A data de 26 de março de 2020 deveria ficar marcada na história para os japoneses. Seria o dia da início do revezamento da tocha olímpica em Fukushima, no nordeste do Japão. No entanto, com a decisão de adiar as Olimpíadas para 2021, o revezamento foi cancelado.
Na quinta-feira, 26, quando seria dado o pontapé inicial das celebrações rumo aos Jogos de Tóquio, uma equipe da Reuters saiu por Fukushima perguntando aos moradores suas opiniões sobre o cancelamento. O sentimento era de tristeza, mas também de compreensão pelas ruas da cidade.
"É um pouco lamentável. Eu estava ansiosa pelo revezamento da tocha", disse Mai Sakata, uma dona de casa de 31 anos, que planejava ver a tocha passando perto de sua residência.
"Mas com o coronavírus, acho que o adiamento foi a mudança necessária pra fazer as pessoas se sentirem seguras", completou ela.
Dotado de simbolismo, o revezamento da tocha olímpica marcaria o "renascimento" do Japão e, principalmente, de Fukushima, cidade que foi destruída por um acidente nuclear em 2011, vitimando mais de 18 mil pessoas.
Até mesmo os mais jovens, que sofreram com a dor quando ainda eram crianças, carregaram um sentimento de amargura, mas compreenderam que a decisão foi a melhor a ser tomada.
"Tenho 20 anos e achei que seria uma lembrança para marcar neste ano, mas acabou, então estou triste", disse o estudante Nao Nitta.
"Acho que o revezamento da tocha é algo muito importante pro Japão, mas o cancelamento nesse momento foi inevitável", disse Yu Kurashige, de 16 anos. "A coisa mais importante é a segurança de todos", finalizou.
Foto: Charly Triballeau/AFP
Apesar dos cancelamentos, a chama olímpica continuará no Japão até a realização dos Jogos no próximo ano. A chama chegou em solo japonês no dia 20 de março, vinda da Grécia. Por lá, no berço das Olimpíadas, a tradicional perna grega do revezamento também já havia sido cancelada.
Assim como o início da cerimônia da tocha olímpica, a realização dos Jogos Olímpicos no próximo ano também será marcada por simbolismo. O primeiro-ministro Shinzo Abe vincula o maior evento esportivo do planeta à luta contra o coronavírus, dizendo que os Jogos servirão de testemunho da vitória da humanidade sobre a pandemia.
Thomas Bach, presidente do COI, tem postura semelhante. Em todos os seus discursos, o alemão afirma que a chama olímpica representará a esperança no fim do túnel de dificuldades que passa a humanidade.
Foto: Stoyan Nenov/Reuters
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