Maria Portela encerrou sua terceira participação olímpica individual, em Tóquio-2020, nesta quarta-feira (28). A brasileira chegou a vencer uma adversária no Budokan, mas foi derrotada pela russa Madina Taimazov nas oitavas de final da categoria até 70kg, após 15 minutos de luta. Portela recebeu três shidôs e foi eliminada no golden score.
Número 10 do mundo, a brasileira era cabeça de chave da categoria e tinha uma chave aberta para chegar às fases decisivas, mas acabou ficando pelo caminho. Apesar disso, ela caiu de cabeça erguida, já que foi valente em sua trajetória. Portela passou por sua primeira adversária em 30 segundos e foi bem em toda a luta que a eliminou e até atacou mais, mesmo derrotada.
A luta contou com reclamação por parte dos brasileiros com a arbitragem. Ainda no começo do golden score - o tempo extra -, Portela entrou com um sode-tsurikomi-goshi e derrubou a adversária, que encostou os ombros no chão, o que configuraria waza-ari. No entanto, nem o árbitro principal nem os árbitros de vídeo (VAR) marcaram pontuação.
Momento em que Portela aplicou o golpe e brasileiros reclamaram com a arbitragem (Foto: Wander Roberto/COB) |
O combate entre Portela e Taimazov foi bem disputado e contou com bastante intensidade. No entanto, já após 15 minutos de luta (quatro de tempo normal e 11 de golden score), as atletas estavam muito cansadas. A russa fez entradas seguidas nos minutos finais e o árbitro julgou passividade no combate da brasileira, concedendo-lhe assim a punição que resultou em derrota para ela.
"Eu ainda não acredito que isso aconteceu", disse Portela logo após a luta, chorando, muito abalada. "Eu quase joguei ela algumas vezes, mas não deu. Infelizmente não deu. O sensei disse que faltou um pouquinho mais e nesses dez primeiros minutos quem fizesse a primeira entrada eles iam dar", continuou a gaúcha, de 33 anos.
"Quero agradecer a todos que me ajudaram a chegar até aqui e acreditaram em mim. Me desculpa. Sei que tinha que ter ganhado e acho que dei tudo ali em cima (no tatami). Mas não deu mais uma vez. Tava tudo certo, eu não estava nervosa, estava bem consciente. Mas não tinha o que fazer, nós estudamos muito ela (a russa). Tem coisas que a gente não controla, infelizmente", lamentou.
Maria Portela também esteve presente em Londres-2012 e na Rio-2016. Seu melhor resultado foi as oitavas de final, na Olimpíada em solo brasileiro e repetindo agora em solo japonês. Apesar de eliminada do torneio individual, a gaúcha ainda lutará em Tóquio, integrando o time brasileiro na inédita disputas por equipes mistas, que será realizada no sábado (31).
"Com certeza eu vou me doar bastante para a minha equipe pra gente conseguir uma medalha porque ainda tenho chance de sair daqui medalhista olímpica e isso é uma oportunidade única. Então eu vou me doar para chegar lá e conseguir lutar melhor do que eu conseguir lutar agora", falou a brasileira, ainda em lágrimas, sobre as expectativas.
Maria Portela igualou seu melhor resultado olímpico em Tóquio (Foto: Wander Roberto/COB) |
A luta
O começo de luta foi equilibrado. As entradas das duas atletas foram muito bem anuladas. Já para a reta final, o combate tornou-se intenso e, a 1:20 do fim, Portela golpeou bem e a russa caiu, mas conseguiu um bom giro e evitou a derrota. A brasileira ainda tentou entradas, mas sem sucesso. Com o placar zerado após os quatro minutos regulamentares, a luta foi para o golden score.
O duelo que estava agitado tornou-se lento na prorrogação e, por isso, as judocas receberam uma punição por falta de combatividade no início do tempo extra. Isso fez com que as duas voltassem para jogo e atacassem mais. No entanto, pouco depois voltaram à intensidade "morna" e receberam mais uma punição cada, novamente por falta de combatividade.
Logo em seguida, a brasileira entrou um sode-tsurikomi-goshi e derrubou a adversária. A arbitragem chegou a verificar o VAR para constatar se houve pontuação, mas nada foi dado. A russa, então, cresceu no combate e tentou mais entradas, que foram bem defendidas por Portela. A partir do sexto minuto de golden score, as judocas sentiram o cansaço e pouco movimentaram a luta.
Já a partir dos nove minutos, a russa passou a atacar mais. Portela, já exausta, apenas se defendeu. A brasileira procurou a pegada da adversária, mas foi a europeia quem conseguiu três entradas consecutivas. Assim, após 11 minutos, mesmo sem pontuação, o árbitro decidiu punir Portela por falta de combatividade e deu a vitória à russa.
Foto de capa: Gaspar Nobrega/COB
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