A pivô Érika, de 38 anos, uma das principais jogadoras brasileiras de basquete feminino nos últimos anos, resolveu se posicionar contra a desigualdade de tratamento de homens e mulheres no basquete. Primeiro, em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo no último fim de semana, e depois, na live feita com a jornalista Glenda Kozlowski, nesta segunda-feira (22)
"Tem que olhar para o feminino com mais carinho, com o mesmo incentivo. Não sei fazer outra coisa a não ser jogar basquete. Eu amo o que eu faço. Nós somos as jogadoras de agora, não tem que esperar a próxima geração para esperar mudar. É nosso momento. É um momento nosso, temos que ir para cima. Não ter que ficar com medo de ser cortada da seleção. Porque infelizmente não tem outra menina para colocar no lugar. E uma vai ajudar a outra", explicou na live.
Érika também se posicionou contra as empresas fornecedoras de material esportivo no Twitter, que dão kits de tênis para atletas masculinos enquanto não patrocinam as jogadoras.
"Eu quero entender qual é o critério para escolha de quem vai ser apoiado. Eu tenho um título da WNBA, oito títulos do Espanhol, uma Euroliga, uma LBF, além de quatro Olimpíadas. Sabe quantas marcas quiseram fechar contrato comigo? Nenhuma. Por que será? Talvez por eu ser mulher ou ser negra", escreveu na rede social.
Na live, ela contou que no Mundial de 2014 as meninas tiveram que usar os uniformes da equipe masculina, pois não haviam sido feitos uniformes para elas. "Muitas vezes fomos para a seleção com os uniformes do masculino e não tinha nem como colocar o nome, porque outros já tinha usado. No Mundial da Turquia em 2014 foi um sacrifício porque a gente não tinha uniforme. Tem valorizar as minas. Mesmos direitos", explicou.
Érika falou também dos tempos em que jogava na WNBA, pegava os tênis que recebia e os que suas companheiras iam jogar fora para trazer para o Brasil para doar para jogadoras brasileiras e afirmou que nos Estados Unidos o basquete feminino é muito bem tratado. E reforçou o apelo para igualdade no basquete brasileiro.
"O que eu quero é mostrar nossa realidade: nós temos que ser valorizadas. Não quero as sobras. Os direitos são iguais. Só peço igualdade do masculino com o feminino. Só isso que estou pedindo (...)É de chorar, chorar de tristeza, porque o basquete feminino assim vai acabar. É muito triste."
Foto: Divulgação/FIBA
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