O Brasil faturou um pódio triplo e dois duplos nesta terça-feira, 12, sexto dia do Campeonato Mundial de Atletismo Paralímpico, em Dubai. Ao todo, foram nove medalhas conquistadas apenas nesta terça-feira, o que elevou a contagem de conquistas em solo árabe a 25 pódios, quatro a mais que na última edição do Mundial de Londres, em 2017.
A China lidera o quadro de medalhas, com 41 no total, 17 das quais de ouro. Quem rivaliza pela vice-liderança com o Brasil é a Ucrânia. Os ucranianos também têm nove campeões, porém uma prata a menos que o time verde-amarelo (6 a 5). A competição é realizada no Dubai Club for People of Determination desde a quinta-feira, 7, e segue até o dia 15 de novembro. A Seleção Brasileira conta com 43 atletas entre os 1.400 inscritos de 120 países.
A prova com o pódio completo para o país foi os 100m da classe T47 (amputados de braço). O paraibano Petrúcio Ferreira ocupou o lugar mais alto, o carioca Washington Júnior foi o vice-campeão e o alagoano Yohansson Nascimento levou o bronze.
Desde os primeiros metros, os três brasileiros dominaram a prova. Petrúcio não largou bem, Washington lançou-se à frente, seguido de Yohansson. O paraibano recuperou-se após 20 metros e assumiu a dianteira na segunda metade da prova. Cruzou a linha de chegada com 10s44, a segunda melhor marca entre todas as competições paralímpicas do mundo. Washington fechou em 10s58 e Yohansson, 10s69. Para esta dupla, as marcas representam os melhores tempos da carreira.
“Era uma meta nossa este pódio triplo. Estava confiante que chegaria entre os três. É uma dificuldade minha a largada, nos primeiros 30 metros, demoro a desenvolver, mas consigo encaixar durante o percurso. Fiz uma corrida de recuperação. Minha alegria foi maior ainda quando vi o Washington do meu lado, porque ele me deu trabalho durante a prova”, relatou Petrucio, que perdeu a mão esquerda aos dois anos de idade devido a um acidente em uma máquina de moer capim.
“É uma honra no meu primeiro Campeonato Mundial estar entre os três melhores do mundo. Eu larguei muito bem, acompanhei o Petrúcio, mas ele passou por mim. Olhei para o lado e o Yohansson estava cruzando a linha de chegada também. Nem liguei para os tempos quando vi que deu pódio triplo para o Brasil, só fiquei muito contente”, comentou Washington, que nasceu com má-formação no braço direito.
“Eu estou muito feliz por fazer parte dos 100m T47 mais fortes da história paralímpica. Eu tenho 32 anos, fiz minha melhor marca da vida, conquistei minha 11ª medalha e o índice para os Jogos de Tóquio 2020. Então, foi um sucesso essa prova”, celebrou Yohansson, que nasceu sem as duas mãos.
Neste mesmo dia, o paraibano Petrúcio Ferreira, 22, quebrou o recorde mundial dos 100m da classe T47 durante a semifinal que venceu para chegar a grande final. Ele completou a prova em 10s42 e superou sua própria marca estabelecida em junho de 2018, quando cumpriu os 100m em 10s50 durante a etapa de Paris do circuito promovido pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês).
O primeiro pódio brasileiro saiu na madrugada (no Brasil) desta terça-feira. Izabela Campos abriu o dia ao conquistar o bronze no lançamento de disco F11. Mas quando a sessão da noite em Dubai começou, veio a enxurrada de dobradinhas brasileiras.
A primeira foi nos 100m da classe T11 (cegos). Jerusa Geber, guiada por Gabriel Garcia, com o tempo de 11s80, marca que lhe valeria o recorde mundial, não fosse o vento em 2,4 positivo. Lorena Spoladore, com Renato Benhur, faturou o bronze (12s03) em uma reação nos últimos metros para ultrapassar a chinesa Guohua Zhou, que ficou em quarto. Cuiqing Liu, chinesa que havia sido derrotada nos 400m pela potiguar Thalita Simplício, tornou a ficar com a prata agora nos 100m (11s87).
“Eliminatórias, semifinais e final foram muito disputadas, as chinesas vieram com tudo, elas não estavam para brincadeira, mas estamos focados desde o início do ano para este Mundial”, disse Jerusa, após a medalha de ouro.
Logo em seguida, Rayane Soares, que foi a primeira brasileira campeã neste Campeonato Mundial, ainda na quinta-feira, 7, nos 400m da classe T13, voltou a subir ao pódio nesta terça-feira, 13. Ela foi prata nos 200m, com o tempo de 25s22. Apenas Leilia Adzhametova, da Ucrânia, foi capaz de superá-la (24s35).
O segundo pódio duplo foi composto por Joeferson Marinho no vice-campeonato e Fabricio Ferreira em terceiro nos 100m T12 (baixa visão). Esta foi uma das provas mais aguardadas em todo o Campeonato Mundial. O vencedor foi o congolês naturalizado norueguês Salum Kashafali. Ele é estreante em mundiais, apesar dos 25 anos, e chegou a correr a 10s44 na semifinal, que seria uma das maiores marcas de todos os tempos não fosse pelo vento soprando a favor em 3,8.
Na final, Kashafali foi ladeado por Joeferson e Fabrício. Ele teve dificuldades na largada, mas ao fim da primeira metade conseguiu distanciar-se dos brasileiros e cravou 10s54, novo recorde do campeonato. Joeferson fechou em 10s77 e Fabrício, 10s84.
“Prova bastante agradável por estar perto dos melhores do mundo, oportunidade que nunca havia tido e gostei muito do que apresentei neste meu primeiro Mundial”, disse o paraibano Joeferson. “Esta prova evoluiu muito, conseguimos chegar a esta evolução. Se você pensar que no Mundial de dois anos atrás, em Londres, dava para chegar à final com 11 segundos, e aqui em Dubai fomos todos na casa dos 10 segundos. Esse bronze é muito importante, vou voltar para casa e treinar ainda mais”, comentou o sul-matogrossense Fabrício.
Esta quarta-feira, 13, sétimo dia de Mundial contará com a presença de 13 brasileiros, sete dos quais em finais. O campeão paralímpico do lançamento do disco da classe F11 (cegos), Alessandro Rodrigo, entrará em cena às 2h da manhã do Brasil nesta prova. O veterano Lucas Prado também disputa a final dos 100m T11 e terá a companhia do fluminense Felipe Gomes - esta prova a partir das 11h36 (de Brasília). Outra final com dupla brasileira é a dos 200m T37 (paralisados cerebrais): Vitor de Jesus avançou com o melhor tempo, enquanto que o jovem Christian Gabriel está com a quarta marca.
Abaixo os resultados dos brasileiros que competiram na madrugada desta terça-feira, 12, sexto dia de Mundial de Atletismo, em Dubai:
Finais
100m (T11): Lorena Spoladore - bronze
100m (T11): Jerusa Geber - ouro
200m (T13): Rayane Soares - prata
100m (T12): Fabrício Ferreira - bronze
100m (T12): Joeferson Marinho - prata
100m (T47): Petrúcio Ferreia - ouro
100m (T47): Yohansson Nascimento - bronze
100m (T47): Washington Júnior - prata
Lançamento de disco (T11): Izabela Campos – bronze
Eliminatórias
100m (T11): Daniel Mendes – 5º lugar
100m (T11): Felipe Gomes – 4º lugar*
100m (T11): Lucas Prado – 3º lugar*
200m (T37): Christian da Costa – 4º lugar*
200m (T37): Mateus Evangelista – 9º lugar
200m (T37): Vitor de Jesus - 1º lugar*
200m (T11): Jerusa Geber – 4º lugar**
200m (T11): Thalita Simplicio – 1º lugar**
200m (T11): Lorena Spoladore – 2º lugar**
100m (T36): Táscitha Cruz – 6º lugar*
200m (T12): Ketyla Teodoro – 7º lugar
200m (T12): Viviane Ferreira – 5º lugar
*Classificado para final
**Classificado para semifinal
Confira a programação dos brasileiros nesta quarta-feira, 13 (horário de Brasília):
Madrugada
2h00 - Alessandro Rodrigo, final do lançamento de disco (F11)
2h06 - Verônica Hipólito, 100m (T37)
4h00 - Lorena Spoladore, 200m (T11)
4h08 - Jerusa Geber e Thalita Simpicio, 200m (T11)
4h16 - Fernanda Yara, 200m (T47)
Tarde
11h28 - Táscitha Cruz, final dos 100m (T36)
11h36 - Lucas Prado e Felipe Gomes, final dos 100m (T11)
12h02 - João Vitor Teixeira, final do lançamento de disco final (F37)
13h15 - Vitor de Jesus e Christian da Costa, final dos 200m (T37)
13h32 - Vinícius Rodrigues, 100m (T63)
Foto: Alê Cabral/CPB
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