O relógio não para. Uma das apostas brasileiras na busca por medalhas
nos Jogos do Rio, em 2016, Sérgio Sasaki olha o tempo passar com certa
preocupação. O quinto lugar na prova do individual geral no Campeonato
Mundial do ano passado mostrou que ele está, de fato, na cola dos
melhores do mundo. Mas é preciso mais para manter o alto nível e acertar
o que precisa para subir no pódio daqui a dois anos. A estrutura ainda é
motivo de atenção, e o atleta segue sem clube.
- Eu acho que ainda não estou totalmente preparado. Pretendo ficar,
claro. Meu nível já é de medalhista, tenho essa noção. A noção de que
posso pegar uma medalha tanto no salto quanto no individual geral. Mas
ainda não estou da forma que eu preciso. São fatores que atrapalham.
Poderia estar da melhor forma se tivesse uma estrutura boa, uma
aparelhagem ideal em um centro de treinamento. Um clube me ajudaria
muito. Quando vamos treinar em outro país, por algumas semanas, já sinto
que melhor. É uma evolução muito maior - explica o atleta.
Em março do ano passado, Sérgio Sasaki fez parte do grupo de ginastas
(como Jade Barbosa, Diego e Daniele Hypolito) que foram dispensados do
Flamengo, após o clube desfazer sua equipe profissional da modalidade.
Desde então, está utilizando a estrutura do Pinheiros, em São Paulo, com
seu treinador Renato Araújo. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) ajuda
com custos de moradia. O ginasta revela que chegou a ter propostas, mas
entendeu que não era a melhor escolha a ser tomada. Sasaki prioriza, por
exemplo, a manutenção de seu técnico pela bagagem e conhecimento de seu
trabalho. Por não ter clube, ele não poderá participar do Campeonato
Brasileiro de Ginástica Artística, que será disputado a partir do dia 31
de julho, em Aracajú.
- Não quero ficar com um clube pela
parte financeira. O que eu quero hoje é um ginásio. Não vou pensar no
dinheiro e abrir mão do que é melhor para as Olimpíadas. É melhor pensar
do jeito certo e estar com meu treinador - disse Sasaki, lembrando que o
Pinheiros tem hoje a melhor estrutura do país na ginástica artística.
A necessidade de um centro de treinamento é sempre ressaltada pelos
atletas brasileiros. O COB pretende anunciar em breve o projeto de um
local. Até o começo de 2013, o antigo Velódromo do Rio de Janeiro abrigava o CT da modalidade.
- Nós fazemos intercâmbios para poder nos preparar para um Mundial.
As Olimpíadas são no Brasil. Às vezes nós falamos com os atletas de
outros países, e eles dizem que querem conhecer os ginásios do Brasil, e
temos que falar que não tem. Sempre perguntam como isso é possível com
as Olimpíadas do Brasil. A mesma coisa quando falo que não tenho clube:
''Como assim um dos ginastas mais importantes da seleção não tem?" Chega
a ser vergonhoso. O Brasil tem muito talento. O que falta é a
estrutura. É muito difícil ginástica sem uma boa estrutura. Essa é a
nossa maior dificuldade hoje em dia - analisou.
Para chegar na
ponta dos cascos em dois anos, o fator psicológico também é apontado
como de suma importância para o ginasta. Para Sasaki, estar com a mente
tranquila vai ser fundamental para não deixar a pressão falar mais alto
em uma disputa diante da torcida brasileira. Por isso, é preciso
trabalhar de forma profissional a cabeça dos competidores.
- Uma das coisas mais difíceis é a pressão. Realmente é enorme. É
muita adrenalina. Tem que saber dosar essa adrenalina. Em alguns
aparelhos é bom e em outros é ruim. Como o cavalo e a trave, no
feminino. Falta na preparação dos brasileiros essa parte psicológica.
Pode ajudar os atletas que estão competindo sob pressão, ainda mais com
as Olimpíadas sendo no Brasil. O atleta tem que chegar bem preparado.
Torcida, família, isso é uma pressão a mais. Fora a estrutura, esse é um
fator que esquecem e é muito importante - completou.
A
principal competição de Sasaki e dos demais ginastas brasileiros, neste
ano, é o Mundial de Ginástica, que será disputado em outubro, na China.
Ao analisar sua progressão de treinos desde o começo de 2014, ele
acredita que chegará da melhor forma possível para a disputa.
-
Na verdade, o calendário brasileiro é diferente do americano e do
europeu. Tem uma época do ano em que eles estão bem e a gente muito mal.
Eles não param em Natal e Ano Novo. As etapas de Copa do Mundo serviram
para pegar carga de treino. Estava só no começo do ano. Espero estar do
jeito que sou no Mundial. Tenho que fazer os ajustes de que preciso. Os
testes principais eu já fiz em outras competições. Estamos pensando
muito na disputa por equipe, que é nosso foco principal - diz.
Além
do quinto lugar no Mundial do ano passado, Sergio Sasaki é dono de um
resultado histórico para o Brasil em Jogos Olímpicos. Em Londres 2012,
ele ficou na 10ª colocação entre 24 competidores na final do individual
geral masculino.
Foto: CBG
Fonte: Globoesporte.com
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