Desde que os Jogos Olímpicos de Tóquio foram adiados para 2021, os organizadores buscam reduzir despesas do megaevento, a fim de aliviar os altos custos gerados pela reprogramação. As cerimônias foram incluídas nesta lista inicial, consideradas áreas "não essenciais". No entanto, para o diretor de cerimônias da Rio 2016, Leonardo Caetano, esta é uma economia que dificilmente acontecerá.
"Cortes
acontecerão, mas as cerimônias de forma geral, na minha opinião, terão
grande parte de seu orçamento preservado, porque são momentos muito
importantes. Muitos dizem que a abertura dita o ritmo dos Jogos, pois
uma cerimônia bem-vista pelo público alavanca a venda de ingressos. Por
isso, acho um risco muito grande, a cerca de um ano dos Jogos, tomar uma
decisão drástica em relação a isto", disse ele, em entrevista ao Surto Olímpico.
Segundo dados oficiais, o governo japonês já gastou U$ 12,6 bilhões com a Olimpíada e está gastando cerca de U$ 2,3 bilhões a mais com o adiamento. "Reduzir e simplificar"
é o novo lema do Comitê Organizador de Tóquio-2020 e do Comitê Olímpico
Internacional (COI), tanto para baratear o megaevento quanto para torna-lo flexível ao coronavírus, evitando um possível cancelamento.
Além da redução do orçamento, os organizadores japoneses já cogitaram unificar as cerimônias
de abertura da Olimpíada com a da Paralimpíada, e os encerramentos dos
dois eventos. Assim, a ideia é ter apenas dois espetáculos (um no início
da Olimpíada e um ao final da Paralimpíada), em vez de quatro. Cabe
destacar que todos esses planos são esboços, podendo ou não avançar nos próximos meses.
Para Caetano, esta é outra situação que dificilmente seguirá seguida. "Do ponto de vista prático, é
complexo, pois são direitos diferentes, patrocinadores diferentes. Há
uma necessidade de adaptação de campo de jogo, etc. Em termos de imagem
do COI e do IPC, acho difícil ir nesse caminho, pois as duas
entidades se veem separadas. Mas existem possibilidades de fazer coisas
diferentes", opinou.
Sobre as "possibilidades diferentes", o diretor contou que ele e sua equipe chegaram a traçar planos para realizar a cerimônia de abertura da Olimpíada do Rio na Enseada de Botafogo e tornar a cerimônia de encerramento da Paralimpíada uma grande festa, aberta ao público e realizada no Parque Olímpico da Barra. No entanto, como pudemos ver, ambas as possibilidades não foram a frente.
Pensando no futuro, Leo acredita que a pandemia do coronavírus
deverá ser abordada nas cerimônias de Tóquio, sendo o assunto
"delicado" presente em cada edição a ser tocado. Vale lembrar que o
presidente do Comitê Organizador, Yoshiro Mori, disse anteriormente que solicitou aos responsáveis a inserção do tema nos espetáculos do próximo ano.
"Em termos de pandemia, acho que dificilmente esse assunto não será
tocado de alguma maneira. É um desafio bem parecido com o de falar sobre
ecologia. Toda cerimônia tem um pouco dessa questão mais agridoce, um
assunto mais amargo que é trazido", avaliou Caetano.
"É difícil fazer previsões, mas
acredito que seja um tema que deva ser falado. É um acontecimento que
marca uma época, e as cerimônias não são só o retrato de um país, mas também de uma época. Não tem como fugir disso", completou.
Antes de serem adiados, os Jogos já possuíam suas cerimônias
planejadas, restando mínimos detalhes a serem ajustados. Personagens
animados, como Mário e Sonic, e carros voadores
eram as principais atrações confirmadas. Agora, com o adiamento,
algumas coisas podem ser modificadas, mas a rica cultura japonesa
promete rechear os espetáculos.
Caetano interagiu com os japoneses na cerimônia de encerramento da Olimpíada do Rio, no flag handover,
em que se passa a bandeira olímpica ao país-sede seguinte. O segmento
dava apenas oito minutos de apresentação aos asiáticos, mas o carioca
destacou a intensidade planejada para o curto período de tempo.
“Uma
coisa que me assustou nos ensaios era a quantidade de elementos
culturais que eles colocaram em oito minutos de apresentação. Um tempo
depois, talvez por conta de orçamento ou de uma mudança de planos, eles
diminuíram", disse. "É uma cultura meio louca, quando se pensa no pop
japonês, nos videogames, no humor japonês. É um desafio muito grande
tocar nesses assuntos sem falar de muitas coisas e perder o sentido".
A cerimônia de abertura da Olimpíada de Tóquio está programada para 23 de julho de 2021, e o encerramento, para 08 de agosto de 2021. A Paralimpíada começa em 24 de agosto e acaba em 05 de setembro.
Fotos: Reprodução/YouTube
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