Ronystony Cordeiro (Foto: CPB) |
Após observações e análises feitas durante o cronograma de
eventos-teste de modalidades paralímpicas, o Comitê Paralímpico
Brasileiro (CPB) inicia, a 100 dias dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, a
reta final de preparação. A expectativa é de que a maior delegação
brasileira da história dos Jogos tenha entre 260 e 280 atletas em todas
as 23 modalidades. Em Londres-2012, o programa paralímpico tinha 20
modalidades, e o Brasil classificou atletas para 18.
A partir da definição das últimas vagas para o Rio 2016, é possível
planejar e adaptar a parte médica, administrativa, técnica e de suporte
ao redor dos atletas. A previsão é de que a delegação brasileira conte
com mais de 400 pessoas. Em Londres, foram 316. Nos 100 dias que faltam
para a cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos, marcada para 7 de
setembro, a preparação será intensificada à medida que os nomes que vão
ocupar cada uma das vagas sejam definidos.
"Cada modalidade tem sua programação. Alguns ainda participam de
eventos internacionais. Conforme forem chegando os Jogos, a tendência é
não ter tantas competições, mas a gente vai ter muito intercâmbio. Temos
seleções vindo ao Brasil mesmo antes do período de aclimatação. Então
começa agora essa programação", diz Andrew Parsons, presidente do CPB.
O dirigente alerta também para os riscos de contusões a tão pouco
tempo dos Jogos. "É época de cuidar para seguir o treinamento de uma
forma que o planejamento de pico seja atingido em setembro, mas sem
lesões. Uma lesão séria significa sair dos Jogos, então tem que ter um
ajuste fino. E também é época de cuidar da cabeça dos atletas. É
importante que a gente consiga transformar efetivamente o fator casa em
vantagem psicológica e não em ferramenta de pressão", explica.
Centro de Treinamento Paralímpico
No dia 21 de agosto, a delegação brasileira segue para o Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo.
Construída seguindo parâmetros de acessibilidade, com rampas de acesso e
elevadores, a estrutura conta com 86 alojamentos, capazes de receber
entre 280 e 300 pessoas, e áreas para o treinamento de 15 modalidades
paralímpicas: atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, natação,
esgrima em cadeira de rodas, futebol de 5, futebol de 7, goalball,
halterofilismo, judô, rúgbi em cadeira de rodas, tênis de mesa, tênis em
cadeira de rodas, triatlo e vôlei sentado.
No planejamento do CPB, a delegação faz a aclimatação oficial entre
21 e 31 de agosto, quando segue para a Vila Paralímpica, no Rio. "Lá no
Centro de Treinamento você consegue fazer 15 modalidades. Outras, como
canoagem, não vão treinar a parte específica da modalidade lá, mas vão
estar junto, fazendo a parte de preparação física, academia. O hipismo
faz aclimatação em outro lugar, porque nossa base de treinamento é na
Europa, tem a vinda dos cavalos, toda uma peculiaridade. E, se não me
engano, o tiro também vai aclimatar em outro lugar", conta Andrew
Parsons.
Foto: Brasil 2016 |
Para que tudo funcione perfeitamente, o CPB testará as áreas do
Centro de Treinamento e realizará eventos esportivos no local antes da
aclimatação. "A gente vai começar a testar modalidade por modalidade. É
uma estrutura grande, que foi entregue de uma vez só e não em módulos.
Então a gente tem que ir fazendo quase como se fossem eventos-teste do
Centro. No treinamento de goalball, por exemplo, vamos analisar a
estrutura, se funciona, se tem problema, se o piso foi bem colocado",
explica.
Antes da aclimatação, duas etapas do Circuito de Esportes Paralímpicos estão
programadas para o Centro de Treinamento. Nos dias 25 e 26 de junho, a
competição terá natação e atletismo. Entre 15 e 17 de julho, além dessas
duas modalidades, o halterofilismo entra na programação.
Para Andrew Parsons, a aclimatação no Centro de Treinamento
Paralímpico vai ajudar a unir a delegação brasileira. "Quando a gente
fala aclimatação, é óbvio que o clima de São Paulo não é igual ao do
Rio, mas é colocar a equipe junta, fazer a delegação funcionar como
delegação. É diferente de uma delegação específica em um Mundial de uma
modalidade. Você tem uma delegação que é multimodalidade", conta.
"Eu acho que o Centro vai ser um diferencial para os Jogos de 2020,
não acho que vai ser um diferencial para 2016 ainda, e nem era planejado
que fosse, porque a gente sabia que a entrega seria próxima aos Jogos,
mas obviamente é bom treinar na nossa casa, fazer a aclimatação no nosso
Centro. É diferente da aclimatação que a gente teve em Manchester, por
exemplo, para Londres. Estar todo mundo junto bastante tempo, treinando,
é importante para ganhar o espírito de corpo da delegação. Não somos um
conjunto de 22 delegações, somos uma delegação brasileira", completa o
dirigente.
Balanço positivo
Se depender do número de eventos-teste feitos para os Jogos
Paralímpicos Rio 2016, o sucesso do evento está garantido. Nunca foram
feitos tantos testes paralímpicos quanto nessa edição. Foram oito no
total: bocha, halterofilismo, rúgbi em cadeira de rodas, natação
paralímpica, goalball, atletismo paralímpico, canoagem e paratriatlo,
sendo que os dois últimos foram feitos junto das modalidades olímpicas.
"Eu acho que foi muito positivo. A operação funcionou, os níveis de
acessibilidade, que é uma especificidade do atleta paralímpico, ficaram
muito bons, bem satisfatório. É claro que são diferentes de instalação
para instalação, mas acho que a operação está bem montada, bem
planejada. Claro que sempre tem o que aprender, uma ou outra falha que
você pode observar e melhorar, mas, de uma forma geral, minha avaliação é
a melhor possível", diz Andrew Parsons.
O presidente do CPB lembrou que também foram feitos testes de
acessibilidade no Aeroporto do Galeão. "Acho que o que mais chamou
atenção foi o rúgbi em cadeira de rodas. Primeiro porque eram seleções
de fora, acostumadas com um nível alto de acessibilidade, como a seleção
canadense, e são atletas que têm deficiência severa, na sua maioria
tetraplégicos ou amputação nos quatro membros. E a opinião dos atletas
estrangeiros foi muito positiva no que diz respeito à acessibilidade e à
operação de chegada no Aeroporto do Galeão. Acho que o Galeão melhorou
muito. Ele era um exemplo bastante negativo há alguns anos em termos de
acessibilidade, e tem se mostrado muito melhor na recepção e operação
para passageiros ou atletas com deficiência", afirma Andrew.
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