Na última edição do Troféu Brasil de Atletismo, disputada em
outubro do ano passado, a paraibana Jucilene Sales de Lima alcançou
62,89 m no lançamento de dardo, quebrando o recorde sul-americano, que
pertencia à colombiana Sabina Moya há 12 anos.
“Eu quero melhorar a
minha marca, ficar entre as top do mundo. Quero lançar a uns 63 m, 64
m. Esse é meu objetivo ainda este ano”, conta a atleta.
Oportunidades
para melhorar a marca não vão faltar. Neste sábado (04), Jucilene
compete no Pomona Pitzer Invitational, na cidade norte-americana de
Claremont, na Califórnia. Em maio, em São Bernardo do
Campo (SP), a lançadora busca o quarto ouro seguido no Troféu Brasil de Atletismo, adiantado este ano por causa do Mundial de Atletismo
de Pequim, na China, que será disputado em agosto. Entre as duas
competições, a atleta ainda disputa os Jogos Pan-Americanos de Toronto,
no Canadá, em julho.
Desde o início de março em Chula Vista, na
Califórnia, Jucilene treina até 26 de abril com outros cinco lançadores brasileiros no Olympic Training Center, num camping de
treinamento. Este é o quarto ano seguido em
que os atletas do clube treinam no centro de treinamento dos comitês
Olímpico e Paralímpico dos Estados Unidos.
A paraibana de Taperoá foi descoberta pelo técnico João Paulo Alves da
Cunha, que ficou impressionado com o lançamento de 43 m feito pela
menina em um campeonato brasileiro mirim. Aos 12 anos, a atleta se
mudou para São Caetano do Sul com a irmã Jailma Sales de Lima,
velocista, então com 16 anos.
“Eu sabia que iria vir treinar, mas
ainda não tinha o peso da responsabilidade”, lembra Jucilene. “A minha
irmã tinha, porque ela já tinha ido pra um Mundial. Pra mim, era tudo
muito novo. Sentia muita saudade da minha mãe e do meu pai. Mas com o
passar do tempo eu fui me acostumando, minhas outras irmãs também vieram
pra cá. Ficou mais fácil pra mim.” Treinando na melhor equipe de
atletismo do Brasil, Jucilene aprimorou sua técnica e não teve que
esperar muito para ver os resultados. A lançadora foi campeã
sul-americana de menores, em 2004, e, com apenas 15 anos, vice-campeã do
Troféu Brasil, em 2005.
Jucilene confessa, entretanto, que nessa
época ainda não treinava tão a sério. “Acho que, por eu ter sido muito
precoce, não conseguia diferenciar muita coisa. Há uns quatro anos,
quando me machuquei, que eu caí na real”, reflete. “Eu machuquei as
costas e fiquei uns três anos sentindo muita dor, e então acordei pra
vida.” Mesmo com dores, a jovem lançadora passou a ser a melhor
brasileira da modalidade, conquistando o Troféu Brasil em 2012 e 2013.
“Quando
voltei a lançar, falei: ‘agora eu tenho que lançar bem, tenho que
voltar por cima’”, conta. No ano passado, já totalmente recuperada,
Jucilene foi melhorando suas marcas e quebrando recordes. No
Ibero-Americano de Atletismo, em agosto, bateu na trave e igualou o
recorde brasileiro, com 61,71 m. Uma semana depois, no GP Brasil Pará de Atletismo, o recorde veio, com a marca de 61,99 m. Em outubro, o
tricampeonato no Troféu Brasil veio junto com o recorde
sul-americano e a classificação para o Mundial de Pequim. “Quando estava
lesionada, cheguei a pensar em parar, mas graças a Deus foi só um
pensamento passageiro.”
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