (GER, 30º), ouro em 2008, derrotado por Son Young Ki. 

No duelo de campeões mundiais, Dmitry Zherebchenko passeou por Andrea Cassara (15/6). Já o francês Enzo Lefort que fazia uma campanha bem discreta, mas eficiente, se viu na condição de único cabeça de chave – ou integrante do top36 – a alcançar as semifinais, com vitória por 15/10 sobre Choi Chun Yin Ryan, que já tinha derrotado dois cabeças de chave: Imboden e Carlos Llavador (15º), apesar da ensurdecedora torcida espanhola que entoava vuvuzelas – vendidas na porta do estádio – durante todo o combate.

Nas semifinais, Lefort atropelou Zherebchenko, por 15/7, enquanto Marcus Mepstead mostrou que a vitória na primeira rodada não foi pura sorte. O dia iluminado atravessou cãibras sofridas diante do russo Timur Arslanov nas oitavas, que quase lhe valeram eliminação, e uma vitória diante de um cansado Son Young Ki por 15/12 para alcançar a final. Porém, na última luta, ele não ofereceu resistência a Lefort, e foi derrotado por 15/6. O francês foi o primeiro de seu país a ser campeão do florete desde 1990; os companheiros de equipe invadiram a pista para celebrar ali mesmo o feito do esportista de 27 anos, que já tinha sido bronze no mundial de 2014.



Torneio de equipes tem início; Brasil, com Moellhausen em pista, é eliminado

O dia também foi de estreia da competição de equipes e mesmo contando com a campeã mundial Nathalie Moellhausen no time, o Brasil não foi páreo para o Japão, caindo por 45/38 em um jogo parelho. Nathalie deu a liderança para o Brasil no início (5/3) mas logo depois Katherine Miller entregou para Amanda Netto Simeão atrás no placar (7/9) e a vantagem nipônica permaneceu baixa mas estável, aumentando no fim, sem nenhuma atleta de nenhum lado se destacando - seja positiva ou negativamente. O Brasil terminou a competição em 22º lugar. 

O Brasil iniciou a semana como 19ª melhor equipe nos rankings, 26 pontos atrás do Canadá, 16ª, adversária na vaga continental que provavelmente será herdada dos EUA, por se classificar diretamente entre as quatro melhores do mundo. Para tanto, o representante do continente tamb;em precisa estar no top16. Como o Brasil não participou do mundial ano passado em Wuxi (CHN), ganha 16 pontos, e provavelmente estará a 10 pontos dos adversários, que igualaram o 15º lugar de 2018, agurdando a divulgação do novo ranking. 

As finais serão decididas neste domingo e todos as oito principais equipes favoritas passaram às quartas: EUA x Itália; China x Coreia do Sul; Rússia x Estônia; Ucrânia x Polônia. Já no sabre masculino, sem time brasileiro, as seis primeiras equipes no ranking classificaram-se para as quartas e fica a expectativa do time húngaro alcançar a final: Coreia do Sul x Romênia; Rússia x Alemanha; Hungria x Irã; Geórgia x Itália. Outros dois torneios eliminatórios também acontecem: Na competição de florete feminino por equipe, o Brasil, 15º melhor do ranking enfrenta, às 3:30 horário de Brasilia, a Áustria por uma vaga nas oitavas contra os EUA. No torneio de equipes da espada masculina, o Brasil enfrenta o Kuwait às 6h, por uma vaga na chave de 32 em embate contra a Coreia do Sul, terceira maior favorita, logo uma hora depois.

Fotos: BizziTeam / FIE

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