O Estádio Olímpico de Esportes Aquáticos teve movimentação intensa
durante os seis dias de competições do Troféu Maria Lenk, o primeiro
evento-teste da instalação, construída no Parque Olímpico da Barra da
Tijuca, no Rio de Janeiro.
Mesmo com um volume de atletas, equipe
técnica e espectadores bem inferior ao esperado para os Jogos de 2016, o
torneio nacional mostrou que a grande atração da estrutura, a piscina
olímpica, está à altura dos melhores parques aquáticos do mundo: todos
os atletas entrevistados elogiaram o palco das competições. Eles também
apontaram o que incomodou: a falta de cobertura e climatização da
piscina de aquecimento, que fica na área externa, e o calor dentro do
estádio.
“A piscina é muito boa, realmente está num nível muito alto. O
estádio está muito bom, a gente está sentindo um pouco a temperatura
dentro, creio que em agosto vai estar um pouco melhor. Vira e mexe tem
aquele veranico, então vamos rezar pra que não dê isso. Acho que vai
estar mais confortável em agosto”, disse Etiene Medeiros logo no início
da competição, e a impressão foi confirmada ao longo do torneio pela
atleta.
Mesmo não tendo se classificado para o Rio 2016, Cesar Cielo
experimentou a piscina olímpica e gostou. “A piscina é muito boa, está
padrão de Mundial, ela está pronta para receber uma grande competição. O
Brasil está de parabéns. Está faltando um pouquinho só de ar aqui
embaixo, mas o resto está tudo bem”, afirmou o único campeão olímpico da
natação brasileira.
O canadense Santo Condorelli, acostumado com as baixas temperaturas
do país onde vive, gostou até da temperatura. “Eu amei a piscina, ela é
ótima. O tempo aqui é mais quente, não é preciso usar muitas roupas para
se manter aquecido quando a gente sai da piscina. Isso é
definitivamente uma vantagem. Tem muito trabalho para ser feito ainda na
instalação, mas a piscina em si é muito bonita”, disse.
Leonardo de Deus foi o mais detalhista na avaliação. “A piscina em si
está muito boa, nível primeiro mundo mesmo, estrutura maravilhosa. Fora
da piscina, a arquibancada poderia ter sido um pouco melhor projetada,
as colunas ficam em frente das cadeiras. A parte de ventilação também,
faz muito calor não só para os atletas, como também para o público, isso
deixa a área um pouco desconfortável. Achei a estrutura dentro muito
pequena para os atletas, e nas Olimpíadas poderiam estender um pouco
mais. A piscina externa tem muito mosquito, tem que fechar”, indicou.
Outra configuração nos Jogos
Diretor de Esportes do Comitê Organizador Rio 2016, Rodrigo Garcia
explicou que a cobertura para a piscina de aquecimento será uma
estrutura temporária que está garantida para os Jogos. Quanto às áreas
para atletas, citadas por Léo de Deus, Garcia informou que a
configuração em agosto e setembro será diferente do que foi feito para o
evento-teste, com espaços maiores.
“Tem muita coisa que a gente ainda está em modelo de evento-teste e
não dos Jogos. Um exemplo é a piscina de aquecimento, que foi descoberta
e durante os Jogos vai ter uma tenda fazendo a cobertura e vai ser uma
área climatizada. São estruturas físicas diferentes que a gente vai ter
durante os Jogos”, disse.
Ele considerou positivo o teste dos principais aspectos observados
pelo comitê: sistema de cronometragem e resultados, trabalho dos
voluntários específicos do esportes e área de competição.
Ventilação
Na sexta-feira (15.04), primeiro dia de competições,
o diretor executivo da Federação Internacional de Natação (FINA),
Cornel Marculescu, informou que a entidade pediu ventilação extra à prefeitura. O tema está em estudo pela administração municipal e, segundo o diretor de Esportes do Rio 2016, ainda não há uma definição.
“Hoje a gente tem uma temperatura totalmente diferente da que a gente
vai ter durante os Jogos, que vão ocorrer no inverno. Temos um estudo
de oscilação de temperatura que mostra que, se chegar até 30 graus, a
gente consegue manter a temperatura no nível do deck da piscina
agradável. A gente está estudando ainda. Fizemos um primeiro modelo,
apresentamos para a FINA e ela não aceitou. A gente tinha na época um
estudo diferente, não contabilizava as cadeiras. Em cima disso estamos
fazendo um novo estudo com a prefeitura”, explicou. Ele informou ainda
que as temperaturas estão sendo monitoradas para a tomada de decisão.
A organização também terá outros desafios, como encontrar o melhor
posicionamento para o painel eletrônico que mostra os balizamentos e
resultados. No evento-teste – que não contou com venda de ingressos para
o público em geral – o placar foi colocado em uma das extremidades do
estádio, tampando assentos. Rodrigo Garcia disse que ele será levantado e
que não haverá prejuízo para a visão dos espectadores, mas a posição
exata ainda não foi decidida.
“É um projeto da prefeitura, o que eu sei é que ainda estamos
definindo a posição exata. Faz parte da negociação com os parceiros. Os
telões são garantidos pela parceria que a gente tem com a Panasonic e
com a Omega. Estamos estudando para ter o menor custo e o menor impacto
na estrutura do telhado”, explicou Garcia.
Avaliação da confederação
Para Ricardo De Moura, superintendente executivo da Confederação
Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), o principal acerto – após
considerar o plano B de realizar o torneio nacional no Parque Aquático
Maria Lenk – foi ter feito a competição no estádio aquático.
“Depois de muita polêmica, foi importantíssimo pra confederação ter
feito o evento-teste aqui, porque as pessoas conheceram as instalações,
os brasileiros principalmente, e já passam a chamá-la de você, já sabem
onde é o banco de controle, já têm uma visualização global”, disse.
Ele elogiou as condições da piscina e de cronometragem e citou os
pontos de ajuste encontrados pelas CBDA: ventilação, fluxo, banheiros –
citou que uma menina ficou trancada -, o pessoal operacional e a
cobertura da piscina de aquecimento, que o Rio 2016 já informou que será
feita.
Na tarde de quarta-feira (20.04), último dia de provas do Troféu
Maria Lenk, uma queda de energia apagou os refletores e atrasou a
competição. A luz caiu por volta de 16h10, adiando a realização da
primeira final, a dos 50m livre, das 17h para as 17h45. O problema,
segundo o Comitê Rio 2016, foi em uma unidade de energia voltada
especificamente para a área de competição do evento. Para que a energia
voltasse, a instalação passou a utilizar a rede da Light, empresa de
energia do Rio de Janeiro.
Rodrigo Garcia explicou que o sistema utilizado para os Jogos
Olímpicos e Paralímpicos será diferente. “Teremos um sistema de dupla
alimentação, com duas redes da Light e uma de reserva, principalmente
para as áreas mais sensíveis da competição”, afirmou o diretor do Comitê
Rio 2016.
A queda de energia influenciou principalmente os
finalistas dos 50m. Eles já estavam preparados para competir quando
souberam da notícia. “Acabou prejudicando um pouco o resultado. Foi
muito' senta e levanta'. Chegamos a tirar os trajes e colocar de volta,
mas a gente está sujeito a isso”, comentou Bruno Fratus, que acabou vencendo a prova que tirou Cesar Cielo dos Jogos.
A nadadora Etiene Medeiros, que nadou os 50m livre logo na sequência,
também comentou a situação. “Temos que estar preparados para tudo. Pode
ter atrapalhado um pouco, mas tem que relevar e se concentrar”, disse.
Fotos: Brasil 2016
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