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Surto História - A vida de Shin A-lam mudada em um segundo


A coreana Shin A-lam, quando disputava uma das semifinais da esgrima dos Jogos de Londres, na categoria espada, dificilmente poderia imaginar que teria um segundo tão longo no duelo.

Em sua primeira Olimpíada, a coreana já havia vencido três duelos - incluindo um 15 a 14 nas quartas - antes de chegar na semifinal contra a alemã Britta Heidemann, A luta teve um aspecto muito travado e terminou empatada em 5 a 5, forçando um tempo extra. 

Com um minuto no relógio, quem acertasse o primeiro golpe iria para a grande final. Se a luta se mantivesse empatada no tempo extra, Shin seria considerada a vencedora com base na prioridade, que é atribuído aleatoriamente a um esgrimista antes do tempo extra, conforme as regras.

Com a vantagem, Shin administrava a luta, esperando o tempo passar e também esperando alguma falha de Heidemann, que precisava pontuar, para decidir a partida. No fim, a alemã veio desesperadamente e fez  dois ataques quando faltava exatamente 1 segundo no cronômetro, que ao invés de zerar, ficou congelado nesse mesmo um segundo. O Árbitro paralisa o combate e revisa o tempo, dizendo que faltaria apenas 0,02s para o fim do tempo extra. O Cronometrista, inadvertidamente, reiniciou o relógio. O tempo apareceu zerado no placar e, com isso, Shin começou a comemorar sua ida à final. Mas o árbitro reviu o erro e pediu para que o cronometrista colocasse o relógio na menor unidade de tempo possível, um segundo. O combate seria reiniciado, apesar das reclamações de Shin

A árbitra Barbara Csar falhou em deixar ambas esgrimistas ficarem mais perto do que a distância especificada. E um segundo foi o suficiente para Heidemman acertar um golpe que decretou a vitória alemã por 6 a 5.  Os sul-coreanos imediatamente entraram com um recurso contra o resultado final, afirmando que Heidemann acertou Shin após o fim do combate. Shim A-lam, aos prantos, se recusa a sair do local da luta, pois segundo as regras da esgrima, quando o esgrimista se retira do local, é porque concorda com a decisão dos árbitros. Todos os árbitros discutiam com os representantes sul-coreanos sobre o resultado. Shin, continua chorando muito. Sentada no local da luta, ganhou o apoio de todos os presentes na arena.

Os organizadores pediam paciência aos torcedores, dizendo que se tratava de uma situação delicada. Pouco depois, os alto-falantes avisaram que qualquer apelação precisa ser paga, segundo regra da Federação Internacional de Esgrima. Quando o resultado finalmente foi anunciado - mantida a vitória da alemã - um dos árbitros se aproximou e pediu para a esgrimista se retirar da pista. Aplaudida de pé pelos torcedores, ela saiu aos prantos.

Shin, concedeu entrevistas logo após sair da arena: "É difícil dizer como me sinto. Treinei durante quatro anos para conseguir uma medalha olímpica, e perdi em apenas um segundo. É impossível aceitar. Quando eu estava sentada na pista, eu só pensava no tempo que levei treinando para as Olimpíadas"

Vinte minutos depois, Shin teve que disputar a medalha de bronze contra a chinesa Yujie Sun. Abalada emocionalmente, Shin acabou derrotada por 15 a 11 e ficou sem medalha. Cinco dias depois, a sul-coreana conseguiu uma medalha de prata na espada por equipes, um consolo por tudo que ela sofreu nos Jogos Olímpicos. Em todas as suas participações ela foi imensamente aplaudida pelos torcedores.

Após os jogos, a Federação Internacional de Esgrima (FIE) admitiu o seu erro na semifinal e pediu desculpas à atleta sul-coreana. Eles inclusive chegaram a oferecer uma menção honrosa a Shin, que recusou, dizendo: "Ela não me faz sentir melhor, porque não é uma medalha olímpica. E também não me faz aceitar o resultado, porque eu acredito que foi um erro."

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