Capa da revista LIFE, 30/10/1964 |
Nascido em 30 de Abril de 1946 em Charlotte, nos Estados Unidos, Don Schollander estreou na natação em 1961, no Santa Clara Club — um ano depois já era o melhor do seu país. Ele tinha o esporte no sangue. A mãe de Don Schollander, Martha, fora campeã de natação — e participara em vários filmes de Tarzan como uma das Janes que Johnny Weissmuller (lenda olímpica da natação) foi encontrando pelo caminho — como dublê de natação.
Chegou aos Jogos Olímpicos de Tóquio-1964 com 18 anos — e foi um espanto. O primeiro nadador a faturar quatro medalhas de ouro: 100 metros (53s4 segundos), 400 metros (4m12s3 minutos) e nos revezamentos 4x100 e 4x200 metros livres.
Apesar de ser especialista de distâncias maiores, George Haines, o treinador, desafiou-o a tentar a vitória em distâncias menores, quase em jeito de aposta: ensinou-lhe que a braçada-moinho, forte e perfeita, bastava para derrotar qualquer adversário — foi o que fez, de trás para a frente. E só não chegou à quinta medalha porque os 200 metros livres não figuravam no programa (já havia batido o recorde mundial por nove vezes, em 1963). Além disso, tornou-se o primeiro homem a nadar a distância em menos de dois minutos, com 1m58s9.
Ainda teve a hipótese de lançá-lo no time do revezamento 4x200 metros estilos, em substituição do colega de equipe Steve Clark, para chegar ao penta olímpico — mas recusou, disse que não seria capaz de roubar o sonho a um amigo e até já tinha medalhas que bastavam para o deixar na história.
No regresso de Tóquio foi atacado por uma mononucleose, e somente em 1966 pôde regressar à competição — a tempo ainda de bater mais recordes mundiais. Nos Jogos do México a estrela estava já em processo de empalidecimento, não conseguindo lugar na equipe americana nos 100 e nos 400 metros — e ganhou a quinta medalha de ouro da carreira, no revezamento 4x200 metros e a medalha de prata nos 200 metros livres, atrás do australiano Michael Wenden. Nos 400 e 1500 metros, o atleta ficou atrás do compatriota Michael Burton.
Para Don Schollander, os Jogos do México significou adeus. Definitivo. Dedicou-se então aos estudos, licenciou-se em economia política pela Universidade de Yale, dois anos depois, aos 24 anos, tornou-se o mais jovem membro do Comitê Olímpico dos Estados Unidos. Para trás ficavam 22 recordes mundiais e todos os títulos dos 100 aos 1500 metros livres. E ainda a honra de ter sido o único nadador a ser eleito Atleta do Ano no mundo inteiro por sua fantástica participação em Tóquio.
Esta matéria é uma adaptação de reportagem da série "O Século XX do Desporto", do jornal português A Bola.
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