O primeiro dia de finais no Grand Slam de Tel Aviv foi repleto de surpresas, com impactos diretos nas corridas olímpicas do judô. Azerbaijão, Espanha, França, Grã-Bretanha e Israel levaram ouro. Quatorze países subiram ao pódio, nenhum mais de duas vezes, mas o Brasil teve um fraco resultado na parte da manhã e ficou de fora da disputa de medalhas.
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Atuais campeãs mundiais e olímpicas, Daria Bilodid e Majlinda Kelmendi foram surpreendidas e ficaram pelo caminho. No entanto, não saíram de Israel sem mais uma medalha no currículo. Confira o que aconteceu abaixo em cada categoria. As competições continuam na capital israelense, com mais nove brasileiros na disputa por medalhas, a partir das 5:30 nesta sexta-feira (9) e sábado (20).
Surte+ Confira as chaves e os adversários dos brasileiros nos próximos dias
-48kg feminino
Ela já havia superado a compatriota Melanie Clement (6ª) na semifinal, em uma batalha que pode ter consequências na vaga francesa a Tóquio. Clement ainda perdeu a medalha de bronze para Andrea Stojadinov, da Sérvia. O outro bronze foi para a espanhola Julia Figueroa (7ª) que superou a portuguesa Catarina Costa (8ª).
- França: Boukli, campeã europeia em novembro, busca ultrapassar Clement no ranking a tempo de conquistar a vaga francesa. Ela entrou no tatame hoje com 3.489 pontos e deve ganhar mais 640 pontos (1.000 do título menos 360 do sexto melhor resultado da temporada), indo para 4.149. Clement, com 4.723, somou apenas 10 pontos (substituiu um 350 por 360) e vai para 4.733.
- Sérvia: Stojadinov, com 2.285, ganha 324 pontos (360 menos 36) e vai para 2.609 pontos, agora pouco atrás da compatriota Milica Nikolic, que ficou em sétimo lugar e soma 100 pontos (260 menos 160) indo para 2.946.
- Brasil: O Brasil não estava representado nesta categoria em Tel Aviv. Gabriela Chibana, tratando de uma lesão, espera voltar a Tashkent para recuperar terreno no ranking olímpico. Até o início do dia, ela estava em 28º lugar, no limite da vaga direta. A azeri Aisha Gurbanli deve somar 48 pontos com sua ida às oitavas, indo para 1.763, ultrapassando assim Chibana, que tem 1.712, e possivelmente tirando a brasileira da zona de classificação.
60kg masculino
O azeri era apenas o 50º melhor do ranking e nunca tinha alcançado uma final de nível internacional. Seu último grande resultado havia sido o bronze no Grand Slam de Tyumen, em 2016. Já Nozadze, atual vice-campeão europeu sub-23, repete o seu melhor resultado no circuito, quando foi vice-campeão do Grand Slam de Baku em 2019, mesmo ano em que foi bronze no tradicional Grand Slam de Paris.
Na primeira disputa de bronze, Kyrgyzbayev levou a melhor sobre o ucraniano Artem Lesiuk (23º). Seu seu companheiro de pódio foi o russo Ramazan Abdulaev (93º), que derrotou o britânico Ashley McKenzie (14º) na disputa pelo bronze.
O que muda na corrida olímpica (previsões do Surto Olímpico, a serem confirmadas na próxima atualização da IJF):
- Azerbaijão: o país não tinha nenhum judoca na zona de classificação e, mesmo após o ouro de Davud Mammadsoy, continua fora provisoriamente. O judoca tinha apenas 826 pontos, era o segundo do país e 50º do mundo. Com os 1.000 pontos, ele pula para a 31ª colocação, ficando exatamente a frente do brasileiro Phelipe Pelim.
- Geórgia: Quase nada, por enquanto. Vice-campeão, Temur Nozadze era apenas o 33º colocado, com 1.720 pontos. Com os 700 pontos conquistados em Tel Aviv, pula para 240 pontos, dentro da zona olímpica, mas ainda com dois judocas nacionais a frente: Lukhumi Chkhvimiani, em 11º, e Amiran Papinashvili, em 20º. Nenhum deles participou do torneio em Israel.
- Brasil: Phelipe Pelim não soma pontos na corrida olímpica com a derrota na estreia e permanece com 1.787 pontos, devendo cair duas posições ao menos. Allan Kuwabara ganha 160 com a ida às oitavas, mas o salto de 1.095 para 1255 pouco interfere na disputa nacional. Eric Takabatake, com 3.522, deve permanecer em 13º lugar. como o melhor brasileiro na categoria.
52kg feminino
Em uma chave cheia de zebras, melhor para a britânica Chelsie Giles (17ª), que derrotou uma série de favoritas a caminho do ouro - sempre po ippon -: primeiro, a cabeça Gefen Primo (12ª), de Israel; na semifinal, Majlinda Kelmendi (5ª), de Kosovo; e na grande final outra judoca da casa, Gili Cohen (14ª), com uma imobilização de 20 segundos faltando um minuto e meio para o fim da luta.
Bicampeã mundial em 2013 e 2014, e atual campeã olímpica na categoria, Kelmendi se recuperou a tempo de levar o bronze, contando com o abandono da belga Charline van Snick (6ª). Na outra disputa, a húngara Pupp Reka (25ª) venceu a espanhola Estrella Lopez Sheriff (29ª).
O que muda na corrida olímpica (previsões do Surto Olímpico, a serem confirmadas na próxima atualização da IJF)
- Grã-Bretanha: Chelsie Giles sacramenta sua vaga olímpica e com os 1000 pontos deve somar 840 (descarta 160). Com 3.769, pula para o décimo lugar e hoje estaria em condição de ser a oitava cabeça de chave nos Jogos de Tóquio
- Israel: Jogando em casa, Gefen Primo (12ª com 3.358 pontos) e Gili Cohen (14ª com 3092 esperavam bons resultados para ter uma vida mais simples na corrida olímpica. Ambas foram derrotadas por Chelsie Giles, mas, com o vice-campeonato, Cohen soma 690 pontos (700 menos 10) e chega a 3.782, ultrapassando Primo que não soma nada e permanece com 3.358, abrindo vantagem de 390 pontos. Além disso, Cohen entra no top-10 mundial e seria a oitava cabeça de chave.
- Brasil: Larissa Pimenta (11ª com 3.660 pontos) não estava presente, cai uma posição no ranking e fica mais longe da condição de cabeça de chave, especialmente porque seu pior resultado para descarte é 240 pontos. Assim, só soma a partir das quartas de final em um Grand Slam. Eleudis Valentim (35ª) foi a representante brasileira e só somou 4 pontos ao ser derrotada na estreia, chegando a 1.543 pontos.
66kg masculino
Alberto Gaitero Martin (12º) conseguiu o maior resultado de sua carreira ao levar a medalha de ouro no Grand Slam de Tel Aviv. Vice-campeão mundial juvenil em 2015 e medalhista de bronze no Grand Slam de Dusseldorf um ano atrás, o espanhol aproveitou bem a condição de cabeça 3 do torneio e a queda de outros favoritos para derrotar na final o bielorrusso Dzmitry Minkou (43º).
Os uzbeques Sardor Nurillaev e Mukhriddin Tilovov caíram nas quartas, mas venceram as medalhas de bronze em jogo, sobre Mattia Miceli, da Itália, e Murad Chopanov, da Rússia, respectivamente. O campeão olímpico grego Ilias Iliadis é o treinador da equipe do Uzbequistão.
O que muda na corrida olímpica (previsões do Surto Olímpico, a serem confirmadas na próxima atualização da IJF):
- Espanha: Com o título, Alberto Gaitero Martin sobe de 12º (3.516 pontos) para o 8º lugar (4.316), logo a frente do brasileiro Daniel Cargnin, que cai para o 9º lugar, e seria um dos cabeças de chave de Tóquio 2020.
- Belarus: Com o vice-campeonato, Dzmitry Shershan soma 694 pontos, e com seus 1940 pontos totais, sobe de 43º para 31º lugar, entrando na zona de classificação.
- Brasil: Ausente do Grand Slam de Tel Aviv, Daniel Cargnin cai para 9º lugar, mas se mantém entre os oito cabeças de chave para os Jogos Olímpicos, já que tem dois japoneses a frente. Willian Lima levou 120 pontos por vencer e alcançar a segunda rodada, mas como descarta 112 pontos, soma apenas 8 pontos, chegando a 2.283 pontos e deve cair para a 30ª colocação, com poucas chances de obter a vaga olímpica.
- Uzbequistão: Foi apenas o terceiro torneio da temporada para Mukhriddin Tilovov, que vai para 1.172 pontos e pula do 66º para em torno de 46º. Como ainda pode pontuar em mais três torneios, ainda sonha em ultrapassar o compatriota Sardor Nurillaev, também medalhista de bronze que chega a 2.986 pontos e passa de 22º para 18º, e seria atualmente o representante do país no Japão.
57kg feminino
Com três das quatro principais cabeças nas semifinais, foi a categoria com menos surpresas do primeiro dia e que deu ao país anfitrião o seu primeiro e único ouro por enquanto. Timna Nelson Levy (10ª) venceu na final a francesa Sarah Leonie Cysique (5ª) com um ippon mágico aos 18 segundos de combate. O resultado foi bom para ambas no ranking olímpico: Nelson Levy salta para sétimo lugar e seria a quinta cabeça hoje, enquanto Cysique ultrapassa a kosovar Nora Gjakova (4ª), e chega em quarto lugar, o que lhe daria hoje a cabeça 3 na chave.
Nas disputas das medalhas de bronze, Karakas Hedvig (8ª) reverteu a queda nas quartas de final e conseguiu seu lugar ao pódio em cima da alemã Theresa Stoll (11ª), enquanto a georgiana Eteri Liparteliani (28ª), atual campeã mundial juvenil, venceu a polonesa Julia Kowalczyk (13ª).
O que muda na corrida olímpica (previsões do Surto Olímpico, a serem confirmadas na próxima atualização da IJF):
- Geórgia: Com a medalha de bronze conquistada, Eteri Liparteliani ganha mais 378 pontos (500 menos o descarte de 112) e vai para 2.392, alcançando a 21ª posição, entrando assim na zona de classificação olímpica.
- Brasil: Sem Rafaela Silva, o Brasil tem que lutar muito para conseguir uma vaga nesta categoria. Caindo nas estreias Ketelyn Nascimento e Jessica Pereira levam apenas 10 pontos, que pouco acrescenta ao ranking. Nascimento, atual 43ª, vai para 1.145 pontos, e Pereira, atual 56ª, vai para 640. A última classificada direta hoje é a norte-coreana Kim Jin A, com 2.170, na projetada 24ª colocação.
Fotos: Gabriela Sabau, Ben Urban (Federação Internacional de Judô - IJF)
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