Uma competição nos moldes olímpicos: várias modalidades em disputas
simultâneas, uma vila para cerca de 6 mil atletas e a oportunidade de
enfrentar fortes rivais de outros países. Além da face esportiva, os
Jogos Pan-Americanos têm relevância que transcende a simulação do
ambiente dos Jogos Olímpicos e de servir como termômetro da preparação
dos atletas. É no megaevento continental, a ser realizado em Lima, no
Peru, de 26 de julho a 11 de agosto, que grande parte deles brigarão
pela vaga em Tóquio 2020.
O Pan de Lima será um valioso degrau rumo ao Japão para 22 modalidades.
Em 13 delas, a classificação será direta pelo desempenho: hipismo
saltos, adestramento e CCE, saltos ornamentais (trampolim 3m e
plataforma 10m), hóquei sobre grama, nado artístico (dueto e equipe),
pentatlo moderno (individual), surfe (Open Surf), tênis (individual),
tiro esportivo, tiro com arco (individual e equipe no arco recurvo),
vela (Laser Standard no masculino e Laser Radial no feminino) e polo
aquático. Em modalidades como atletismo, badminton, basquete,
levantamento de peso e tênis de mesa, o torneio somará pontos no ranking
olímpico.
"O principal objetivo do COB para o Pan é classificar o maior número de
modalidades e atletas para os Jogos Olímpicos de Tóquio", afirma
Sebastian Pereira, gerente executivo de Alto Rendimento do Comitê
Olímpico do Brasil (COB), acrescentando que a entidade estabelece, junto
às confederações de cada modalidade, as competições internacionais
prioritárias do calendário para a formação da delegação brasileira.
"O surfe, por exemplo, tem no Circuito Mundial as maiores chances de
classificação olímpica e, por isso, não enviará a Lima os principais
atletas", exemplifica. Já o atletismo e a natação, segundo ele, deverão
estar com "força máxima". "A natação competirá no Mundial da Coreia com
24 atletas, que se juntarão a outros 12 em Lima. Já o atletismo
utilizará a competição como preparação para o Mundial de Doha", conta
Pereira.
A estimativa do COB é levar cerca de 500 atletas a Lima. Na última edição, em Toronto 2015, os brasileiros faturaram 141 medalhas.
"Não temos meta de medalhas definida, até porque a delegação está em
formação. Além de classificar o maior número de atletas e de modalidades
para 2020, queremos familiarizar os integrantes da Missão Lima 2019 com
os serviços do COB, principalmente as novas modalidades olímpicas",
afirma.
Hegemonia no Parapan
Já nos Jogos Parapan-Americanos, 13 modalidades buscarão em Lima a
classificação às Paralimpíadas de Tóquio. É o caso, por exemplo, do
basquete em cadeira de rodas, que distribuirá vagas diretas aos três
primeiros no masculino e às duas melhores equipes do feminino. A
classificação direta também estará em disputa no tênis de mesa, no tênis
em cadeira de rodas e no vôlei sentado. Já em modalidades como bocha,
halterofilismo, taekwondo e judô, estão em jogo pontos no ranking.
"A maioria das modalidades do programa do Parapan de Lima será
classificatória direta ou terá marcas válidas para Tóquio 2020. Além
disso, como os formatos de competição do Jogos Parapan e dos Jogos
Paralímpicos são parecidos, a participação no Parapan faz com que muitos
atletas ganhem experiência significativa nesse modelo de disputa",
avalia o diretor-técnico adjunto do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB),
Jonas Freire.
Em duas modalidades, a seleção brasileira já carimbou o
passaporte para o Japão por meio dos mundiais em 2018. Tetracampeã
paralímpica, a equipe de futebol de 5 faturou o pentacampeonato mundial
em Madri, na Espanha, e garantiu antecipadamente a presença. No
goalball, os elencos masculino e feminino também estão garantidos. No
Mundial de Malmö, na Suécia, os homens sagraram-se bicampeões e as
mulheres faturaram a medalha de bronze. Ainda assim, o Parapan é visto
como boa oportunidade de reencontrar alguns dos rivais.
"Nas Américas estão concentradas grandes forças mundiais do futebol
de 5, como Argentina e Colômbia, e do goalball, como Estados Unidos e
Canadá. São adversários diretos do Brasil na busca pela medalha de ouro
em Tóquio. O evento servirá também como grande teste para nossas
seleções buscarem o aperfeiçoamento esportivo, além da busca pela defesa
do título de melhor das Américas", explica Freire.
O Brasil foi o maior medalhista das últimas três edições do Parapan: no Rio de Janeiro, em 2007; em Guadalajara, em 2011; e em Toronto, em 2015.
A meta é, entre 23 de agosto e 1º de setembro, ocupar novamente o
primeiro lugar geral. O CPB prevê o envio de uma equipe com cerca de 300
atletas, maior do que a de 272 que competiu no Canadá. Há quatro anos, o
Brasil conquistou 257 medalhas: 109 de ouro, 74 de prata e 74 de
bronze.
Uma das medalhas de prata naquela ocasião foi conquistada pelo mesatenista Israel Stroh – a modalidade, aliás, fez campanha histórica em Toronto, subindo 31 vezes ao pódio.
No ano seguinte, Stroh faturou uma nova prata, desta vez nos Jogos Rio
2016. O paulista se tornou o primeiro atleta do país a conquistar uma
medalha individual no tênis de mesa em Jogos Paralímpicos. Em Lima,
Israel tem chance de garantir a vaga para mais uma edição do megaevento,
já que os campeões de cada classe se classificam direto para Tóquio.
"O Parapan é o caminho mais curto e rápido. Em Toronto fui prata,
então não me classifiquei direto para o Rio. Tive de disputar vaga pelo
ranking mundial e só me classifiquei no fim do ano", relembra o atleta,
hoje com 32 anos. "Ganhar o Parapan te dá a tranquilidade de pensar na
Paralimpíada com mais tempo. Você tem um ano com essa certeza de que vai
jogar. É importante para perder a ansiedade pela classificação",
analisa Israel, atualmente o 10º do mundo na Classe 7.
"A dedicação incansável de nossos atletas e profissionais, aliados à
identificação de novos talentos, à realização de eventos esportivos, ao
foco na busca pelos melhores serviços aos atletas, períodos de
treinamentos, competições preparatórias, à ciência do esporte, à
inteligência esportiva, à busca pelas melhores tecnologias e outros
fatores e ações em conjunto resultarão em grandes performances em Lima
2019", aposta o diretor-técnico adjunto do CPB.
Foto: Rede do Esporte
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