A Rússia fez a festa: competindo em casa seus patinadores ganharam todas as medalhas de ouro da Rostelecom Cup, disputada em Moscou. No masculino, um pódio inteiro russo, com vitória de Alexander Samarin. Na Dança no Gelo, ouro para Victoria Sinitsina e Nikita Katsalapov. No feminino e nos pares, dobradinhas russas com as vitórias de Alexandra Trusova e da dupla Dmitrii Kozlovzkii e Aleksandra Boikova (na foto).
Masculino:
O resultado do Programa Curto se manteve no Programa Livre, com um pódio todo russo, algo que não acontecia na Rostelecom Cup desde 1988. A vitória foi de Alexander Samarin, que fez uma performance imperfeita mas determinada e marcou 171.64 pontos, seu melhor placar de programa livre da temporada. Na somatória final, Samarin conquistou 264.45 pontos. O resultado classificou o russo para a final do Grand Prix: "Ainda que não tenha sido minha melhor atuação, estou dominado pelas emoções. Aconteceram erros, erros enormes e vamos trabalhar nisso. Mas estou feliz por ter me qualificado para as finais do Grand Prix. Isto não é um resultado ruim para essa primeira metade da temporada", declarou.
O segundo lugar ficou com Dmitri Aliev, que teve os mesmos problemas do programa curto no programa livre: mesmo com um programa sem quedas, acabou tendo a nota técnica prejudicada por elementos feitos em níveis abaixo do esperado. "Fiquei feliz que pude mostrar personalidade e salvar o programa, porque a primeira parte não saiu como planejada. Não quero repetir esses erros". Mesmo com as falhas, o resultado de 169.24 pontos foi a nota mais alta de Aliev em um programa livre neste ano e o segundo lugar na competição o deixa em boas condições para se classificar para a final do Grand Prix, dependendo dos resultados de adversários que vão disputar o NHK Trophy no próximo fim de semana.
Makar Ignatov, estreante na categoria senior ficou com a medalha de bronze, com 252.87 pontos na somatória dos programas. Com uma etapa do Grand Prix ainda por disputar, o russo ainda tem chances de se classificar pelos próprios resultados para a final.
Dança no Gelo:
Victoria Sinitsina e Nikita Katsalapov, da Rússia, conquistaram sua segunda vitória seguida em etapas do Grand Prix e estão classificados para as finais. A dupla obteve 126.06 pontos, sua melhor pontuação em programa livre nesta temporada com uma rotina que incluiu giros em nível máximo, bem como dois levantamentos e pirueta em combinação e ficou com 212.15 pontos na somatória final.
Também classificados para as finais, a dupla do Canadá Piper Gilles e Paul Poirier ficou com a medalha de prata. Gilles e Poirier executaram um trabalho de passos ligeiro e levantamentos muito complexos. É a segunda vez que a dupla se classifica para as finais do Grand Prix: a última foi em 2014, quando terminaram a competição no 5o. lugar.
O bronze ficou com a dupla da Espanha, Sara Hurtado e Kirill Khaliavin, que com uma apresentação segura obteve 113.00 pontos na Dança Livre, seu melhor resultado na temporada e 185.01 pontos na somatória final. Com um 5o. e um 3o. lugares nas classificatórias, Hurtado e Khaliavin tem chances escassas de disputar as finais do Grand Prix, e agora treinam focando principalmente o Campeonato Nacional Espanhol e o Campeonato Europeu.
Feminino:
Um resultado esperado: a russa Alexandra Trusova usou suas melhores armas, um arsenal técnico com variedade de saltos quádruplos. Com isso disparou no placar e venceu a competição e a compatriota, Evgenia Medvedeva por 10 pontos. Mariah Bell, dos EUA ficou com o terceiro lugar.
Ao contrário do Programa Curto, onde há restrição no regulamento, saltos quádruplos são liberados no Programa Livre feminino. Trusova, usou três em seu programa, uma quantidade vista raramente até em programas do individual masculino. Mesmo com duas quedas e uma execução geral mais mecânica que artística, a pontuação da russa foi altíssima: 160.26 pontos, com nota técnica de 95.34. Em entrevista, Trusova admitiu as falhas, mas também lamentou a restrição de uso de saltos quádruplos vigente: "Eu queria competir com os homens, porque eles podem fazer quádruplos no Programa Curto e nós mulheres não. Também, seria interessante competir com patinadores que fazem muitos quádruplos nos seus programas".
Evgenia Medvedeva fez um programa de altíssima precisão e qualidade artística, e saiu ovacionada pela torcida. A russa, medalha de prata olímpica em PyeongCheng-2018 teve a maior nota de componentes de habilidade e artísticos do dia. Mesmo sem a classificação para a final do Grand Prix, Medvedeva avaliou positivamente a experiência: "Estou feliz com o que eu fiz ontem e hoje, finalmente eu fiz o que deveria fazer". A russa falou também das dificuldades que enfrentou após trocar a base de treinos da Rússia, com a treinadora Eteri Tutberidze para a do Canadá, com Brian Orser, o que gerou críticas pesadas da mídia e agressões feitas pelo público: "Tive um período difícil na vida, seria bobo negar, porque todo mundo viu. E mesmo que eu procurasse me afastar de redes sociais e dessa coisa toda, havia todo o barulho que todo mundo estava fazendo sobre a situação. Assim que consegui largar mão disso, relaxei e pude me acostumar com meu novo lugar de viver, e tão logo, me apaixonar com o novo lugar onde treino".
Mariah Bell, dos EUA fez um programa bem mais modesto que o das adversárias mais diretas, mas executou a performance com boa fluência e sem erros. Com dois terceiros lugares, a norte-americana ainda tem chances matemáticas de ir para a final do Grand Prix, e depende do resultado de adversárias na etapa do Japão, a ser disputada na próxima semana.
Pares:
Uma atuação impecável que emocionou a torcida: os russos Aleksandra Boikova e Dmitrii Kozlovski, que lideraram o programa curto fizeram uma performance ainda mais impactante no programa livre e ficaram com a medalha de ouro. A dupla—a mais jovem da competição, com 17 e 19 anos—abusou de combinações de salto complexas e levantamentos de alto nível, conquistaram a melhor marca da carreira com 149.34 pontos no segmento e 229.48 na somatória final.
A dupla está classificada para as finais do Grand Prix. O resultado, segundo Kozlovskii foi fruto de muito treino, equilíbrio mental e foco em fazer um trabalho bom, antes de pensar em vencer adversários: ”Tivemos competidores difíceis em nossos eventos, mas não estabelecemos uma meta de vencer alguém. No nosso processo de treinos estávamos apenas competindo com nós mesmos e na competição os juízes dão as notas e não podemos influenciar nisso. A única coisa que depende de nós é patinar programas limpos". Emocionada, Boikova aproveitou a ocasião da entrevista coletiva após a prova para dedicar a atuação do dia a uma pessoa querida que faleceu dias antes. A patinadora não entrou em detalhes sobre quem seria essa pessoa.
A prata ficou com outro par da Rússia, Evgenia Tarasova e Vladimir Morozov. Tarasova e Morozov tiveram problemas com saltos no início do programa livre, mas evitaram quedas e conseguiram uma atuação com ótima fluência. A dupla somou um total de 216.77. Tarasova e Morozov ainda dependem dos resultados de outros pares na próxima etapa para confirmar uma possível ida para a final do Grand Prix.
Após dois dias de atuação firme e constante, a dupla alemã Minerva Fabienne Hase e Nolan Seegert conseguiu o bronze. Hase e Seegert ficaram na quarta posição tanto no programa curto quanto no programa livre, mas na soma final conquistaram 186.16 pontos. Eles acabaram ultrapassando as marcas dos russos Ksenia Stolbova e Andrei Novoselov e dos austríacos Miriam Ziegler e Severin Kiefer. O resultado foi festejado pelos patinadores: "Este é o maior momento até agora em nossas carreiras. Vindo para cá não esperávamos esse resultado", disse Seegert.
Todas as tabelas com resultados, agenda de apresentações em horário local e súmulas detalhadas de julgamentos da Rostelecom Cup de 2019 estão disponíveis aqui, no site oficial de resultados do evento.
Foto: Twitter
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