FICHA TÉCNICA
Local de disputa: Tokyo Metropolitan Gymnasium
Datas dos torneios: 24/07 a 06/08
Número de países participantes: 57
Atletas participantes: 172
Brasil: 6 atletas
HISTÓRICO
Segundo a Federação Internacional de Tênis de Mesa (ITTF), o tênis de mesa é disputado desde a segunda metade do Século XIX. Relatos afirmam que a modalidade surgiu como uma variação do lawn tennis, que era disputado à época na Inglaterra. Com o tempo, o esporte se desenvolveu e ganhou um caráter mais profissional, resultando na criação da ITTF em 1926.
A Federação passou a organizar o Campeonato Mundial no mesmo ano em que foi fundada. Nas primeiras décadas, os países do Leste Europeu, como Hungria, Tchecoslováquia e Romênia, dominaram o cenário global. Porém, a partir da década de 1960, a Ásia passou a dar as cartas no tênis de mesa - em especial, a China, que já acumula 140 ouros na história dos Mundiais.
Além do lado esportivo, o tênis de mesa também assumiu uma importância política decisiva no contexto da Guerra Fria. Sem relações diplomáticas, Estados Unidos e China voltaram a dialogar depois que a delegação de tênis de mesa norte-americana visitou a China após o Mundial de 1971, disputado no Japão. A ocasião foi um marco nas histórias dos dois países, e a aproximação, posteriormente, ficou conhecida como “Diplomacia do Ping-Pong”.
Com a popularidade crescendo por todo o planeta, o Comitê Olímpico Internacional incluiu o tênis de mesa no programa dos Jogos Olímpicos de Seul, Coreia do Sul, em 1988. Desde então, o domínio asiático tem perdurado, com a China tendo vencido 28 dos 32 ouros possíveis. O Japão venceu outros três, enquanto a Suécia conquistou a única vitória de um país de fora da Ásia - o ouro de Jan-Ove Waldner (foto) no torneio de simples Jogos de Barcelona 1992.
Waldner foi único não asiático a vencer um torneio de simples em jogos olímpicos Foto: CFP |
Desde sua admissão no programa olímpico, o tênis de mesa teve apenas uma mudança na lista de eventos: a troca das provas de duplas pelo torneio por equipes em Pequim 2008. Na Rio 2016, a China conquistou os 4 ouros possíveis - Ma Long (simples masculino); Ding Ning (simples feminino); e as equipes masculina e feminina. Em Tóquio, a competição de duplas mistas fará sua estreia no programa.
BRASIL
O tênis de mesa chegou ao Brasil no início do Século XX, com a influência de turistas ingleses que praticavam a modalidade em São Paulo. Com o crescimento da prática no país, a seleção brasileira participou do Campeonato Sul-Americano pela primeira vez em 1947.
Desde então, o Brasil passou a marcar presença nos torneios internacionais com mais frequência. Em 1979, a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa se separou da Confederação Brasileira de Desportos e se tornou independente, controlando as competições da modalidade no país a partir de então.
Na estreia do esporte nos Jogos, em 1988, o Brasil enviou dois atletas: Cláudio Kano e Carlos Kawai. Oito anos depois, Kano perderia a vida em um acidente de trânsito no dia em que embarcaria para disputar os Jogos Olímpicos de 1996, em Atlanta, em uma grande tragédia para o esporte brasileiro.
Na edição olímpica anterior, Barcelona 1992, o tênis de mesa brasileiro conseguiu dois marcos importantes. Um deles foi a primeira participação feminina, com Monica Doti e Lyanne Kosaka. Já o outro é a estreia de uma lenda da modalidade: Hugo Hoyama.
Hugo Hoyama é uma lenda do tênis de mesa Foto: Divulgação/SESC |
Dono de dez ouros em Jogos Pan-Americanos, Hoyama participou de seis Olimpíadas. Em Atlanta, veio o melhor resultado de um brasileiro até então: Hugo chegou às oitavas-de-final, vencendo o sueco Jorgen Persson, candidato a medalha de ouro naquele ano.
O feito de Hoyama só seria igualado por outro fenômeno do tênis de mesa: Hugo Calderano. Depois de conquistar o bronze nos Jogos Olímpicos da Juventude de Nanquim em 2014, o carioca chegou às oitavas-de-final da Rio 2016, caindo para o japonês Mizutani Jun. Desde então, Calderano cresceu exponencialmente, foi bicampeão pan-americano e possui o melhor resultado de um mesatenista da América Latina no ranking mundial, ao entrar no Top 10 em 2019.
Nos Jogos de Tóquio, o Brasil terá as equipes masculina e feminina completas. As duas se classificaram pelo título na seletiva latino-americana em outubro de 2019. Com isso, seis atletas representarão o país nos Jogos: Hugo Calderano, Gustavo Tsuboi e Vitor Ishiy no masculino; e Bruna Takahashi, Jéssica Yamada e Caroline Kumahara, no feminino. A seleção feminina, inclusive, é comandada pelo agora treinador Hugo Hoyama.
FORMATO DE DISPUTA
As disputas do tênis de mesa olímpico ocorrem no sistema de mata-mata. Nos torneios de simples masculino e feminino, os atletas se enfrentam em partidas eliminatórias até a grande decisão. O mesmo vale para a prova de duplas mistas, que estreia no programa olímpico e conta com dezesseis parcerias participantes. Nesses três eventos, os jogos são em melhor de sete sets, com cada parcial indo até 11 pontos.
Na disputa por equipes, as seleções se enfrentam em duelos eliminatórios no formato melhor de cinco jogos. Cada time é composto por três atletas. São realizadas duas partidas de simples, seguida por uma de duplas. Caso seja necessário, outros dois jogos de simples são disputados até que um dos dois países vença três duelos. A distribuição é feita de modo que cada atleta jogue, no máximo, dois jogos por fase. Além disso, as partidas são realizadas em melhor de cinco sets, também com o limite de 11 pontos por set.
ANÁLISE
SIMPLES MASCULINO
Data: 24/07 a 30/07
Favoritos ao ouro: Fan Zhendong (CHN) e Ma Long (CHN);
Candidatos ao pódio: Harimoto Tomokazu (JAP), Hugo Calderano (BRA) e Yun-Ju Lin (TPE)
Podem surpreender: Dimitrij Ovtcharov (ALE), Timo Boll (ALE), e Mattias Falck (SWE)
Brasileiros: Hugo Calderano e Gustavo Tsuboi
Se uma pessoa pretendesse apostar em quem seriam os dois finalistas de simples em Tóquio, é bem provável que ela escolhesse os chineses Fan Zhendong e Ma Long. Os dois dominaram as principais competições do ciclo - como é de costume dos mesatenistas da China - e são os favoritos ao ouro no Japão. Ambos não participaram de torneios internacionais recentemente, devido à pandemia de Covid-19, mas seguiram treinando em seu país.
Ma Long (foto) é uma lenda da modalidade. Campeão olímpico em 2016, ele também foi três vezes campeão mundial de simples e líder do ranking durante 64 meses em sua carreira. Isso sem contar as conquistas em duplas e como membro da equipe chinesa em torneios continentais e globais. Para muitos, é o maior de todos os tempos.
Ma Long é imbatível até mesmo entre os mesatenistas chineses Foto: Binh Truong/Xinhua |
Já Fan Zhendong surgiu com mais força após os Jogos do Rio e se tornou o grande nome do esporte na atualidade. Líder do ranking mundial, Zhendong ainda não conquistou o Campeonato Mundial de simples, mas tem ouros por equipes e nas duplas. No último duelo internacional entre os dois, Fan superou Ma na final da Copa do Mundo de 2020 em um eletrizante 4 a 3.
Além dos chineses, a briga promete ser acirrada pelo bronze. O japonês Harimoto Tomokazu se tornou uma grande sensação quando venceu o Aberto da República Tcheca com apenas 14 anos em 2017. No ano seguinte, conquistou o Finals do Circuito Mundial aos 15, e se consolidou entre os grandes da modalidade apesar da pouca idade. No ano passado, fez jogo duro contra Ma Long nas semifinais da Copa do Mundo.
Ao seu lado na disputa está o brasileiro Hugo Calderano. Com a boa posição no ranking mundial, Calderano conseguiu ser cabeça-de-chave número 4 e fugirá dos chineses até a semifinal. Depois, tudo pode acontecer - inclusive uma vitória sobre Fan Zhendong, como ocorreu no Aberto do Catar de 2019. Porém, para chegar até lá, é preciso confirmar o favoritismo nos demais duelos eliminatórios - um deles pode ser contra o perigoso Yun-Ju Lin, do Taipé Chinês.
Calderano vai em busca de uma medalha inédita para o Brasil Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br |
Correm por fora na briga pelo pódio dois alemães: Dimitrij Ovtcharov (bronze nos Jogos de Londres 2012) e Timo Boll (vice-campeão da Copa do Mundo de 2017 e ex-número 1 do mundo). Outro nome interessante é o sueco Mattias Flick, que surpreendeu ao ser vice-campeão mundial em 2019. O Brasil também contará com Gustavo Tsuboi, que vai lutar pelo melhor resultado olímpico de sua carreira.
SIMPLES FEMININO
Data: 24/07 a 29/07
Favoritas ao ouro: Chen Meng (CHN);
Candidatas ao pódio: Sun Yingsha (CHN) e Ito Mima (JAP);
Podem surpreender: Cheng I-Ching (TPE), Ishikawa Kasumi (JAP), Tianwei Feng (SGP), Jihee Jeon (KOR) e Doo Hoi Kem (HKG)
Brasileiras: Bruna Takahashi e Jéssica Yamada
Enquanto, no masculino, Hugo Calderano e atletas europeus podem surpreender, no feminino, a tendência é que as primeiras posições sejam monopolizadas por esportistas da Ásia. O ouro, em especial, deve ficar com a chinesa Chen Meng. Líder do ranking mundial desde junho de 2019, Chen é tricampeã das finais do Circuito Mundial, vice-campeã do Mundial em 2019 e campeã da Copa do Mundo de 2020.
Foto: WTT |
Um degrau abaixo, está sua compatriota Sun Yingsha. A jovem de 20 anos foi campeã mundial de duplas em 2019 e cresceu no ranking de simples no mesmo ano, assumindo a segunda posição em novembro. Revelação do tênis de mesa chinês, Sun foi vice-campeã da Copa do Mundo e semifinalista nas finais do Circuito Mundial em 2020 - em ambos os torneios, só perdeu para Chen Meng.
Porém, a grande ameaça ao ouro de Chen deve ser a japonesa Ito Mima. Bronze por equipes na Rio 2016, Ito tem um estilo de jogo agressivo e tem a seu favor um histórico positivo contra atletas chinesas. Além disso, competir em casa, mesmo sem torcida, pode representar uma pequena vantagem. Em 2021, venceu os dois torneios WTT Contender em Doha, no Catar, que reuniram as melhores atletas do mundo - exceto as chinesas.
Correndo por fora, está a outra japonesa, Ishikawa Kasumi. Tianwei Feng, de Singapura, foi vice em um dos WTT Contender e também pode surpreender, assim como Cheng I-Ching, de Taipé Chinês; Jihee Jong, da Coreia do Sul; e Doo Hoi Kem, de Hong Kong. A brasileira Bruna Takahashi tem se destacado nos últimos anos, mas precisaria jogar o melhor de sua vida para brigar pelo pódio. O mesmo vale para Jéssica Yamada, outra atleta do Brasil no páreo.
EQUIPES MASCULINO
Data: 01/08 a 06/08
Favorita ao ouro: China;
Candidatos ao pódio: Alemanha, Coreia do Sul, Japão e Suécia;
Podem surpreender: Brasil e Taipé Chinês.
Brasil: Hugo Calderano, Gustavo Tsuboi e Vitor Ishiy
Difícil imaginar a China sem o ouro na prova por equipes masculina. Com Ma Long e Fan Zhendong, além de Xu Xin, é improvável que o trio chinês perca três partidas em um duelo contra qualquer seleção do mundo. Vale destacar que caso a China, de fato, vença, Ma Long conquistaria o tricampeonato no evento, já que também participou das campanhas vitoriosas de Londres 2012 e da Rio 2016.
Da esquerda para a direita: Ma, Fan e Xu. Foto: Bian Yuxiang/Xinhua |
Prata na última edição, o Japão aparece novamente como candidato ao pódio, contando com Harimoto Tomokazu, Niwa Koki e Mizutani Jun (medalhista de bronze em simples na Rio 2016). Outro time importante é a Alemanha, prata no Mundial de 2018 e bronze nas duas últimas edições olímpicas. Neste ano, Ovtcharov e Boll ganharam a companhia do estreante Patrick Franziska na equipe.
Também estão no bolo as equipes da Coreia do Sul e da Suécia, medalhistas de bronze no último Mundial. Já o Brasil tem chances de surpreender - em 2018, chegou às quartas-de-final do Mundial, mas caiu para a Alemanha. Se Hugo Calderano corresponder, e Gustavo Tsuboi e Vitor Ishiy crescerem na hora certa, as chances aumentam.
EQUIPES FEMININO
Data: 01/08 a 05/08
Favorita ao ouro: China
Candidatas ao pódio: Coreia do Sul, Hong Kong, Japão e Taipé Chinês
Podem surpreender: Alemanha, Singapura e Romênia
Brasil: Bruna Takahashi, Jéssica Yamada e Caroline Kumahara
Novamente, a China desponta como favorita ao ouro na prova por equipes feminino. A atual campeã mundial, Liu Shiwen (foto), se junta a Chen Meng e Sun Yingsha para formar um time que parece imbatível. Desde a inclusão do evento nos Jogos Olímpicos, em 2008, a seleção chinesa não perdeu nenhum jogo em Olimpíadas e só não venceu o Mundial de 2010, quando perdeu para Singapura na final.
Foto: Remy Gros/PPP/ITTF |
No segundo escalão, aparecem outras quatro potências asiáticas: Coreia do Sul, Hong Kong, Japão e Taipé Chinês. Esses quatro países têm se revezado nos pódios dos Campeonatos Mundiais e dos Jogos Olímpicos. No Mundial de 2018, o Japão foi prata, com Coreia e Hong Kong levando o bronze. Na edição anterior, o Taipé Chinês foi quem chegou à semifinal.
Singapura é outro país que também pode surpreender. Fora da Ásia, as equipes da Alemanha e da Romênia dão indícios de serem as mais sólidas. O Brasil classificou a equipe completa pela terceira vez na história, mas a seleção formada por Bruna Takahashi, Jéssica Yamada e Caroline Kumahara não está entre as principais candidatas à medalha.
DUPLAS MISTAS
Data: 24/07 a 26/08
Favoritos ao ouro: China e Japão
Candidatos ao pódio: Coreia do Sul e Taipé Chinês
Pode surpreender: Alemanha, Eslováquia e Hong Kong
Brasil: Não classificou
Estreando no programa olímpico, a prova de duplas mistas é a mais provável de ter alguma surpresa no pódio. A princípio, a China é favorita, com uma super dupla formada por Xu Xin e Liu Shiwen, que foram campeões mundiais em 2019. Porém, o Japão também vem forte, com Mizutani Jun e Ito Mima podendo ameaçar a hegemonia chinesa em Olimpíadas.
Outra dupla que chega embalada é a do Taipé Chinês, formada por Cheng I-Ching e Lin Yun-Ju. Eles venceram o WTT Star Contender de Doha no início de março, quando bateram Jihee Jeon e Sangsu Lee, da Coreia do Sul. Apesar da derrota, os sul-coreanos também chegam fortes em Tóquio. Também chamam a atenção as duplas da Alemanha, da Eslováquia e de Hong Kong, que podem surpreender.
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