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Coluna Surtado no Esporte: A importância das mulheres na performance olímpica do Brasil


A história das mulheres no esporte olímpico brasileiro tem longa data. São mais de 80 anos de luta por igualdade de condições, maiores incentivos ao esporte, reconhecimento e respeito. 

Para se ter uma ideia, somente em 1932, nas olimpíadas de Los Angeles, após 12 anos da primeira participação olímpica do Brasil em Jogos Olímpicos, é que tivemos uma representante do sexo feminino a representar a nossa bandeira. Na verdade, uma garota. Maria Lenk, nadadora, tinha 17 anos quando embarcou para o velho continente junto de uma delegação composta por outros 66 atletas, todos homens. A realidade é que os jogos eram voltados aos homens, sendo as mulheres uma ínfima parcela das atletas e havendo poucas modalidades que a incluíam. Naquela ocasião, os resultados de Maria Lenk não foram tão bons, porém, para a história olímpica do país, significou a abertura de portas para que outras mulheres viessem a defender nossa bandeira.

Outras pouquíssimas mulheres representaram o Brasil durante as olimpíadas que se seguiram, havendo, ainda, grande disparidade. O resultado mais expressivo, veio no atletismo, no salto em altura. Aida dos Santos, única representante mulher do Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964, conseguiu um inédito quarto lugar, mantendo-se como o melhor resultado feminino do país por mais de 30 anos.

ATLANTA 1996

Apenas 76 anos e 39 medalhas depois da primeira medalha olímpica brasileira, conquistada por um homem, as mulheres conseguiram subir ao pódio. O marco se deu em Atlanta/1996. Não só as brasileiras subiram no pódio, como o fizeram várias vezes e em todas as cores naquela ocasião. As seleções femininas de volei e basquete, respectivamente, angariaram as medalhas de bronze e prata. E quem fez história, também, foi o vôlei de praia, com a primeira medalha de ouro e a primeira dobradinha para o Brasil, quando Sandra Pires e Jaqueline Silva se tornaram campeãs olímpicas e Adriana Samuel e Mônica Rodrigues ficaram com a prata. 


Desempenho Atlanta/1996: 
Homens: 2 ouros, 1 prata e 8 bronzes 
Mulheres: 1 ouro, 2 pratas e 1 bronze 

SIDNEY 2000

Quatro anos depois, em Sidney/2000, as meninas continuaram a garantir medalhas para o esporte olímpico brasileiro. Adriana Behar e Shelda, por exemplo, foram medalhistas de prata, Sandra Pires e Adriana Samuel ficaram com o bronze da modalidade e as seleções femininas de basquete e vôlei garantiram o bronze também. 


Desempenho Sidney/2000: 
Homens: 5 pratas e 3 bronzes 
Mulheres: 1 prata e 3 bronzes 

ATENAS 2004

Em Atenas/2004, o bom desempenho brasileiro teve contribuição de duas medalhas vindas de atletas do sexo feminino, ambas de prata, com Adriana Behar e Shelda (vôlei de praia) e a equipe feminina de futebol. 


Desempenho Atenas/2004: 
Homens: 5 ouros e 3 bronzes 
Mulheres: 2 pratas 

PEQUIM 2008

Em Pequim, um marco histórico. Pela primeira vez, o desempenho das mulheres superou a dos homens, ao menos em “peso” das medalhas. Foram duas medalhas de ouro, conquistadas pelo vôlei feminino e por Maurren Maggi, no salto em distância. Maurren, aliás, se tornou a primeira mulher brasileira, em uma modalidade individual, a se sagrar campeã olímpica. E não para por aí. Dias antes do ouro de Maggi, Ketleyn Quadros, do Judô, tornou-se a primeira brasileira, em uma modalidade individual, a subir no pódio olímpico, ganhando o bronze. Além dela, Natália Falavigna conquistou a primeira medalha na história do Taekwondo do Brasil e Fernanda Oliveira e Isabel Swan foram pioneiras na vela, assegurando o bronze. 

Os jogos na China ainda reservaram uma nova prata no futebol feminino. Além disso, houve uma medalha tardia para elas. Após 8 anos do término das olimpíadas, o Comitê Olímpico Internacional oficializou que o revezamento 4x100 rasos feminino do Brasil havia herdado a medalha de bronze, devido à exclusão da Rússia por doping. 


Desempenho Pequim/2008: 
Homens: 1 ouro, 3 pratas e 6 bronzes 
Mulheres: 2 ouros, 1 prata e 4 bronzes 

LONDRES 2012

Quatro anos depois, em Londres, as mulheres reinaram mais uma vez. A primeira medalha de ouro no Judô, um dos esportes olímpicos mais vencedores do país, com Sarah Menezes, e o bicampeonato inédito para as atletas femininas no Vôlei foram os dois títulos olímpicos conquistados por elas. Além disso, Mayra Aguiar (Judô), Juliana e Larissa (vôlei de praia), Adriana Araújo (boxe) e Yane Marques (pentatlo moderno) foram medalhistas de bronze. Adriana e Yane foram pioneiras em seus respectivos esportes, sendo as primeiras medalhistas mulheres na modalidade. E Yane foi além, sendo a primeira atleta, entre homens e mulheres, a ser medalhista na modalidade pelo Brasil. 



Desempenho de Londres/2012: 
Mulheres: 2 ouros e 4 bronzes 
Homens: 1 ouro, 5 pratas e 5 bronzes 

RIO 2016

Nas Olimpíadas disputadas em casa (Rio/2016), embora não tenham, pelo que seria a terceira vez consecutiva, superado os homens, as mulheres fizeram bonito e mantiveram a média de ouros das olimpíadas de Pequim e de Londres. Foram duas. A primeira com Rafaela Silva, no judô, e a segunda com Martine Grael e Kahena Kunze, sendo as primeiras mulheres a ganhar ouro olímpico na vela. 

Além delas, Ágatha e Bárbara subiram ao pódio para levar a medalha de prata. Mayra Aguiar ganhou sua segunda medalha olímpica, tornando-se a primeira atleta de modalidade individual a ganhar duas medalhas em duas edições olímpicas diferentes. Teve também o enorme resultado de Poliana Okimoto que, com seu bronze, escrever seu nome no rol olímpico, como a primeira medalhista do Brasil em esportes aquáticos. 


Desempenho da Rio/2016: 
Homens: 5 ouros, 5 pratas e 4 bronzes 
Mulheres: 2 ouros, 1 prata e 2 bronzes 

E como seria o Brasil olímpico sem as mulheres?

Se antes das olimpíadas de Atlanta os homens eram responsáveis por 100% das medalhas olímpicas. De Atlanta para cá o cenário mudou. Desde então, foram conquistadas 90 medalhas, das quais 24 foram garantidas pelas mulheres. Um percentual de aproximadamente 30%. 

Em relação às medalhas de ouro, neste mesmo período de tempo foram conquistados 21 títulos olímpicos, dos quais sete, ou um terço, sob a batuta das mulheres. 

No entanto, se limitarmos a contagem para Pequim, há 11 anos, até as olimpíadas do Rio, os percentuais são ainda melhores. Nesse período foram 53 medalhas, sendo 18 delas. Portanto, 34% do total. Se separarmos apenas as medalhas de ouro, o desempenho é surpreendente. Das treze medalhas de ouro entre Pequim e Rio, 46% foram vencidas por atletas do sexo feminino. Número equilibrado e expressivo, demonstrando com clareza que o esporte feminino vem ganhando cada vez mais espaço na história olímpica do Brasil. 

O número de mulheres representando o Brasil também tem aumentado e se tornado cada vez mais paritário. Nas últimas quatro edições dos Jogos, a maior disparidade foi na Rio/2016. 

Vejamos os números: 

OLIMPÍADA
HOMENS
MULHERES
DELEGAÇÃO TOTAL
ATENAS/2004
125
122
147
PEQUIM/2008
145
132
277
LONDRES/2012
135
122
252
BRASIL/2016
256
209
465

Lembram-se que a Coluna Surtado no Esporte abordou sobre a performance do Brasil no quadro olímpico? Pois bem. O Brasil, que figura na posição nº 35 no ranking olímpico histórico, sem elas estaria em 39º, atrás da Jamaica e perdendo o posto de quarta maior potência continental. E a cota sob a responsabilidade delas só aumenta. Estão dominando.

E nas olimpíadas de inverno?

Todos sabemos que o nosso país tropical sofre nas olimpíadas de inverno. Sem locais adequados para treinamentos, os atletas têm que ser enviados a outros países ou são, em muitos casos, filhos de brasileiros que moram no exterior.

Brasil ainda busca sua primeira medalha nas olimpíadas de inverno, mas o resultado mais expressivo do país na competição pertence a uma mulher. Nos jogos de Turim/2006, na Itália, Isabel Clark conseguiu um histórico 9º lugar. Posição ainda não superada, passados treze anos e 3 olimpíadas.


Nos jogos mais recentes, em PyeongChang/2018, uma brasileira foi responsável pela melhor performance do país na competição. A patinadora Isabora Williams foi à final da modalidade no programa curto. Classificou-se em 17º para as finais e terminou em 24º lugar.

Um obrigado a todas as mulheres olímpicas do Brasil

Apesar de todos os números acima, nem só de medalhas vive um país. Não podemos esquecer de tantas e tantas atletas que deram seu melhor para o país e, mesmo não tendo conseguido medalhas, representaram com amor nossas cores, sendo fonte de inspiração para as gerações e merecendo todo o reconhecimento, gratidão e reverência. 

Parabéns, mulheres olímpicas, mulheres esportistas, mulheres do Brasil!

Fotos: Divulgação

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