Uma estátua de um atleta com o braço direito levantado deve ser removida de seu pedestal na entrada do Estádio Olímpico de Amsterdã devido à sua conotação com o fascismo. A decisão foi tomada por funcionários do estádio construído para os Jogos Olímpicos de 1928, após uma investigação de um ano, informou o jornal holandês Trouw.
Os investigadores concluíram que o atleta não está fazendo uma saudação a Hitler, mas o gesto ainda está ligado ao fascismo. Originalmente, foi afirmado que o gesto era uma saudação romana antiga, como visto nas histórias com Asterix e Obelix. Autoridades locais em Amsterdã até ergueram uma placa ao lado da estátua dando essa explicação.
Mas, após consultar vários historiadores e outros especialistas, a Fundação do Estádio Olímpico concluiu que não há nenhuma evidência histórica convincente para isso. A diretora da fundação, Ellen van Haaren, disse ao Trouw. que "essa saudação romana é um mito".
Placa ao lado da estátua explica que a saudação se refere ao Império Romano; investigação prova o contrário (Foto: Reprodução/Wikipedia)
A Fundação concluiu em sua investigação que o Barão Pierre de Coubertin, o fundador do Comitê Olímpico Internacional que liderou o lançamento dos Jogos Olímpicos modernos, apresentou o gesto do braço direito levantado em Paris 1924, ao mesmo tempo que a ascensão do fascismo na Itália sob Mussolini. O movimento fascista italiano adotou o gesto como uma saudação e, mais tarde, os nazistas na Alemanha fizeram o mesmo.
Van Haarem, porém, destacou que a artista Gerarda Rueb não teve más intenções ao criar a escultura.
"Você tem que manter as duas linhas bem separadas uma da outra", afirmou. “Você tem o fato histórico de que a saudação data de uma era fascista e também a intenção do fabricante da estátua de expressar a chamada saudação esportiva de 1924. Depois de estabelecer que a saudação em si pode remontar diretamente ao fascismo, você deve agir."
A estátua de três metros, que homenageia oficialmente o Barão Tuyll van Serooskerken - que trouxe os Jogos Olímpicos para Amsterdã, mas que morreu antes deles, -, está do lado de fora do estádio desde que as obras foram concluídas, vários anos antes dos nazistas chegarem ao poder na Alemanha, mas agora será removida se a cidade de Amsterdã concordar com o pedido. A obra poderá ser colocada dentro da arena, para fazer parte de um tour pelo Estádio.
"Você poderá vê-la durante as visitas guiadas, então poderemos explicar", concluiu Van Haarem.
Foto de capa: Reprodução/Flickr
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