Velocista profissional desde 2016, Noah Lyles não demorou para alcançar o sucesso. Com apenas três anos de carreira, o norte-americano conquistou as medalhas de ouro nos 200m rasos e no revezamento 4x100 durante o Campeonato Mundial de Atletismo em 2019.
Mas além de ser um grande velocista, o atleta norte-americano divide seu coração, mantendo uma outra paixão. O rap.
Com o apelido artístico de "Nojo18", Lyles lançou no último dia 25, seu primeiro álbum, entitulado "A Humans Journey", (Uma jornada de seres humanos, em tradução livre para português). O disco tem cinco faixas musicais conectadas à quatro narrações.
A primeira faixa musical chama-se Walk to Heaven (Caminhar para o céu). Ao ser perguntado sobre por que caminhar ao invés de correr, Lyles é obstinado. "A jornada para o céu não é uma corrida", explicou.
Com a curta carreira paralisada por conta da pandemia de coronavírus, o atleta de 22 anos passou a dedicar mais tempo ainda em atividades criativas. Ele afirma que sempre foi um artista.
"Eu sempre fui artístico de alguma forma. Adoro desenhar, pintar. A música é o mais novo dos meus hobbies ”, acrescentou Lyles. “Isso faz eu me expressar fora da pista. Meu terapeuta estava dizendo que a pista é o meu lado físico, que todo mundo vê, mas a música é o lado emocional e a forma como eu penso o mundo. Eu vejo as coisas de maneiras diferentes", apontou.
Foto: Reprodução/YouTube |
Antes do Campeonato Mundial que o consagrou, Lyles gravou em parceria com Baba Shrimps e Sandi Morris o rap "Souvenir", que faz referências à busca por medalhas de ouro, além de falar sobre perseverança e resiliência nos trechos em que faz suas rimas. "Nós nos esforçamos demais para desistir na chuva" e "Deixe a luz brilhar e diga ao mundo que eu vim", diz a letra.
Em 2019 Lyles fez a 8ª melhor marca da história nos 200m rasos, ao correr o percurso em 19s50, sendo que, das sete marcas que estão à frente, quatro são do recordista mundial e tricampeão olímpico, Usain Bolt. Além disso, Lyles já correu a prova dos 100m rasos abaixo dos 10 segundos.
Em outro rap, "Speed Racer", Lyles incluiu um áudio de seu treinador, Lance Brauman, indicando um treino para fazer, seguido de palavras sobre "estar com velocidade no DNA".
O atleta revelou que passou a infância inteira tendo contato com música, sempre incentivado pela mãe. "Minha mãe garantiu que conheceríamos todos os clássicos, todos os grandes músicos", disse Lyles. “Eu me apaixonei por Michael Jackson, assim como a maioria das pessoas. Meu amor pela dança apenas reforçou meu amor pela música, então quando eu procurei mais coisas para dançar, encontrei gêneros diferentes.
Foto: Reprodução/Capa do álbum A Humans Journey |
O "Rapper das pistas" disse ainda que começou a se envolver profundamente com a música, próximo ao período que tornou-se profissional no atletismo. A prática começou de forma improvisada, buscando batidas gratuitas ou pagando por sons licenciados. Ele escrevia e guardava as letras, mas as rimas não saim de sua cabeça, até que ele percebeu que se tratavam de boas mensagens para passar ao mundo e decidiu gravá-las.
Espera-se que Lyles seja uma das grandes estrelas dos Jogos Olímpicos de Tóquio, adiados para 2021. Entretanto, o atleta sequer cogita a possibilidade do circuito de atletismo retomar as atividades ainda em 2020.
"Trabalho pensando no dia a dia. Sempre. Pensar em um futuro tão distante é trabalho de outra pessoa", declarou Lyles, que treina diariamente num parque.
Com o forte envolvimento de Lyles com a música, ele entra na lista de atletas que tiveram sua incursão no cenário musical, como o ex-astro do basquete, Shaquille O'Neal (cujo álbum de estréia "Shaq Diesel" ganhou disco de platina), o boxeador Oscar de La Hoya (que alcançou o primeiro lugar no ranking de discos na tabela latina), a ginasta Carly Patterson, o multicampeão olímpico do atletismo Carl Lewis, o jogador de futebol Alexi Lalas e os tenistas Bob e Mike Bryan.
Foto: Andrew McClanahan/Photo Run
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