Hugo Calderano segue uma rotina regrada desde que chegou ao Rio de Janeiro. Diariamente, vem trabalhando no CT Time Brasil para se recuperar das dores no ombro que o incomodaram nos treinamentos na Alemanha. O desafio não o assusta e a serenidade nas palavras mostra que o torcedor pode continuar confiante, pois o número 7 do mundo segue com o objetivo de brilhar em Tóquio.
A passagem por sua cidade natal não é igual a outros momentos onde podia curtir a praia, os amigos e a família. Isolado por conta de protocolos de segurança, tem a companhia diária de sua irmã, Sofia, estudante de Educação Física e Fisioterapia. Ela acompanha atentamente cada movimento do craque. Por sua vez, Calderano recebe elogios constantes da equipe médica do Comitê Olímpico do Brasil, por estar cumprindo integralmente as tarefas mais difíceis.
“Foi muito bom voltar para o Rio. Não voltava desde dezembro de 2019. O Sol, o clima, a comida e o ambiente me fazem sentir muito bem. O processo de recuperação está caminhando bem. Estou aqui há pouco mais de uma semana, estou me sentindo bem, sem nenhuma dor. Daqui a pouco já quero treinar na mesa”, avisa, com fome de bater bola.
Hugo deve retornar aos treinamentos com intensidade ainda neste mês, em Ochsenhausen. Nos planos, o sonho de conquista da primeira medalha olímpica do tênis de mesa do Brasil. Ele já foi o primeiro brasileiro do tênis de mesa a ser medalhista dos Jogos Olímpicos da Juventude, em 2014.
“Estou confiante. Todos os fisioterapeutas e médicos são muito competentes, estão me dando muita confiança. Por causa da pandemia, a preparação vai ser bem atípica e ainda terei tempo suficiente para me preparar bem para Tóquio”, avisa.
A confiança do atleta tem base no trabalho que desenvolve no CT Time Brasil, no Parque Olímpico da Barra da Tijuca. O local escolhido pela comissão técnica para a recuperação não poderia ser melhor. Seguindo todos os protocolos estabelecidos pelo COB e ainda tendo a oportunidade de se vacinar contra a Covid-19, Hugo Calderano está cercado de profissionais que acompanham cada movimento do atleta. O Laboratório Olímpico do CT tem dados dos atletas frequentemente repassados pelas Confederações Brasileira, inclusiva pela de Tênis de Mesa (CBTM).
“Não existe atleta sem trabalho multidisciplinar. A gente alia saúde com performance. Isso inclui o trabalho médico, fisioterapia, preparação física, massoterapia, nutrição, trabalho de recuperação, descanso, preparação mental, biomecânica, fisiologia, entre outros. O fator psicológico é determinante para o atleta performar numa Olimpíada. Buscar os limites traz riscos. O atleta está sempre numa linha tênue. Aí entra o trabalho da equipe multidisciplinar, para dosar as cargas, juntamente com as comissões técnicas”, explica o médico Rodrigo Sasson.
Engana-se, por exemplo, quem acredita que o trabalho do CT Time Brasil se limita a curar atletas lesionados. Muitos treinam regularmente no local e fazem avaliações periódicas no Laboratório Olímpico seguindo todos os protocolos estabelecidos contra a COVID-19. É o caso, por exemplo, dos atletas do Programa de Desenvolvimento da CBTM: Giulia Takahashi, Laura Watanabe e Leonardo Iizuka. O trabalho preventivo, corrigindo possíveis falhas, é considerado fundamental.
“O mais importante da fisioterapia esportiva é ajudar o técnico a conduzir melhor as cargas. Essa simbiose é muito importante. Dando esse suporte, conseguimos que o atleta esteja mais tempo treinando e não saia de seu planejamento”, ressalta Ronaldo Aguiar, o coordenador de fisioterapia do COB.
Dentro do processo, alguns nomes são fundamentais na preparação do melhor atleta latino-americano de tênis de mesa. Na preparação, além do técnico Francisco Arado, o Paco, da Seleção Brasileira, ele é acompanhado diretamente pelos técnicos Jean-René Mounié e Michel Blondel, pelo fisioterapeuta Mikael Simon e pelo psicólogo Makis Chamalidis.
“Nossa relação é muito boa. É realmente uma equipe. Tive bastante sorte de encontrá-los. O Jean-René é o cara que mais me conhece, talvez um pouco abaixo da minha mãe. Ainda obedeço mais a minha mãe, mas acho que ele vai entender (risos). Não posso deixar de mencionar o Michel Blondel. O trabalho que eles fazem, as horas que eles pensam em mim, pensando em como eu posso evoluir, qual o próximo passo na minha carreira. A relação é muito forte. O resultado é consequência”, finaliza Calderano.
Foto: André Soares/CBTS
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