A União Internacional de Ciclismo (UCI, na sigla em inglês) está preocupada com o destino do Velódromo construído para a Olimpíada do Rio e se mostra disposta a levar ao Brasil até mesmo a Copa do Mundo para garantir a viabilidade financeira da instalação. Mas a entidade com sede na Suíça alerta que a iniciativa de um evento desse porte terá de partir das autoridades do País e que é necessário apresentar uma proposta dentro dos padrões internacionais.
O governo federal estima que em 2017 vai gastar R$ 10 milhões na manutenção do local, que está fechado desde o fim dos Jogos. Desde agosto, por exemplo, o ar condicionado está ligado para evitar que a pista trazida da Europa estrague.
O Velódromo foi uma das obras mais caras da Olimpíada. Consumiu em recursos públicos mais de R$ 140 milhões. Para 2017, apenas uma competição local está marcada para o equipamento. Nos últimos meses, empresários apareceram com proposta para transformar a pista em um ginásio para futsal e até em discoteca, o que descaracterizaria o investimento e sua função esportiva.
Ricardo Nogare, brasileiro que recebeu da UCI a incumbência de negociar o futuro do Velódromo, acredita que a única forma de garantir a sustentabilidade do local é criar um centro de excelência filiado à entidade internacional para capacitar talentos e também técnicos. Ex-ciclista e campeão brasileiro júnior, ele também é o atual embaixador da UCI para a Comissão de Ciclismo para Todos.
Nogare estima que esse centro atrairia eventos internacionais de grande porte, como uma etapa da Copa do Mundo de pista. "O custo de uma etapa é de cerca de R$ 2,5 milhões a R$ 3 milhões", disse ao Estado. "Além disso, pode-se envolver a comunidade local com projetos em escolas incentivando jovens a praticar ciclismo e a usar a bicicleta em suas várias formas, seja como transporte, lazer ou esporte."
Ele garante que a UCI está aberta à discussão. "O interesse em sediar uma Copa do Mundo ou em criar um centro de treinamento da UCI para a América Latina tem que partir do Ministério do Esporte", alerta Nogare, que foi o autor da ideia.
O brasileiro diz que a decisão de dar ao Governo Federal a administração do local foi "correta". "Inclusive agiram mais rápido para decidir a questão da administração do que Londres”, comentou. “Depois da Olimpíada de 2012, os ingleses levaram quase dois anos para que o local começasse a funcionar e o impasse foi justamente a questão de administração."
De acordo com o brasileiro, o princípio básico é que a única forma de evitar que essa estrutura se torne um elefante branco é trazer eventos internacionais. "Sem eventos deste porte, torna-se inviável manter uma estrutura olímpica que justamente foi construída para sediar competições de alto nível e internacional", explicou.
Para Nogare, usar uma estrutura como a do velódromo para sediar futsal ou eventos não relacionados ao ciclismo possivelmente não seria viável no longo prazo, visto que isto vai contra o legado olímpico e sem impacto econômico relevante na cidade.
Com informações de: Estadão
foot: Rio 2016/ Alex Ferro
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