Encerrando o nosso especial sobre os 365 dias que faltam para os jogos de inverno em Pyeongchang, conversamos com o presidente da CBDN, Stefano Arnhold, que falas das metas da CBDN para os jogos de 2018 e da evolução dos esportes de inverno desde a primeira participação em Albertville 1992. Confira:
- Como estão os preparativos dos esportes de neve para Pyeongchang? Quantos atletas a Confederação planeja enviar para os Jogos?
O período de classificação para os Jogos de 2018 começou em Julho de 2016 e se estende até Janeiro de 2018 para os Jogos Olímpicos e Fevereiro para os Paralímpicos. Entramos agora no início da temporada no hemisfério norte, onde se concentra talvez o maior número de provas classificatórias e os Campeonatos Mundiais das várias modalidades.
Para Sochi, somando ambos os eventos, conseguimos classificar 8 atletas e nosso objetivo para 2018 é superar esta marca classificando 9 ou, quem sabe, 10 atletas.
- O melhor resultado do Brasil em jogos de inverno foi o nono lugar da Isabel Clark em 2006. Existe alguma expectativa de superar ou igualar esse feito em 2018?
O resultado da Isabel foi realmente espetacular e será muito difícil de repetir. Estamos fazendo um trabalho em conjunto com a Isabel, seu treinador Iván e uma equipe multidisciplinar que contém treinadores assistentes, psicólogo esportivo, nutricionista, fisioterapeuta, preparador de prancha e preparadora física para que a atleta chegue aos jogos no melhor de sua forma física e técnica, além de uma bagagem competitiva bem superior a que possuía em Turim 2006.
A Jaqueline Mourão vai tentar, e tem grandes chances de conseguir, o melhor resultado de todos os tempos na prova de 10km em técnica livre no Cross Country. Existe a possibilidade dela se classificar pelo índice A, que seria um feito inédito para o Cross Country Latino-Americano.
O Michel Macedo disputa uma vaga no Esqui Alpino com o Guilherme Grahn, sendo que Michel surpreendeu a todos ao conquistar o 15º. Lugar no Super G dos Jogos Olímpicos da Juventude em Lillehammer, na Noruega, no início de 2016.
No Para Snowboard, Andre Cintra competiu em Sochi numa classe única que não diferenciava os amputados acima do joelho (caso dele) dos amputados abaixo do joelho. Para a Coréia estas classes foram divididas trazendo uma nova dimensão para as provas dele.
No Para Cross Country Fernando Aranha deverá ser acompanhado de outros atletas, inclusive estamos tentando classificar perla primeira vez uma mulher para as Paralimpíadas de Inverno.
- Como é o trabalho de aquisição de novos atletas para os esportes de inverno, tendo vista a dificuldade de achar talentos em país tropical como o Brasil?
É um trabalho contínuo que agora foi sistematizado no Cross Country, onde começamos a trabalhar com atletas cada vez mais jovens graças a uma fantástica parceria com a ONG Ski na Rua, capitaneada por nosso ex-atleta de Vancouver e Sochi, o Leandro Ribela. Era comum os atletas começarem a treinar conosco após os 25 anos de idade e, recentemente, começamos a trabalhar com atletas de 15 a 16 anos, para em seguida iniciar com atletas de 13 a 14 anos. Agora já estamos recebendo atletas de 7 a 8 anos.
Estamos num trabalho de longo prazo que deverá dar seus primeiros frutos em 2030, mas já estamos colhendo os primeiros resultados: se olharmos o Ranking Latino-Americano de Cross Country vamos encontrar 5 brasileiras entre as primeiras 6 do continente e 5 de nossos homens entre os primeiros 8 (ou seja, 10 brasileiros entre os 13 melhores do continente).
- Você está à frente da Federação há algum tempo e atua como chefe de missões olímpicas desde 2002. Como você avalia a evolução do Brasil nos esportes de inverno?
A progressão foi muito grande: Em 2002, ficamos no último lugar no Cross Country tanto no masculino quanto no feminino. Agora temos chance de classificar uma atleta pelo índice A para 2018, saindo da estreia para a liderança continental em apenas 14 anos.
A estreia em 2002 no Cross Country foi muito importante para nós, pois até 1998 tínhamos apenas participado no esqui alpino. Assim participamos em 2006 pela primeira vez no Snowboard e em 2014 pela primeira vez no Biathlon e no Ski Aerials, saindo de uma única modalidade em 1994 para 5 modalidades em 2014. Isso sem falar na estreia do Paralímpico também em Sochi em duas modalidades.
Em termos de desempenho no Slalom Gigante do Ski Alpino nossos heróis estreantes em Albertville conseguiram marcas que foram superadas respectivamente em 100% no feminino e 160% no masculino. No Cross Country, Jaqueline bateu a marca de estreia em 2002 por 130% e o maior destaque foi sem dúvida nenhuma a Isabel com seu 9º Lugar em Turim. Colecionamos também um 30º. lugar do Nikolai Hentsch no Slalom Gigante de Turim, um 14º lugar da Isabel no Snowboard Cross de Sochi e um 22º lugar da Josi no Aerials também em Sochi. No Paralímpico, tivemos um 15º lugar do Fernando Aranha logo na estreia em Sochi no Para Cross Country.
Nos Jogos Olímpicos de Sochi haviam 87 países participantes, apenas 31 tinham mais atletas que o Brasil e 55 nações tinham menos atletas que o Brasil, a maioria com neve.
- Como é o relacionamento da CBDN com a CBDG? Existe uma cooperação ou cobrança de resultados entre as entidades?
Desde que a nova gestão assumiu a CBDG, temos procurado ajuda-los e também aprendido muito com eles. Este intercambio é muito importante para ambas as entidades pois se trata da gestão de modalidades complexas e muito variadas entre si. Juntas competem por 102 medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos (61 na neve e 41 no gelo) em 7 esportes com 15 modalidades esportivas e um total de 23 disciplinas diferentes (8 no gelo e 15 na neve). Disciplinas estas que apresentam alta velocidade, baixíssimas temperaturas, altitude, obstáculos impressionantes e/ou grande esforço em provas de endurance. São muito poucas as Confederações que gerem um portfólio tão amplo de modalidades esportivas.
- O senhor disputa competições Masters. Gostaria de ter disputado uma Olimpíada de inverno pelo Brasil?
O sonho de todo atleta de alto rendimento é a disputa dos Jogos Olímpicos ou Paralímpicos.
Embora tenha praticado handebol e rugby e, atualmente o esqui alpino e minhas maratonas, nunca atingi o nível requerido para integrar uma equipe olímpica.
- Recadinho para os leitores do Surto Olímpico
Convido a todos a acompanhar os esportes na neve rumo aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Pyeongchang na Coréia do Sul em 2018, pois a torcida é um forte fator motivacional para nossos atletas, que buscam as melhores marcas de todos os tempos e a liderança continental.
fotos: CBDN/Divulgação
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