Ele se destaca pela altura. Seu 1,87m destoa da maioria dos saltadores,
que são bem mais baixos. O país que ele defende também chama a atenção:
famosa pelos velocistas, a Jamaica não tem tradição nos saltos
ornamentais. Ainda assim, o mais impressionante é a torcida: basta ter
seu nome anunciado que os britânicos vão à loucura na arquibancada do
Parque Aquático Maria Lenk, no Rio de Janeiro. Este é Yona
Knight-Wisdom, saltador de 20 anos que fez história na Copa do Mundo da
modalidade.
Na segunda-feira (22), ele foi prata no trampolim 3m e
conquistou a primeira medalha da Jamaica em uma competição internacional
de saltos ornamentais. No dia anterior, ao se classificar para a
semifinal entre os 18 primeiros, garantiu o país caribenho no Rio 2016:
ele será o primeiro homem jamaicano a disputar Jogos Olímpicos, 44 anos
após a única participação anterior da Jamaica na modalidade, nos Jogos
de Munique 1972, com a saltadora Betsy Sullivan.
“A medalha de prata foi muito além de qualquer expectativa que eu
tinha. Eu vim para me classificar para os Jogos Olímpicos. Chegar à
final foi uma surpresa, eu estava muito relaxado nas semi. Fiquei em
choque. É um resultado enorme para a Jamaica, conseguir uma medalha em
um esporte aquático além da natação”, contou.
Mas o que essa história tem a ver com a Grã-Bretanha?
Inglaterra, Jamaica e Barbados
Yona nasceu em Leeds, no norte da Inglaterra. Começou ainda criança
na ginástica, mas acabou seduzido pelos saltos ornamentais. Vendo os
Jogos de Atenas 2004, surgiu o sonho de participar de uma Olimpíada. A
ideia inicial era competir pela Grã-Bretanha, mas a concorrência era
muito forte. O caminho então foi escolher um dos países dos pais. A mãe é
de Barbados, o pai é jamaicano. Não foi uma decisão fácil.
“Meu técnico achou que eu tinha potencial para me classificar para os
Jogos e eu pesei qual país poderia me dar um suporte melhor. Eu poderia
ter escolhido qualquer um dos dois, foi uma decisão muito difícil, mas
escolhi Jamaica. Também ter alguém como Usain Bolt na equipe foi algo
que pesou na minha decisão”, contou Yona, revelando já ter se encontrado
com Bolt em duas oportunidades.
Como ainda mora e treina na Inglaterra, a relação com os colegas
britânicos é especial. E eles fizeram a diferença na conquista da prata
histórica.
“Ao longo dos anos eu fiz muitas amizades com os outros atletas. Eles
sempre me apoiam nas competições. Quando eu estava me preparando para
meu último salto, eu pude ouvi-los torcendo muito alto. Eu consegui
ficar bastante calmo, o que foi uma surpresa para mim, mas foi
fenomenal”, lembrou.
Com medalha no peito e passaporte carimbado, agora é hora de curtir a
cidade maravilhosa e, quem sabe, voltar a visitar o país que vai
representar no Rio 2016. “A última vez que eu estive na Jamaica foi em
2014. Faz muito tempo, pois eu ando muito ocupado para estar pronto para
competir. Agora que terminou, posso aproveitar a viagem no Rio e espero
poder ir até a Jamaica antes dos Jogos Olímpicos.”
Foto: Brasil 2016
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