A cidade de São Caetano do Sul, em São Paulo, se consolidou, nos
últimos anos, como um dos grandes celeiros de talentos do tênis de mesa
nacional. Com equipe qualificada, material de ponta e uma filosofia de
trabalho pensada para motivar os atletas dos mais diferentes níveis, o
trabalho reluziu em 2015, com o título mundial infantil de Bruna
Takahashi.
“Um dos motivos do sucesso é o investimento na comissão técnica
composta por mim, Nelson Kuzuoka, Hideo Yamamoto e Lincon Yasuda, todos
trabalhando com o objetivo de alcançar o alto nível internacional.
Usamos a estratégia de colocar no mesmo local e horário atletas adultos
de alto nível com jogadores jovens, com o objetivo de que os adultos
sirvam de espelho para os mais novos”, destacou Francisco Arado, mais
conhecido como Paco.
Atualmente, são muitos os nomes da seleção brasileira, em várias
categorias, que passaram pelo centro de treinamento paulista: Hugo
Calderano, Gustavo Tsuboi, Cazuo Matsumoto, Caroline Kumahara, Leticia
Nakada e Bruna Takahashi são alguns deles.
“Por causa dessa filosofia, São Caetano do Sul ganhou por seis anos
consecutivos o Troféu Eficiência do Campeonato Brasileiro, sendo o
melhor clube do Brasil. A CBTM entra investindo nos melhores jogadores e
também na evolução do técnico, pois somos nós que vamos trabalhar no
dia a dia para o desenvolvimento e evolução deles”, apontou Hideo,
ex-jogador e atual técnico.
Mas até atingir a elite do país dentre clubes, já se passaram 11 anos de muito trabalho. Nelson Kuzuoka, um dos membros da comissão técnica, lembra do início e fala com orgulho do atual panorama.
“Tudo começou em 2004. Éramos eu, Paco e Hideo, com a ideia de fazer um
tênis de mesa visando o alto rendimento. Hoje temos um grupo que treina
três horas de manhã, faz academia, se junta a outro grupo que treina
mais três horas no período da tarde e alguns ainda treinam de noite em
outros lugares. É um total de 30 atletas”, enumerou.
Kazu, como é conhecido Nelson no meio, foi quem esteve presente em um
dos maiores feitos do tênis de mesa brasileiro e de São Caetano: o
título do Desafio Mundial de Cadetes, conquistado por Bruna Takahashi no
início de dezembro.
“Estar com a Bruna no Mundial foi um privilégio. Sabíamos da
importância desse título, mas pensamos nisso só depois que acabou a
final. Antes pensamos somente jogo a jogo, adversária por adversária,
até chegar ao título inédito. Pra mim e com certeza para toda a equipe
técnica foi um sonho realizado”, declarou, antes de dar uma exemplo do
tamanho da emoção.
“Lembro que, logo depois da final, eu estava com a adrenalina em alta e
tremia durante horas. Pra falar a verdade, naquela noite eu nem
consegui dormir”, completou.
E corroborando o ponto forte da equipe, o treinador fez questão de
ressaltar tudo que foi feito por cada um dos envolvidos, dividindo todos
os louros da medalha de ouro. Na ocasião, Takahashi ainda levou o
título por equipes com a América Latina.
“Para chegar a esse título existe toda uma equipe técnica por trás. Nós
técnicos, que sempre mantínhamos contato, falando e analisando as
adversárias da Bruna, o preparador físico Irio Pompermayer, que enviava
os treinos pra ela fazer na China, o Renato Lee, fisioterapeuta, até a
Mônica Dotti, sua primeira técnica e quem a descobriu. Por fim, a
família da Bruna, que sempre apoiou e esteve ao lado dela”, agradeceu
Kazu.
A estrutura local, obtida em grande parte por intermédio de projeto da
CBTM encaminhado ao Ministério do Esporte, também é um fator
fundamental, pois possibilita trabalhos específicos e os treinamentos em
horário paralelo, enquanto a filosofia teve o auxílio de luxo do
técnico francês Jean-René Mounie, que comanda a seleção. Lincon Yasuda,
que também atua como coordenador técnico da seleção, é outro a apontar o
conjunto como grande segredo do São Caetano.
“Os quatro técnicos estão com conhecimento, fazendo viagens para o
exterior, em campeonatos e treinamentos. Isso é uma evolução em
conjunto, principalmente nos últimos anos, quando começamos a trabalhar
com o Jean-René. Somado a isso nós temos um espaço privilegiado para os
padrões do Brasil, com material de qualidade, padrão internacional.
Então é um conjunto de fatores”, apontou Yasuda.
A participação da CBTM não se restringe aos materiais – há um aporte
financeiro que permite que atletas estejam constantemente em contato com
outros mesatenistas de alto nível, de diferentes estilos.
“Nosso trabalho duro diário aliado aos altos investimentos que a CBTM
tem feito com os atletas de seleção, permitindo que participem de
treinamentos e torneios internacionais, tem dado ótimos resultados. Não
posso deixar de reconhecer e agradecer a ajuda e o trabalho do Mounie,
pois ele é o responsável pela mudança da nossa mentalidade e dos
jogadores, colocando o tênis de mesa brasileiro na cultura do alto
nível”, decretou Paco.
Os resultados são incontestáveis: em 2014, a medalha de bronze de Hugo
Calderano nos Jogos Olímpicos da Juventude, em Nanquim. Este ano, o
título Mundial infantil de Bruna Takahashi. Engana-se, porém, quem pensa
que a comissão técnica está satisfeita – pelo contrário, o objetivo é
sempre se superar.
“Fico muito feliz em poder fazer parte dessa equipe e ver que desde
2004, estamos colhendo os frutos do nosso trabalho. Mas com certeza não
iremos parar por aqui, queremos mais e para isso iremos continuar forte
com o nosso trabalho”, finalizou Kazu.
Foto: Divulgação
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