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Após Pan, rankings olímpicos do judô são atualizados; confira a situação do Brasil em cada categoria



Restando 94 dias para a cerimônia de abertura dos Jogos de Tóquio, a Federação Internacional de Judô (IJF) atualizou nesta terça-feira (20) os rankings olímpicos da modalidade. Após as disputas do Pan, o Brasil passa a ter 13 atletas classificados entre 14 categorias, mas a dois meses do fim da corrida olímpica, a situação segue longe de estar definida. Para explicar todos os cenários do judô brasileiro, o Surto Olímpico preparou um resumo sobre a situação dos principais judocas nacionais buscando um lugar em Tóquio.


Das 14 categorias, o Brasil possui 13 atletas classificados, sendo 12 por meio da vaga direta (dentro da zona de classificação) e um por meio dos critérios continentais, com Eduardo Barbosa (73kg). O único peso que hoje estaria de fora é o leve feminino, em que Ketelyn Nascimento está a mil pontos da última classificada. 


Apesar de estar na zona direta na maioria das categorias, duas delas ainda correm sérios riscos de ficar de fora. Por outro lado, outros judocas estão em situações confortáveis e lutam para ser cabeça de chave no torneio olímpico. Entre os pesos pesados, a situação é ainda mais complexa, já que os próprios brasileiros disputam entre si uma vaga.


Breve explicação dos rankings

Mas antes da explicação detalhada, é preciso contextualizar como funciona o judô nos Jogos Olímpicos. Em Tóquio-2020, serão 14 categorias individuais, sendo sete masculinas e sete femininas, além de uma disputa por equipes mistas, que fará sua estreia este ano. Ao todo, 386 judocas estarão presente na Olimpíada (193 por naipe), sendo permitido apenas um representante de um país por peso.


Do total de vagas disponíveis, apenas 20 serão disponibilizadas para convite aos países da Tripartite. De resto, praticamente todas as cotas serão distribuídas por meio dos rankings olímpicos, que têm previsão de ser encerrados em 28 de junho, duas semanas após a realização do Campeonato Mundial de judô. A competição acontecerá entre 06 e 13 de junho, em Budapeste, na Hungria.


Para classificação direta, a situação é bem simples: os 18 atletas mais bem ranqueados da categoria, respeitando-se o limite de um por país, estarão garantidos. Caso haja dois ou mais judocas da mesma nação em posição de classificação, caberá ao comitê olímpico nacional ou à federação local definir quem será o representante da vaga. Destes 18, os oito primeiros serão cabeças de chave. 


A segunda possibilidade de adquirir uma vaga é através do critério continental. Cada região tem uma distribuição específica de cotas. No caso das Américas, dez vagas são disponibilizadas entre as sete categorias masculinas, enquanto nas femininas são 11. Um país só pode garantir classificação com um atleta por meio deste método. Neste caso, o judoca que estiver fora da zona de classificação direta e tiver a maior quantidade de pontos, no agregado de todos os pesos, garante a vaga.




Dito isto, é preciso destacar que os rankings foram divididos em dois ciclos: um de 25 de maio de 2018 até 23 de maio de 2019, em que a pontuação teve valor de 50% do original; e outro de 24 de maio de 2019 até 28 de junho de 2021, com pontuação integral. Somente os seis resultados em cada um dos períodos podem ser contabilizados para o histórico do atleta.


Por fim, antes de compreender a situação dos brasileiros, destaca-se que cada competição possui uma distribuição de pontos diferentes, de acordo com sua relevância. Em ordem de importância, estão: Mundial (2.000 pontos ao campeão), Masters (1.800), Grand Slam (1.000), Grand Prix (700), continental (700) e Open (100). Até o fechamento da corrida olímpica, em 28 de junho, restarão apenas as disputas do Grand Slam de Kazan, em maio, e o Mundial, em junho. 


Além dos resultados do Pan-Americano, também foram contabilizadas as pontuações dos continentais da Ásia/Oceania e da Europa, que aconteceram no intervalo das últimas três semanas. Resta apenas o Campeonato Africano, que acontecerá no próximo mês, para o encerramento da série de disputas regionais. Sem mais delongas, aí vamos nós:


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48kg feminina

O peso ligeiro feminino é uma das categorias mais ameaçadoras para o Brasil. Gabriela Chibana atualmente é a 24ª colocada, com 2.256 pontos, está classificada, mas tem apenas 166 pontos de vantagem sobre a última fora da zona de classificação. Sua situação era ainda mais complicada antes do Pan. No entanto, com a medalha de prata no continental, saltou mais de dez posições e diminuiu sua pressão. 


Antepenúltima na lista de classificadas de forma direta, a boa notícia para ela é possui pontuações muito baixas em seu histórico (50 e 70), que serão facilmente descartadas com razoáveis campanhas no GS de Kazan ou no Mundial de Budapeste, fazendo com que suba ainda mais no ranking.´


A categoria ainda tem outra brasileira com chances de classificação. É Nathália Brígida, que perdeu boa parte do ciclo e voltou a competir no final de semana, com um bronze no Pan e um ouro no Open. Com as conquistas, ela subiu cinco posições e aparece na 38ª colocação do ranking, com 1.603 pontos, 653 atrás da compatriota e 513 da zona de qualificação. Uma medalha de prata no Grand Slam ou sétimo lugar no Mundial a deixará em boas condições.


60kg masculina

O peso ligeiro masculino vive uma situação muito confortável para o Brasil e tem Eric Takabatake virtualmente classificado aos Jogos. Número 13 do mundo, sua briga agora é para ser um dos cabeças em Tóquio. Ele tem 3.582 pontos e está a apenas 394 do oitavo mais bem ranqueado, o neerlandês Tornike Tsjakadoeda. Sua menor pontuação a ser descartada é um 200 e ele precisará, no mínimo, ser prata no Grand Slam para ultrapassá-lo antes do Mundial.


52kg feminina

Outra categoria em que o Brasil já tem um garantido virtualmente classificado. Após a conquista do Pan no final de semana, Larissa Pimenta tornou-se a décima colocada do ranking e está a uma posição de ser cabeça de chave. Sua briga é com a russa Natalia Kuziutina e a israelense Gili Cohen, que estão com menos de 70 pontos a sua frente. O descarte de Pimenta, porém, é relativamente alto: um 360, o que significa dizer que ela só soma pontos se medalhar no Grand Slam ou chegar nas quartas do Mundial.


66kg masculina

O peso meio-leve masculino tem dois atletas dentro da zona de classificação olímpica, mas a distância entre eles é muito grande. Daniel Cargnin é o 13º, com 4.288 pontos, enquanto Willian Lima está em 24º, com 2.763. Willian ganhou seis posições após os títulos do Pan e do Open, enquanto Cargnin perdeu duas posições com títulos de seus adversários em seus continentais. 



Com uma distância de cerca de 1500 pontos, é praticamente improvável que Willian consiga a vaga, já que a CBJ classificará, neste caso, o mais bem ranqueado. Assim, Cargnin deve se classificar e, além do mais, ainda pode ser um dos cabeças de chave caso faça bons torneios finais. Sua pontuação de descarte é um 260 e ele precisa tirar uma diferença de 90 pontos. Um bronze no Grand Slam lhe colocaria entre os oito melhores.


57kg feminina

A categoria até 57kg feminina é a que o Brasil mais corre riscos de não ter uma atleta garantida em Tóquio. Com a ausência de Rafaela Silva, que está suspensa por dois anos por doping, Ketelyn Nascimento é a maior esperança da conquista da vaga. Mesmo tendo subido seis posições com as medalhas no Pan e no Open no final de semana, ela está em 33º no ranking, com 1.785 pontos, a 915 da búlgara Ivelina Ilieva, última classificada de forma direta.


Suas pontuações a serem descartadas, porém, são baixas e boas campanhas no Grand Slam e no Mundial a farão subir bem. Caso não consiga entrar na zona de qualificação, ela poderá ficar com a vaga continental do Brasil. Para isso, terá que torcer para que cobrir uma diferença de cerca de 200 pontos em relação ao peso leve Eduardo Barbosa, hoje classificado por esse critério, ou simplesmente torcerá para que o compatriota consiga a vaga direta. Hoje, ele está a 745 pontos da zona.


73kg masculina

Aproveitando o gancho do peso leve feminino, falamos do peso leve masculino, em que o Brasil também não apresenta uma situação agradável. O melhor representante brasileiro hoje é Eduardo Barbosa, que aparece na 33ª colocação do ranking, com 1.976. Fora da zona de qualificação, ele está classificado momentaneamente pela cota continental. 


Entretanto, ele periga perder a cota continental, pois como citado anteriormente, Ketelyn Nascimento está próxima de ultrapassar sua pontuação e ele pode ficar de fora. Lembrando, mais uma vez, que um país pode classificar apenas um atleta por meio do critério continental. Nesse caso, se nenhum dos dois conseguirem a vaga direta, o Brasil ficará, obrigatoriamente, sem representantes em uma categoria.


Assim, para evitar quaisquer tipos de perigo, o ideal para Barbosa é que ele entre na zona direta. Hoje, o último classificado é o suíço Nils Stump, com 2.721 pontos. Eduardo tem pontuações de 120 e 160 que serão descartadas com campanhas simples no GS ou no Mundial. Para passar o europeu, porém, ele terá que chegar pelo menos na final do Grand Slam.


63kg feminina

A 63kg feminina é mais uma categoria em que o Brasil tem duas atletas na zona de classificação, mas a diferença entre elas é muito grande. Campeã pan-americana, Ketleyn Quadros é 13ª do ranking, com 3.842 pontos, mais de 1110 a frente de Aléxia Castilhos, que aparece em 23º com 2.713. 


Ellen Santana, campeã do Pan 2021 (Reprodução)


Primeira mulher medalhista olímpica do Brasil em esportes individuais, Ketleyn está próxima de se garantir em sua segunda Olimpíada, 13 anos após a primeira participação. Não só isso, como também deve ser uma das cabeças de chave em Tóquio. Para isso, precisa ultrapassar a venezuelana Anriquelis Barrios, hoje oitava mais bem ranqueada, que está a apenas 21 pontos a sua frente. Quadros somará pontos se terminar o Grand Slam pelo menos com um quinto lugar (+90), enquanto Barrios só pontuará (+10) se for bronze.


81kg masculina

O peso meio-médio tem um brasileiro classificado, mas em posição de risco. Eduardo Yudy aparece na 23ª colocação com 2.525 pontos, detendo hoje a penúltima vaga da zona direta. Ele está a 160 pontos a frente do húngaro Attila Ungvari, último fora da zona. Yudy tem 200, 240, 260 a serem descartados e, por isso, subirá no ranking se chegar nas quartas do Grand Slam ou nas oitavas do Mundial. 


Outro que ainda está no páreo, e voltou a sonhar com a vaga olímpica após ser campeão do Pan e do Open, é Guilherme Schimidt. Ele, que tem 20 anos, deu um salto de 16 posições e hoje aparece na 41ª colocação, com 1.674 pontos, a 851 de Yudy. Uma medalha no Grand Slam e uma campanha de oitavas no Mundial o fará ultrapassá-lo, a depender dos demais resultados.


70kg feminina

Campeã do Grand Slam de Tbilisi no último mês, Maria Portela está virtualmente classificada para disputar sua terceira edição olímpica. Ela está em nono no ranking olímpico, em posição ainda de ser a sexta cabeça de chave do torneio. Com 4.288 pontos, ela está 390 pontos a frente da portuguesa Barbara Timo, que hoje não é cabeça. Uma campanha de oitavas no Mundial e quartas no Grand Slam é o mínimo para que ela some pontos. 


Apesar de ter sido campeã pan-americana e do Open no final de semana, a jovem Ellen Santana aparece apenas na 31ª posição, estando bem distante da compatriota, com 1.957 pontos. Apenas uma final de Mundial e um título de Grand Slam, juntos, a fazem ultrapassar Portela, algo bem difícil de ser alcançado.


90kg masculina

Rafael Macedo é hoje o único brasileiro ainda com chances de classificação na categoria até 90kg. Hoje, ele está na zona direta, aparecendo numa perigosa 18ª posição, com 3.181 pontos, 450 a frente do último não classificado. Assim como a maioria de seus rivais, uma campanha de oitavas no Mundial e quartas no Grand Slam é o mínimo para que some pontos. 


78kg feminina

Mayra Aguiar está virtualmente classificada no peso meio-pesado feminino e, mais uma vez, estará credenciada para buscar sua terceira medalha olímpica. Ela é 11ª colocada do ranking, com 4.460 pontos e ainda luta para ser uma das cabeças de chave, estando por enquanto ranqueada como a oitava da categoria. 



Como passou boa parte do ciclo lesionada - ainda está, inclusive, se recuperando -, qualquer campanha obtida nas duas próximas competições lhe fará somar pontos. Mayra e a comissão técnica da seleção brasileira avaliam se ela estará apta a voltar ou não para o Grand Slam de Kazan, a ser disputado em 05 de maio.


100kg masculina

O peso meio-pesado masculino tem dois atletas brasileiros em posição de classificação pelo ranking olímpico. Rafael Buzacarini aparece na 16ª colocação, com 3.391 pontos, enquanto Leonardo Gonçalves é o 20º, com 2.870 pontos. Com uma diferença de 521 pontos, os dois têm 200 pontos como menor pontuação a ser descartada.


Neste cenário, caso os dois fiquem em posição de classificados, com uma distância inferior a seis colocações e não sendo cabeças de chave, a escolha do representante ficará a cargo da CBJ, que irá avaliá-los baseados em alguns critérios, entre eles idade (atleta mais novo), confrontos diretos e vitórias sobre atletas top-8 do ranking.


+78kg feminina

Uma das categorias pesadas em que a disputa pela vaga brasileira está acirradíssima. Maria Suelen Altheman está em quinto no ranking, com 5.818 pontos. Já Beatriz Souza, campeã do Pan no final de semana, estão em quinto e em sexto do ranking, subiu para a sexta posição, com 5.390 pontos. Como as duas estão em posições de cabeça de chave, a escolha da representante também ficará a cargo da CBJ, a partir de alguns critérios citados na categoria 100kg masculina.



+100kg masculina

O peso pesado masculino também tem dois atletas em posição de classificação. Ambos, inclusive, se enfrentaram na final do Pan-Americano. Rafael Silva levou a melhor e aparece na sétima colocação, com 4.835 pontos, enquanto David Moura é o 11º, com 4.383 pontos. Como eles também estão em posições de cabeça de chave, a escolha ficará a cargo da CBJ.


Fotos: Abelardo Mendes Jr./rededoesporte.gov.br


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