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Opinião: Como lidar com o doping?

Doping. Mais e mais resultados que surgem. Dessa vez a vilã não é a Rússia, mas a China, que de uma única vez perde três de seus tão celebrados ouros em Pequim. Todos do Levantamento de Peso.

Mas será que a vilã é mesmo a China? A culpa é do país? A culpa é da Federação Chinesa de Levantamento de Peso? Pode ser que sim, vamos analisar.

China, como Rússia, usaram os eventos organizados em seu território como uma demonstração de força, de soberania e domínio contra os Estados Unidos. Com um programa olímpico invejável, a China investiu em inúmeros esportes com o objetivo de terminar o quadro de medalhas dos Jogos de 2008 na liderança, e conseguiu. (É bem verdade que duas olimpíadas depois pudemos ver que o investimento olímpico aparentemente não era a longo prazo, uma vez que o Titanic chinês afundou no Rio, mas essa é outra história).

Pois bem, devido à similaridade dos casos a Federação Chinesa de Levantamento de Peso deve ser suspensa por um ano, perdendo assim o Mundial da modalidade. Agora, nove anos depois, quando aqueles atletas já não disputam mais. Aí eu te pergunto, caro leito, adianta? Na minha opinião, não. Ora, fulano competiu sob efeito de substâncias ilegais, anule seus resultados, não precisa enfeitar. Para mim, essa vontade de responsabilizar a coletividade é apenas uma medida para que o público pense, inocentemente, que algo está sendo feito contra o doping.


“Ah mas tem que punir” você pode dizer. Pois bem, vamos pensar um pouco. Imagine que você participe de uma equipe, de qualquer esporte, em sua escola/faculdade/trabalho. Agora imagine que será realizado um daqueles torneios interclasse ou algo parecido. Imaginou? Então está lá você e o resto de sua equipe prontos para competir quando chega uma decisão de que vocês, que são honestos, não podem disputar. “Ora, mas porquê?” - vocês perguntam - e a direção do torneio responde: “Porque a equipe de 2008 competiu sob efeito de doping”. E então? É justo?

Aqueles da equipe de 2008 não estão mais lá. A punição recai sobre os de agora. Me parece algo como minha irmã cometer um crime e toda a minha família ser presa por isso. Totalmente descabido, são dois pesos e duas medidas. O princípio da responsabilidade coletiva é um absurdo sem tamanho.
“Ah mas tem que ver que a federação é punida, mas os atletas podem competir sob bandeira neutra”. Sim, é verdade, mas aí vem um dilema que apenas os atletas podem saber como é, o de competir sem um país, sem se ver representando um país que investiu nele, sem ouvir o hino nacional e ver a bandeira tremular em um momento de consagração. 

Voltemos ao exemplo anterior: você e seus colegas tem a oportunidade de disputar o torneio, mas sem representar sua escola/faculdade/trabalho. Seus resultados, por mais que seja o título, não constarão na história da instituição que você gostaria de ter representado. “Ah, mas vou ter disputado”. Sim, representando o nada.

Esse dilema de competir sem representar seu país é difícil, alguns podem não ver problema, alguns vem como algo inimaginável. Para mim, uma competição esportiva tem que ter atletas defendendo seus países, nada mais sem graça que “defender bandeira neutra”, mas é uma visão pessoal, você pode achar o contrário.


E mais uma coisa. Temos doping? Temos sim. Mas e as chamadas “autorizações terapêuticas”?. Para mim é doping. Imagine só (eu sei que já disse para imaginar muito, mas essa é a última vez): você e seu maior rival competiram em uma prova e você venceu. Depois do exame antidoping você é desclassificado, mas seu rival, que testou positivo para a mesma substância, não. Acontece que ele tinha “autorização terapêutica”. Justo?

Enquanto existirem “autorizações terapêuticas” eu não posso acreditar que o combate ao doping é realmente efetivo.

Foto: AP; Reuters/Aly So

*As opiniões emitidas neste artigo não exprimem, necessariamente, o ponto de vista do site Surto Olímpico, sendo de responsabilidade de seu autor.

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