O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, concedeu entrevista ao portal alemão Welt am Sonntag, que foi ao ar neste domingo, 12, onde comentou sobre o adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio, bem como os dias antecedentes à decisão e os impactos econômicos e esportivos que se sucederão no futuro. Ele se defendeu das acusações de "hesitação" na tomada de decisão.
Antes programada para ser iniciada em 24 de julho de 2020, a Olimpíada de Tóquio teve de ser adiada para o verão de 2021 por conta da pandemia do coronavírus. Apesar de ter sido a opção mais sensata tomada pelo COI, a entidade foi muito criticada pela demora em sua decisão, sofrendo muita pressão de atletas, dirigentes e comitês.
"Em tais situações emocionais, como pessoa responsável, você não pode tomar decisões com base no instinto”, disse Bach. “Realmente não podemos ser acusados de hesitação ou falta de conselhos e transparência”.
Com o primeiro caso datado na China em dezembro do ano passado, Bach explicou que, no início, o coronavírus não era uma preocupação para o megaevento. O presidente lembrou que, em meados de fevereiro, foi criada uma força-tarefa entre COI e a Organização Mundial da Saúde (OMS) para monitorar a situação global e analisar os perigos futuros.
Japoneses com máscaras, no início de fevereiro (Foto: Kim Kyung-Hoon/REUTERS)
Somente em 21 de março, quando a propagação atingiu nível mundial e se intensificou nos continentes sul-americano e africano, foi que Bach percebeu a gravidade real da situação e convocou uma reunião de emergência para discutir a possibilidade de um adiamento dos Jogos. Dois dias depois do encontro, os Jogos foram adiados.
"Porque até então, a pergunta principal havia sido se o Japão seria um anfitrião seguro, mas agora a pergunta que enfrentávamos era se o mundo poderia ser um local seguro", pontuou o presidente, que não cogitou a possibilidade de cancelar o evento. "Cancelar os Jogos significaria destruir o sonho olímpico de 11.000 atletas de 206 Comitês Olímpicos Nacionais e a Equipe Olímpica de Refugiados", disse ele.
Novas datas
Tomada a decisão do adiamento, surgiu uma nova dor de cabeça para o COI: definir as novas datas. Apesar de não definir o cronograma definitivo no comunicado que oficializou o adiamento em 24 de março, a entidade deixou claro que a Olimpíada de Tóquio seria realizada, impreterivelmente, em 2021. Bach explicou que o ano de 2022 não foi considerado por uma questão japonesa.
"Tanto nossos parceiros japoneses como o primeiro-ministro deixaram muito claro para mim que o Japão não poderia administrar um adiamento além do próximo verão. Se deve garantir a disponibilidade da Vila Olímpica. O mesmo se aplica às outras arenas esportivas. Não se pode adiar tudo indefinidamente como se faz com um torneio de tênis ou uma partida de futebol", relatou o alemão.
Shinzo Abe, primeiro-ministro japonês (Foto: Charlie Triballeau/AFP)
O verão de 2021 foi escolhido como novo período para realização da Olimpíada, de 23 de julho a 8 de agosto. As datas, apesar de terem sido escolhidas por unanimidade, também já foram alvo de polêmica esta semana, quando o CEO dos Jogos de Tóquio, Toshiro Muto, disse que não garante a realização dos Jogos no próximo ano, dada a crescente de casos de Covid-19 no Japão nos últimos dias.
Questionado, Bach disse que, no momento, não há perigo e que a equipe de trabalho do COI e da OMS seguem liderando as operações. "Nossa prioridade número um, obviamente, segue sendo a saúde dos atletas e de todos os demais envolvidos nos Jogos, assim como na contenção do vírus. Isto continuará guiando todas as tomadas de decisões".
Futuro financeiro
Bach também comentou algumas das consequências do adiamento dos Jogos, como o aumento de custos para a realização do megaevento. Na entrevista ao portal, o presidente disse que os valores precisos ainda não são conhecidos, mas que já está claro que a organização terá custos adicionais de centenas de milhões de dólares em relação ao projeto original.
Foto: Jean-Christophe Bott/EPA
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