Para muitas pessoas o arco e flecha e o tiro com arco são a mesma coisa.
No entanto, na cultura indígena a ferramenta é um dos símbolos dos
povos brasileiros e no esporte é uma das modalidades que faz parte dos
Jogos Olímpicos. O atleta Marcus Vinicius D'Almeida, 17 anos, principal
nome do tiro com arco nacional, esteve no sábado (24) na sede dos
Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, em Palmas, e teve contato direto com
a cultura milenar. Ele ainda explicou as diferenças e experimentou a
prática que antecedeu o seu esporte.
As semelhanças entre as duas atividades ficam somente no conceito de
atirar. Na tradição indígena, o arco e flecha era, fundamentalmente, uma
ferramenta de caça. Timbira Pataxó, que apresentou o arco indígena ao
atleta, explicou a cultura. “Hoje, o nosso arco e flecha é mais para
competir dentro da aldeia. Antigamente, o povo Pataxó era muito caçador,
mas hoje temos a visão de preservar a natureza”, disse.
O arco e flecha conta com diferentes formatos e tamanhos, dependendo
do povo. É feito basicamente de madeira trabalhada, com cordel e flecha
de bambu ou madeira mais resistente, com a ponta de osso. Já o
equipamento olímpico é aerodinâmico, preciso, com ponta de aço e flecha
de carbono.
“Eu acho muito importante a realização desse evento. Ele vai servir
também para mostrar as diferenças entre o arco e flecha e o tiro com
arco. O meu esporte é profissional e o arco e flecha é da cultura
indígena. Temos muito o que aprender com os povos. Os indígenas praticam
há muito tempo a arte da flecha e espero trocar experiências aqui em
Palmas. É interessante ver a diversidade de arcos que existe”, conta
Marcus Vinicius.
Vinicius é o principal nome do tiro com arco brasileiro e buscará um pódio
inédito nos Jogos Olímpicos de 2016. No início do ano, ele teve
contato direto com a tradição do arco e flecha, quando morou com os
arqueiros indígenas Dream Braga e Gustavo Santos por três meses. Na
oportunidade, eles faziam parte da equipe nacional do tiro com arco.
“Eles viraram arqueiros profissionais. O esporte profissional
contribuiu muito para a técnica do Dream e do Gustavo. Se eles voltarem
para a mata novamente, eles vão ver que a pontaria ficou melhor”, contou
Vinícius.
Foto: Divulgação
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