Na segunda-feira (19), tem início a Seletiva Olímpica Brasileira de Natação, no Parque Aquático Maria Lenk, no Rio de Janeiro. A competição vai determinar os nadadores brasileiros que irão disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. O Surto Olímpico preparou um guia para você saber tudo que vai estar em jogo na piscina do Maria Lenk.
Protocolo e Método de Classificação Olímpica
Por causa da pandemia de covid-19, a participação na seletiva deste ano será restrita, com apenas 103 atletas competindo. Podem disputar o evento, qualquer nadador que tenha o índice “B” da Federação Internacional de Natação (FINA) em pelo menos um evento. Após garantir a presença, os atletas puderam se inscrever em qualquer outra prova que desejassem. Além disso, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) abriu uma exceção para que nas provas dos 100m e 200m livre feminino poderiam ter nadadoras sem índice inscritas, para ter pelo menos oito atletas nos dois eventos que valem para classificação nas provas individuais e nos revezamentos.
Os atletas que testarem positivo para covid-19 não vão poder participar da seletiva, mas poderão fazer o índice em uma tomada de tempo final que a CBDA agendou para o dia 12 de junho. A Confederação informou no dia sete de abril que sete atletas já haviam testado positivo para o novo coronavírus e devem nadar nessa segunda data. Nessa última semana, Viviane Jungblut, principal nadadora brasileira nas provas de fundo, também testou positivo e não vai estar no Maria Lenk esta semana.
Bruno Fratus, medalha de prata nos 50m livre masculino nos últimos dois mundiais, recebeu autorização da confederação para fazer sua tomada de tempo em uma competição nos Estados Unidos, onde mora. Abaixo, explicamos melhor a situação do nadador.
Nas provas individuais, garantem a vaga olímpica os dois primeiros colocados das finais “A”, desde que tenham feito um tempo abaixo do índice “A” da FINA. Caso haja um empate, a vaga será decidida pelos tempos da eliminatória. Além das disputas individuais, serão realizadas tomadas de tempo para os quatro revezamentos que o Brasil ainda não está classificado: 4x100m e 4x200m livre feminino, 4x100m medley feminino e o 4x100m medley misto.
A Seletiva terá transmissão do Canal Olímpico do Brasil e do Bandsports. As eliminatórias começam às 9h30 todos os dias e as finais serão a partir das 18h30 (horário de Brasília).
Na nossa análise, separamos os destaques de cada prova e o que eles precisam fazer para garantir a vaga olímpica. O start list completo da seletiva está aqui.
NADO LIVRE
50m livre
Na prova mais rápida da natação, já temos um atleta pré-classificado. Bruno Fratus, medalhista de prata nos últimos dois mundiais, foi autorizado pela CBDA a fazer sua tomada de tempo em uma competição nos Estado Unidos, onde mora, para evitar viajar por causa da pandemia. Fratus conseguiu um tempo de 21.80 e tem que torcer para que no máximo um nadador faça um tempo melhor que o seu na seletiva.
Como o índice “A” da FINA é 22.01, vale a pena ficar de olho quem já nadou na casa dos 21 segundos: Marcelo Chierighini, Pedro Spajari, Nicholas Santos e Ítalo Manzine que em 2016 foi uma das maiores surpresas da seletiva ao ficar em segundo lugar e deixar o campeão olímpico César Cielo fora da Olimpíada.
No feminino o grande destaque é Etiene Medeiros, finalista da prova na Rio 2016. A pernambucana é a recordista sul-americana da prova com 24.45. Suas principais adversárias na prova devem ser Lorrane Ferreira e Larissa Oliveira, que já nadaram na casa dos 24 segundos. O índice olímpico da prova é 24.77.
100m livre
Os 100 metros livre masculino e feminino prometem ser as disputas mais interessantes da Seletiva Olímpica, porque além dos eventos individuais, as provas também devem definir os atletas que participarão dos revezamentos. Entre os homens, são oito atletas que já nadaram abaixo dos 49 segundos, com destaque para Marcelo Chierighini, Pedro Spajari e Gabriel Santos, que têm tempos na casa dos 47 segundos, e Breno Correia, que foi finalista da prova no Mundial de 2019.
No feminino Etiene Medeiros e Larissa Oliveira são as favoritas para as duas vagas na prova individual já que sendo as únicas que já nadaram na casa dos 54 segundos. Daynara de Paula, Alessandra Marchioro e Aline Rodrigues devem brigar pelas outras duas vagas no 4x100m livre.
200m livre
Os 200 metros livre também irá selecionar atletas para a prova individual e os revezamentos 4x200m livre. No masculino, o índice olímpico é 1:47.02 e são três nadadores balizados com tempos abaixo dessa marca: Fernando Scheffer, Breno Correia e Luiz Altamir. Murilo Sartori tem o quarto melhor tempo, a três décimos do índice. Outros sete atletas já nadaram na faixa dos 1:48 e podem brigar por uma vaga no revezamento, com destaque para André Pereira, que fez parte da equipe do 4x200m do Brasil na Rio 2016, e Leonardo Santos, que participou do revezamento brasileiro que foi ouro no Mundial de Piscina Curta de 2018.
No feminino, Larissa Oliveira já nadou para 1:57.37, a nove centésimos do índice olímpico (1:57.28). Aline Rodrigues, Gabrielle Roncato, Rafaela Raurich e Maria Paula Heitmann também já quebraram a barreira dos dois minutos e devem estar na briga por vagas no revezamento.
Guilherme "Cachorrão" Costa e Ana Marcela Cunha
400m livre
As provas de fundo na Seletiva Olímpica terão a presença também de alguns atletas que competem também nas provas de Águas Abertas, como a campeã mundial Ana Marcela Cunha. Em vários países os atletas que estão classificados para a Maratona Aquática também conseguiram uma vaga olímpica na piscina, como o italiano Gregorio Paltrinieri e a neerlandes Sharon van Rouwendaal.
O índice olímpico dos 400 metros livre feminino é mais forte do que o recorde nacional da prova. A melhor brasileira da prova na história é Joana Maranhão com 4:09.41, enquanto o tempo exigido pela FINA para Tóquio 2020 é de 4:07.90. Aline Rodrigues tem 4:10.88, a melhor marca entre as inscritas e precisa melhorar em três segundos para se classificar à prova.
Guilherme Costa, o “Cachorrão”, dominou as provas de fundo na natação brasileira no ciclo olímpico e é o favorito na distância. Seus principais concorrentes devem ser Fernando Scheffer e Luiz Altamir, que foi o representante do Brasil nos 400m livre na Rio 2016, mas como o índice deste ano é mais forte, ele terá que fazer sua melhor marca pessoal para nadar a prova em Tóquio.
800m livre
Novamente, Guilherme Costa é o favorito nos 800m livre masculino, sendo o único inscrito na prova que já tem um tempo abaixo do índice olímpico (7:54.31). Balizado com o segundo melhor tempo, Miguel Valente precisa nadar um pouco mais de um segundo abaixo da sua melhor marca pessoal para conseguir uma vaga olímpica.Nos 800m livre feminino, o índice “A” da FINA é de 08:33.36. As únicas nadadoras inscritas que já nadaram abaixo de 8:40, são Viviane Jungblut e Aline Rodrigues. Elas nunca nadaram abaixo do índice mas podem fazer seus melhores tempos da carreira e se classificarem. É bom ficar de olho também em Ana Marcela Cunha, estrela das águas abertas e que tem o terceiro melhor tempo de balizamento. Viviane testou positivo para COVID-19 e irá fazer sua tomada de tempo valendo vaga olímpica em junho.
1500m livre
O índice nos 1500m livre masculino é de 15:00.99. Guilherme Costa é o único que já quebrou a barreira dos 15 minutos e é o favorito na prova. Diogo Villarinho e Miguel Valente já nadaram abaixo de 15:10 e são os mais próximos do índice entre os demais inscritos.
No feminino, sem a participação de Viviane Jungblut nesta semana, Ana Marcela Cunha e Betina Lorscheitter são as favoritas para vencer a prova. As duas estão inscritas com tempos na faixa dos 16:38 e precisam melhorar seis segundos para alcançar os 16:32.04 do índice olímpico.
BORBOLETA
Giovana Diamante e Leonardo de Deus
100m borboleta
No masculino, Vinícius Lanza é o favorito para conseguir a vaga olímpica. Ele é o único nadador inscrito na prova que já nadou abaixo do índice olímpico (51.96). Entre as mulheres, Daynara de Paula é a única que já nadou abaixo do tempo do índice olímpico (57.92). O melhor tempo de balizamento é o de Giovana Diamante, com 58.57. Para conseguir o índice, Giovana teria que fazer o seu melhor tempo da vida. Quem vencer as duas provas irá compor a equipe dos revezamentos 4x100m medley.
200m borboleta
O índice “A” da FINA para os 200m borboleta feminino é 2:08.43, abaixo do recorde sul-americano da prova que é de Joana Maranhão com 2:09.22, de 2017. A atleta melhor ranqueada é Giovana Diamante, que tem que melhorar sua melhor marca pessoal em mais de três segundos para conseguir a vaga olímpica.Entre os homens, o favorito é Leonardo de Deus, vencedor da prova nas últimas três edições dos Jogos Pan-Americanos. Luiz Altamir Melo tem o segundo melhor tempo de balizamento e abaixo do índice olímpico. Correndo por fora estão Vinícius Lanza, Kauê Carvalho e Iago Amaral que tem seus melhores tempos a menos de um segundo do índice olímpico.
COSTAS
Nos 100 metros costas, favoritismo total para Etiene Medeiros no feminino e Guilherme Guido no masculino. Os dois nadadores são os atuais recordistas sul-americanos e os únicos com tempo de balizamento abaixo do índice olímpico. A expectativa é para descobrir se algum dos outros atletas conseguem fazer sua melhor marca pessoal para conseguir uma vaga no Time Brasil em Tóquio.Entre os homens o índice é 53.85 e os nadadores com tempos mais próximos são Gabriel Fantoni (54.07) e Guilherme Basseto (54.22). No feminino o desafio será mais difícil. O índice “A” da FINA é 1:00.25 e as melhores nadadoras, além de Etiene, são Nathália de Luccas e Fernanda de Goeij, que tem tempos na casa de 1:01.
200m costas
Leonardo de Deus se classificou para os 200m borboleta e os 200m costas na Rio 2016 e pode conseguir ir para as mesmas provas em Tóquio 2020. O índice da prova é 1:57.50, meio segundo acima do recorde brasileiro, que é de Leonardo. Brandonn Almeida e Fábio Arikawa são os outros atletas inscritos no evento que já nadaram abaixo de dois minutos e caso melhorem suas marcas, podem beliscar uma vaga olímpica.O índice olímpico dos 200m costas feminino é 2:10.39. A nadadora com o melhor tempo de balizamento é Fernanda de Goeij, que teria que melhorar em mais de um segundo o seu próprio recorde sul-americano que atualmente é 2:11.95.
PEITO
A final dos 100m peito masculino promete ser uma das mais interessantes da Seletiva Olímpica. São cinco nadadores que já nadaram abaixo do índice olímpico (59.93) entre os inscritos na prova. João Gomes Júnior e Felipe Lima representaram o Brasil nos últimos dois mundiais e tem os melhores tempos de balizamento, mas não podemos descartar Felipe França, que tem o recorde sul-americano da prova (59.01). Correndo por fora estão Caio Pumputis e Pedro Cardona que também já nadaram abaixo do índice olímpico.No feminino, Jhennifer Conceição é a favorita. Em 2019, a nadadora conseguiu nadar para 1:07.64, quebrando o recorde brasileiro que era de Tatiane Sakemi, da época dos trajes tecnológicos. Jhennifer tem que melhorar esse recorde para garantir um lugar no evento em Tóquio, já que o índice é de 1:07.07. Das demais nadadoras inscritas na prova, apenas Pâmela Alencar e Caroline Mazzo são as únicas que já nadaram abaixo de 1:10.
200m peito
Os 200m peito feminino é outra prova que o índice olímpico é mais forte que o recorde nacional. O tempo “A” da FINA é 2:25.52, enquanto o melhor tempo de uma brasileira são os 2:27.42 de Carolina Mussi, em 2009. O melhor tempo de inscrição é o de Gabriele Assis, com os 2:28.53 que deu uma medalha de prata para a atleta no Sul-americano de Esportes Aquáticos, em março. Pâmela Alencar é outra atleta que pode vencer a prova. No Troféu Maria Lenk de 2017, Pâmela fez 2:27.55, ficando a 13 centésimos de quebrar o recorde nacional.
Caio Pumputis é o favorito nos 200m peito masculino. Seu tempo de balizamento é 2:09.93, enquanto o índice olímpico é 2:10.25. Caio é o único que já nadou abaixo do índice. Os mais próximos são Andreas Mickosz que já nadou para 2:11.65 e Felipe França com 2:11.56. As duas marcas são de 2015 e os atletas precisam melhorar mais de um segundo para se classificar aos Jogos Olímpicos.
MEDLEY
O índice olímpico dos 200m medley masuclino é 1:59.67. Caio Pumputis (1:57.70) e Leonardo Santos (1:58.99) são os únicos inscritos com tempos abaixo do índice. Correndo por fora estão Vinícius Lanza, que já nadou para 1:58.10 e Gabriel Ogawa, inscrito com 1:59.92 e que se melhorar em três décimos sua melhor marca pode se classificar para Tóquio. No feminino a missão é mais difícil, já que o índice “A” da FINA é 2:12.56 e o melhor tempo das inscritas são os 2:14.65 de Gabrielle Roncatto, em 2017.400m medley
Brandonn Almeida é o favorito no evento, sendo o único entre os nadadores inscritos que já nadou abaixo do índice olímpico (4:15.84). Leonardo Santos pode conseguir a segunda vaga olímpica na prova, se melhorar em dois segundos seu melhor tempo pessoal. Entre as mulheres, Maria Eduarda Sumida tem o tempo mais rápido com 04:45.49, porém o índice “A” da FINA é sete segundos mais rápido que sua melhor marca da vida.REVEZAMENTO
O Brasil já está classificado para três revezamentos: 4x100m livre, 4x200m livre e 4x100m medley, todos no masculino. Os quatro primeiros colocados na final dos 100m livre serão convocados para a equipe do 4x100m, a mesma coisa para o revezamento 4x200m livre. Caso o quinto colocado das duas provas faça um tempo abaixo do índice “A” da FINA, ele será convocado como reserva do revezamento. Já para o revezamento medley, serão convocados os campeões de cada uma das provas de 100m de cada estilo.
Para o revezamento 4x100m medley misto e os revezamentos 4x100m e 4x200m livre e 4x100m medley femininos, serão feitas tomadas de tempo para melhorar a classificação do Brasil no Ranking Mundial da FINA que define as quatro últimas vagas de cada revezamento.
As quatro primeiras colocadas dos 100m livre irão participar da tomada de tempo do 4x100 livre feminino, com o mesmo se repetindo para o 4x200m livre. Para o revezamento medley feminino vão nadar na tomada de tempo as vencedoras dos 100m costas, 100m peito, 100m borboleta e 100m livre. Já o revezamento medley misto, terá a participação de quatro atletas (dois homens e duas mulheres) que somem o melhor tempo possível.
Atualmente, os rankings dos revezamentos que o Brasil ainda não tem vaga estão assim:
4x100m livre feminino:
1. França 3:35.64
2. África do Sul 3:40.29
3. Brasil 3:40.39
4. Singapura 3:40.92
4x200m livre feminino:
1. Itália 7:59.68
2. Grã-Bretanha 8:03.77
3. África do Sul 8:04.71
4. Bélgica 8:05.13
8. Brasil 8:07.77
4x100m medley feminino:
1. República Tcheca 4:03.02
2. Coreia do Sul 4:03.38
3. Finlândia 4:03.49
4. Hong Kong 4:03.52
9. Brasil 4:04.96
4x100m medley misto:
1. China 3:38.41
2. Japão 3:45.75
3. Coreia do Sul 3:47.92
4. Brasil 3:48.61
0 Comentários