Os Jogos Pan-Americanos possuem um significado especial na carreira
de Diogo Silva. Em Santo Domingo 2003, foi bronze. Em 2007, teve o
gostinho de levar o ouro em seu país, na edição do Rio de Janeiro. Mas,
em 2015, o veterano, que completa 33 anos no sábado não disputará o Pan
de Toronto. Ele tem em mente um objetivo maior: a vaga para os Jogos
Olímpicos de 2016. Para isso, o paulista de São Sebastião precisa
acumular pontos na categoria até 68kg para ficar entre os 20 primeiros
do ranking olímpico e, assim, ser pré-selecionado para as Olimpíadas. A
corrida por pontos fecha em dezembro. Depois disso, ele depende da
escolha da Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTkd), que anuncia os
atletas em janeiro do ano que vem. A única chance de se classificar
diretamente é ficando entre os seis primeiros do ranking. Atualmente,
Diogo é o 104º.
Estar na competição canadense, além de
demandar uma preparação específica, exclui a possibilidade da
participação de Diogo em outros torneios mais importantes para conseguir
pontos. A primeira etapa do Grand Prix, por exemplo, acontece em julho,
muito próximo do Pan. E ele quer mais do que nunca estar nos Jogos
Olímpicos, já que enxerga o torneio como sua última grande competição.
De acordo com seu planejamento, 2016 será o último ano na carreira.
-
Achei melhor focar nas Olimpíadas de 2016 e evitar toda a pressão de
disputar o Pan. É uma competição desgastante, e meus rivais têm 20 anos.
Passei por três edições (além de Santo Domingo e Rio, Guadalajara, em
2011) e prefiro evitar o desgaste. Meu único desejo agora são as
Olimpíadas. Não tenho mais desejo de me preparar para Mundiais e Pan.
Preferimos fazer uma corrida por pontos no ranking e tentar ficar mais
próximo das vagas olímpicas. Depois de Londres 2012, fiquei dois anos
pensando se tinha o desejo de ir para 2016. O atleta sente muita dor,
ainda mais após os 30. Renovei minha equipe e mudei minha forma de
treinar (Diogo está no Núcleo de Alto Rendimento de São Paulo, que
estuda a ciência do esporte). O foco principal é esse (Olimpíadas). Se
não for possível estar lá, 2015 vai ser o ano em que vou estar me
despedindo e, em 2016, encerro minha carreira. Estou satisfeito e
realizado - relatou Diogo, campeão mundial militar no Rio, em 2011.
Por conta das lesões em 2014, Diogo teve um ano complicado e não
garantiu a vaga no Grand Prix que, em termos de pontuação, é mais
relevante que o Pan. Agora, ele tem uma agenda recheada de compromissos
internacionais. O objetivo no momento é alcançar 50 pontos e se garantir
nessa competição. No início de abril, compete na Ucrânia. Ainda no
mesmo mês, participa da classificatória para os Jogos Mundiais
Militares, disputados em outubro, na Coreia do Sul. Em maio, faz um
torneio no Paraguai. Em junho, segue para a Austrália.
Por ser o país-sede das Olimpíadas, o Brasil possui quatro vagas automáticas, sendo
duas para cada naipe. O número máximo de atletas classificados por país é
oito, sendo um em cada categoria de peso. Diogo espera ser um deles.
- Não indo para o Pan, não indo para o Mundial, não estando na
seleção brasileira, não tenho essa cobrança. Assim, eu vou somando
pontos. Se eu alcançar 50 pontos, vou para o Grand Prix e, disputando
medalha nesse torneio, alavanco minha ida para os Jogos Olímpicos. Minha
maior briga é me superar para conseguir esses pontos, me dedicar. Em
dezembro, vamos fazer esse cálculo todo sem e ver se vou. Só o fato de
tentar ir para os Jogos Olímpicos já é um desafio enorme.
Além
do sonho de participar mais uma vez de uma grande competição em seu
país, como foi no Pan de 2007, as Olimpíadas de 2016 representam uma
oportunidade de Diogo Silva apagar a polêmica decisão da medalha de
bronze de Londres 2012. Ele acabou derrotado pelo americano Terrence
Jennings com um golpe no último segundo, que só foi validado quando seu
adversário pediu revisão da decisão da arbitragem.
- O
taekwondo de Londres 2012 até agora, em 2015, sofreu mudanças. Em
Londres, não tínhamos o capacete eletrônico. Isso deixou a luta mais
justa, com menos interferência dos árbitros. Hoje o tatame do taekwondo é
um octógono, não é mais um quadrado, como sempre foi. Sendo um
octógono, a regra modificou e deu mais movimentação aos atletas. Essas
pequenas mudanças deram uma qualidade ao esporte, temos hoje muito menos
discussão sobre se foi ou não ponto. Aquele caso de Londres que
aconteceu comigo não acontece mais. A tecnologia vem ajudando bastante o
atleta - concluiu Diogo, lamentando apenas que, dentro do país, a
estrutura não esteja à altura dos países estrangeiros.
- O
Brasil não está acompanhando. Treinamos para competir com os melhores do
mundo, mas o nosso país ainda não está igual. Não temos capacete
eletrônico, nem lutamos com octógono. Por isso também, eu e minha equipe
abrimos mão de competir no Brasil esse ano - concluiu.
Foto: Divulgação
Fonte: Globoesporte.com
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