FICHA TÉCNICA
Local de disputa: Prova de Rua que sairá de Tóquio passando pelas imediações do Monte Fuji e finalizando no Circuito Internacional de Fuji
Período: 23/07 a 28/07
Número de delegações participantes: 67
Total de atletas: 199
Brasil: Nenhum classificado
HISTÓRICO
No final do século XIX a bicicleta foi criada e logo começou a ser usada esportivamente. Não à toa o ciclismo estrada esteve presente na prova para homens de Atenas-1896, a primeira Olimpíada da Era Moderna. É bem verdade que o ciclismo viria a se ausentar nos quatro Jogos seguintes, mas desde 1912, nos Jogos Olímpicos de Estocolmo, a prova de estrada está presente de forma ininterrupta no cronograma olímpico.
Foi também no início do século XX que aconteceu as primeiras clássicas competições do ciclismo mundial. O Tour de France (1903), Giro D’Italia (1909) e Volta a Catalunya (1911) são algumas dos grandes eventos de corrida de rua que nasceram nesta época e hoje fazem parte dos maiores eventos esportivos do mundo.
As mulheres só participaram mais ativamente do ciclismo estrada lá para o final do século, quando estrearam na prova de corrida de rua em Los Angeles-1984. O que pouca gente sabe é que na Olimpíada a modalidade é dividida em duas vertentes: a prova de corrida de estrada e a prova contrarrelógio, uma espécie de treino de Fórmula 1 para fazer o melhor tempo para a largada. Vence quem fizer o melhor tempo do percurso.
O contrarrelógio é uma prova mais recente, que teve sua estreia olímpica em Atlanta-1996 para ambos os sexos. As provas do ciclismo estrada, tanto na corrida, quanto no contrarrelógio costumam ser bastante aguardadas por sempre terem cenários da cidade olímpica de tirar o fôlego. Em Tóquio-2020, por exemplo, o Monte Fuji é quem deve ser o grande destaque.
BRASIL
O Brasil não terá representantes nas provas de corrida e contrarrelógio do ciclismo estrada. Será a primeira vez desde 1976 que não teremos brasileiros nas provas de estrada, justamente após o melhor resultado da história do ciclismo nacional, com um 7º lugar de Flávia Oliveira na prova de corrida de estrada.
Ela passou por um difícil ciclo olímpico, com lesões e até problema com substância proibida que ela viria a ser inocentada e ter permissão para uso. Quando voltou a competir e começou a conquistar bons pontos no ranking olímpico, Flávia sofreu grave acidente e acabou ficando de fora de Tóquio. O Brasil ficou longe das 50 melhores nações no masculino e das 30 melhores no feminino, que se classificavam para a Olimpíada, assim como nas tentativas continentais, como nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019.
Clemilda Fernandes disputou sua última Olimpíada na Rio-2016 (Foto: Sirotti/RCUK) |
Se Flávia tem o melhor resultado geral da bike brasileira em Jogos Olímpicos, na prova de corrida só dos homens é Murilo Fischer quem chegou com a melhor posição, um 19º lugar na Olimpíada de Pequim. Na prova contrarrelógio, Clemilda Fernandes foi 18ª nos Jogos de Londres, o maior resultado brasileiro na prova por tempo.
FORMATO DE DISPUTA
O formato de disputa das provas de estrada é bem simples. Na corrida, 130 homens e 67 mulheres percorrem 234km, no masculino, e 141km na prova para elas.
Há apenas uma regrinha para montagem do circuito do evento de estrada: caso a prova seja realizada em um circuito, o trajeto tem que ter no mínimo 10km de extensão. Caso apenas uma parte da prova seja realizada em um circuito, a distância mínima é de 3km.
Por último, se parte do trajeto tiver de 3km a 5km em um circuito, os atletas só poderão dar 3 voltas, que aumenta para 5 voltar caso o circuito tenha de 5-8km e para 8 voltas permitidas nos casos em que parte do circuito da prova tenha de 8-10 voltas. Vence quem chegar primeiro no final da prova, que pode durar até 6h.
A regra do circuito será aplicada na competição em Tóquio. A chegada da prova de resistência será no Circuito Internacional de Fuji, porém, antes os atletas passarão e percorrerão os cerca de 4km do circuito por duas voltas. A regra diz que quando parte do trajeto for um circuito entre 3 e 5km, os atletas só poderão dar 3 voltas, o que acontecerá em Tóquio. A volta final será a da chegada.
Na prova contrarrelógio é parecido. Se na corrida vence quem chegar primeiro, no contrarrelógio vence quem fizer o melhor tempo. Serão 65 atletas nesta prova, sendo 40 homens e 25 mulheres. Os ciclistas largam individualmente a cada 90 segundos. A intenção é que não aja competição entre eles de ultrapassagem, muito menos que um atleta se aproveite do vácuo do outro competidor.
A prova masculina tem 44,2km de distância, enquanto a feminina as atletas pedalam durante 22,1km. O percurso feito em menor tempo, consagra o campeão da prova.
ANÁLISES
CORRIDA DE ESTRADA MASCULINO
Disputa: 23/07 às 23h
Atletas: 130
Favorito ao ouro: Tadej Pogacar (SLO)
Candidatos a medalha: Wout Van Aert (BEL)
Podem surpreender: Ben O’Connor (AUS), Richard Carapaz (ECU), Rigoberto Uran (COL), Primoz Roglic (SLO), Rafal Majka (POL), Simon Yates (GBR), Damiano Caruso (ITA), Vincenzo Nibali (ITA), Alejandro Valverde (ESP) e Greg Van Avermaet (BEL)
Brasil: Sem representante
Já virou tradição a prova de ciclismo estrada ser no dia seguinte à cerimônia de abertura. O percurso promete ser espetacular para quem assiste, quase sempre com o Monte Fuji como cenário. Mas para os atletas o percurso promete ser duríssimo. Serão 4.865m de subida acumulada, com trechos de até 12% de inclinação.
O formato da prova sugere que os ciclistas resistentes e especialistas em montanhas terão vantagem. Entretanto, historicamente a prova não tem exatamente favoritos conquistando medalha, por ser longa e mexer com vários aspectos durante as quase 6h de evento.
Atualmente, o esloveno Tadej Pogacar é o maior nome. Atual bicampeão do Tour de France, o jovem de 22 anos vem liderando novamente a tradicional prova francesa do ciclismo mundial. Ele não é exatamente um especialista nas provas de mais resistência, conseguindo facilmente se adaptar a qualquer circunstância necessária.
Tadej Pogacar venceu o Tour de France há uma semana (Foto: Charly Lopez/A.S.O) |
Pogacar terá seu compatriota Primoz Roglic na disputa, vencedor do La Vuelta em 2019 e 2020, que também chega forte em Tóquio-2020.
A Bélgica terá uma forte equipe também, com Remco Evenepoel, Wout Van Aert - atual medalhista de bronze no Mundial do ano passado - e Greg Van Avermaet. Van Aert vem, inclusive, de boas corridas em etapas do Tour de France recentemente.
A Colômbia também brigará por medalhas com Segio Higuita , Esteban Chaves, Dani Martinez e o medalhista de prata em Londres, Rigoberto Uran, todos entre os melhores ciclistas do mundo e com bons resultados neste ano. Higuita, inclusive, é top-10 no Tour de France.
A Itália terá Vincenzo Nibali, aos 36 anos e em sua quarta Olimpíada. Ele terá uma forte equipe ao seu lado, com destaque para Damiano Caruso, segundo colocado do Giro d’Italia deste ano.
O experiente Vincenzo Nibali na Rio-2016 (Foto: Sirotti/RCUK) |
Tom Pidcock seria chance de medalha para a Grã-Bretanha, mas ele optou por disputar a Olimpíada no moutain bike, onde as chances para ele são mais claras. Com isso, Simon Yates, especialista nas provas de montanha, será o principal nome da terra da Rainha.
O grande desfalque da prova fica por conta do francês Julian Alaphilippe, atual campeão mundial da prova de corrida no ciclismo estrada.
Há também o polonês Majka, medalhista olímpico no Rio, o espanhol Valverde, que vai para sua quinta participação olímpica e vem de título mundial em 2018, além do equatoriano Carapaz, segundo do ranking no Le Tour.
CORRIDA DE ESTRADA FEMININO
Disputa: 25/07, às 01h
Atletas: 65
Favorito ao ouro: Anna van der Breggen (NED) e Annemiek van Vleuten (NED)
Candidatos a medalha: Marianne Vos (NED), Elisa Longo Borghini (ITA) e Amanda Spratt (AUS)
Podem surpreender: Demi Vollering (NED), Marta Bastianelli (ITA), Amalie Didriksen (DEN), Cecillie Uttrup Ludwig (DEN) e Katarzyna Niewiadoma (POL)
Brasil: Sem representante
Se na prova masculina temos Pogacar como favorito ao ouro, mas uma prova muito em aberto, na disputa para as mulheres está tudo dominado pelas neerlandesas. Se liga na equipe que estará em Tóquio: Anna van der Breggen, campeã olímpica na Rio-2016, bicampeã mundial em 2018 e 2020 - além de uma prata no mundial de 2019, Annemiek van Vleuten, campeã mundial em 2019, Marianne Vos - campeã olímpica em Londres -, além da estreante Demi Vollering, de 24 anos.
As neerlandesas devem dominar o pódio do ciclismo de estrada feminino (Foto: Sirotti/RCUK) |
Os Países Baixos podem facilmente fazerem ouro, prata e bronze na prova de estrada feminino. Quem mais deve ameaçar serão as italianas, lideradas por Marta Bastianelli e Elisa Longo Borghini, bronze no Mundial de 2020 e na Olimpíada do Rio.
Amanda Spratt encabeça o time australiano após bronze e prata nos Mundiais de 2018 e 2019. Spratt tem grandes chances de medalha em Tóquio, com uma ciclista da Polônia e da Dinamarca correndo por fora podendo ser o fator surpresa.
CONTRARRELÓGIO MASCULINO
Disputa: 28/07, às 02h30
Atletas: 40
Favorito ao ouro: Filippo Ganna (ITA)
Candidatos a medalha: Stefan Kung (SUI), Rohan Dennis (AUS), Remco Evenepoel (BEL) e Wout Van Aert (BEL)
Podem surpreender: Rémi Cavagna (FRA) e Primoz Roglic (SLO)
Brasil: Sem representante
Se na corrida vence o atleta que for mais resistente, no contrarrelógio ganha quem for o mais rápido. Por isso, os atletas sprinters das corridas de resistência costumam se dar muito bem nas provas de contrarrelógio. Único fator que pode causar surpresas em Tóquio é o forte calor e alta umidade, previstos durante a prova.
Se nada sair dos conformes, a briga pelas medalhas fica em torno de cinco a seis atletas. Difícil é afirmar quem é o franco favorito ao ouro, mas temos pistas.
Uma delas é o australiano Rohan Dennis, bicampeão mundial nesta prova em 2018 e 2019. Mesmo a prova não sendo das mais favoráveis para o australiano, ele mostrou que sabe se adaptar a qualquer tipo de prova. Em 2020 ele terminou na 5ª colocação.
Outro grande nome é o italiano Filippo Ganna, atual campeão mundial e especialista nesta prova na estrada. Ele também foi bronze em 2019 e chega como um dos favoritos ao ouro.
No entanto, ele terá vida difícil contra o suíço Stefan Kung, atual campeão europeu e medalhista em Mundial. É bom lembrar que a Suíça tem o atual campeão olímpico desta prova masculina, com Fabian Cancellara.
Para fechar, Remco Evenepoel e Wout Van Aert tentam conseguir a primeira medalha para a Bélgica na prova de contrarrelógio masculino. Ambos chegam como candidatos à medalha.
CONTRARRELÓGIO FEMININO
Disputa: 27/07, às 23h
Atletas: 25
Favorito ao ouro: Anna van der Breggen (NED) e Annemiek van Vleuten (NED)
Candidatos a medalha: Chloé Dygert Owen (USA) e Marlen Reusser (SUI)
Podem surpreender: Amber Neben (USA)
Brasil: Sem representante
Assim como na prova de resistência, a prova de tempo na estrada também tem dominância das neerlandesas. Anna van der Breggen e Annemiek van Vleuten também são favoritas ao ouro nesta prova.
van Vleuten venceu em 2017 e 2018 o Campeonato Mundial, enquanto van der Breggen levou o de 2020 e varreu as provas do Giro d’Italia Feminino deste ano.
Anna van der Bregen foi ouro na prova de estrada e bronze no contrarrelógio na Rio-2016 (Foto: Sirotti/RCUK) |
Em 2019, o Mundial teve a norte-americana Chloé Dygert Owen como campeã, que se recuperou recentemente de lesão e chega na Olimpíada com chances de surpreender. Também do Estados Unidos vem Amber Neben, atleta que ficou no top-10 dos últimos três Campeonatos Mundiais. Pode ser surpresa.
Da Suíça, Marlen Reusser também é promessa de surpreender na competição após prata no Mundial de 2020. Quem sabe ela não se inspira em Cancellara e belisca o título olímpico.
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