Depois de muita pressão por conta de falas machistas ditas na última semana, Yoshiro Mori deixou a presidência do Comitê Organizador dos Jogos de Tóquio. O japonês, de 83 anos, anunciou a renúncia nesta sexta-feira (12), em uma reunião com o Conselho Executivo de Tóquio 2020. Ele deixa o cargo após sete anos. Um sucessor ainda não foi definido.
Em seu discurso de saída, Mori disse que não teve a intenção de ofender as mulheres, afirmando que seus comentários foram "mal interpretados" e culpou a mídia por "alvoroçar" o público. Ele também falou que sua permanência no cargo poderia atrapalhar a organização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos pela polêmica já gerada, por isso pediu para sair.
"O importante é fazer as Olimpíadas em julho, então não posso atrapalhar os preparativos", disse ele, que já foi primeiro-ministro do Japão. "Se eu causar problemas por permanecer no cargo, nossos esforços serão em vão", completou, referindo-se ao processo de reorganização dos Jogos de Tóquio após seu adiamento.
Yoshiro Mori proferiu falas machistas durante uma reunião do Comitê Olímpico Japonês (JOC) na última semana, que tinha como pauta a expansão da participação feminina no conselho da entidade, de 20% para 40%. No encontro, ele afirmou que encontros com muitas mulheres demandariam "muito tempo", já que elas "falam demais", são "irritantes" e possuem um "forte senso de rivalidade".
Mori foi duramente criticado pelo público local e mundial e foi pressionado pela renúncia. Em algumas oportunidades, ele se desculpou pelas falas e garantiu que permaneceria no cargo até as Olimpíadas. No entanto, a pressão cresceu à medida que políticos desaprovaram a atitude e o Comitê Olímpico Internacional (COI) publicou uma nota tratando a atitude do japonês como "inadequada". O dirigente, então, renunciou nesta sexta.
Depois de dias conturbados, a atenção se vira agora para a escolha do sucessor de Mori na presidência do comitê organizador. O CEO de Tóquio 2020, Toshiro Muto, disse em entrevista que um nome deve ser anunciado "o mais breve possível", embora não haja uma data-limite específica. Segundo ele, a experiência com Olimpíadas e Paralimpíadas e o entendimento sobre diversidade e igualdade de gêneros são requisitos básicos para o novo chefe.
Entre os cotados, está Saburo Kawabuchi, ex-presidente da Associação Japonesa de Futebol (JFA) e membro do conselho executivo do comitê organizador. Fontes chegaram a cravar que ele seria o sucessor, mas seu nome perdeu forças nas últimas horas. Agora, a favorita é Seiko Hashimoto, a ministra olímpica do Japão.
Vale destacar que Mori é um dos maiores defensores da realização dos Jogos Olímpicos de Tóquio, que vivem um cenário conturbado por conta da pandemia do coronavírus. O japonês, juntamente com Thomas Bach, tem cravado que a Olimpíada acontecerá de 23 de julho a 08 de agosto, independentemente da situação sanitária global. O comitê organizador até então encabeçado por ele lançou os Playbooks, livros com as medidas preventivas a serem tomadas durante os Jogos.
Foto de capa: Asia Times
0 Comentários