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Guia Tóquio 2020: Vôlei de Praia



FICHA TÉCNICA
Local: Shiokaze Park
Período: 23/07 a 07/08
Número de delegações participantes: 23
Total de atletas: 96 (48 por naipe, sendo dois por dupla)
Brasil: 4 duplas: Bruno/Evandro e Alison/Álvaro Filho, no masculino; Ana Patrícia/Rebecca e Ágatha/Duda, no feminino.

HISTÓRICO
Diretamente derivado do vôlei de quadra, o vôlei de praia é disputado na areia, com uma equipe formada por apenas dois atletas, em vez de seis como é na quadra. Há registros de que as primeiras partidas de vôlei de praia foram disputadas em 1915, no Havaí, mas o surgimento oficial é que o vôlei de praia foi criado de forma improvisada nas areias da Califórnia (USA) nos anos 1920. Nos anos 1970, o vôlei de praia se profissionalizou nos Estados Unidos e começou a ganhar o mundo.

Já no Brasil, os primeiros jogos foram registrados na década de 1930, no Rio de Janeiro, e nos anos 50 foram disputados os primeiros torneios nas praias de Copacabana e Ipanema. A modalidade passou a ter um real destaque e se tornar febre nas praias do país no fim dos anos 1980, quando grandes nomes da geração de prata, ao lado de grandes nomes do voleibol mundial, começaram a participar de competições pelo país chanceladas pela FIVB (Federação Internacional de Vôlei). 

O sucesso da modalidade se espalhou pelo mundo, e o vôlei de praia foi esporte de demonstração em Barcelona 1992. Quatro anos depois, em Atlanta, estreou oficialmente para nunca mais sair do programa olímpico.

Dalhausser/Rodgers foram os últimos estadunidenses campeões olímpicos no vôlei de praia masculino (Mauricio Kaye/FIVB) 
Em Olimpíadas, os Estados Unidos é o maior vencedor no vôlei de praia nas seis edições disputadas tanto no masculino quanto no feminino. Os homens e mulheres conquistaram três ouros cada: Kiraly/Steffes em Atlanta 1996, Blanton/Fonoimoana em Sydney 2000 e Dalhausser/Rodgers em Pequim 2008; e Walsh/May entre Atenas 2004 e Londres 2012.


BRASIL
Outra potência no vôlei de praia é o Brasil, que tem uma rica história com três ouros olímpicos: Jaqueline e Sandra, em Atlanta 1996; Ricardo e Emanuel, em Atenas 2004; e Alisson e Bruno Schmidt, na Rio 2016. Além dos ouros, o Brasil tem mais sete pratas e três bronzes, nunca deixando de participar de um pódio olímpico na modalidade desde a sua estreia em 1996 - é o único país ao lado dos Estados Unidos a conseguir esse feito.

A primeira e única final 100% brasileira foi na estreia do vôlei de praia em Atlanta em 96 (Foto:  Domingos Peixoto/agência O Globo )
O vôlei de praia também proporcionou a primeira e única final Brasil x Brasil na história da Olimpíada, logo na estreia do vôlei de praia, em Atlanta, com Jaqueline e Sandra contra Adriana e Mônica. Outras dobradinhas do Brasil no pódio olímpico foram em Sydney 2000, com Adriana Behar/Shelda prata e Adriana/Sandra bronze; em Pequim 2008, quando Márcio Araújo/Fábio Luiz e Ricardo/Emanuel também foram prata e bronze, respectivamente.


Além de Brasil e Estados Unidos, apenas a Alemanha (Brinck/Reckermann, no masculino, em Londres 2012 e Ludwig/Walkenhost na Rio 2016) e Austrália (Cook/Pottharst em Sydney 2000) subiram no lugar mais alto do pódio no vôlei de praia olímpico.



FORMATO DE DISPUTA
Cada torneio é composto por 24 duplas. Elas são divididas em seis grupos com quatro duplas cada na primeira fase. Todas jogam entre si e as duas melhores de cada grupo mais os dois melhores terceiros colocados se classificam para as oitavas de final. Os terceiros colocados restantes disputam uma repescagem para ficar com as duas últimas vagas da fase eliminatória. A partir daí, são disputados jogos mata-mata, começando pelas oitavas e indo até a final.

A partida é disputada em melhor de três sets, ou seja, quem vencer dois primeiro, ganha. Para ganhar um set, é necessário fazer 21 pontos. No entanto, em caso de empate, a terceira e decisiva parcial, chamada de tie-break, acaba em 15 pontos


ANÁLISES

MASCULINO
Final: 06/08, às 23h30

Favoritos ao ouro: Mol/Sorum (NOR) e Cherif/Ahmed (QAT)

Candidatos ao pódio: Alison/Álvaro (BRA), Brouwer/Meeuwsen (NED), Daulhausser/Lucena (USA) e Krasilnikov/Stoyanovskiy (ROC)

Podem surpreender: Evandro/Bruno Schmidt (BRA), Fijalek/Bryl (POL) e Perusic/Schweiner (CZE)

Brasil: Alison/Álvaro estão no grupo D, ao lado de Brouwer/Meeuwsen (NED), Dalhausser/ Lucena (USA), e Azad/Capogrosso (ARG); Evandro/Bruno Schmidt estão no grupo E, com Fijalek/Bryl (POL), Marco/Esteban Grimaut (CHI) e Elgraoui/Abicha (MAR).

Entre os homens, duas duplas despontarem nesse ciclo olímpico e entram no torneio olímpico com todo o favoritismo nas costas: Mol/Sorum e Cherif/Ahmed. Os noruegueses tiveram um ciclo quase impecável - com exceção de Mundial e do World Tour Finals de 2019 - e só não é a única dupla a ser batida em Tóquio porque os cataris cresceram muito este ano e estão em grande fase nesta temporada de 2021. Cherif é senegalês naturalizado, enquanto Ahmed nasceu em Gâmbia. Juntos, podem faturar o primeiro ouro da história olímpica do Catar.

Cherif e Ahmed podem trazer o primeiro ouro olímpico do Catar (Foto: FIVB)
Apesar de ser uma dupla jovem, não se pode deixar de lado os russos - que não competirão sob a bandeira de seu país, mas sim pela bandeira do Comitê Olímpico Russo - Krasilnikov/Stoyanovskiy, campeões mundiais em 2019 e segundo no ranking olímpico, que devem estar brigando pela medalha olímpica.


Brasil e Estados Unidos, tão tradicionais no pódio olímpico no vôlei de praia masculino, correm o risco de não ter nenhum medalhista dessa vez, com suas duplas chegando a Tóquio sem o status de favoritas. No momento, Alison/Álvaro Filho e os veteranos Dalhausser/Lucena brigam pelo pódio, mas o sorteio dos grupos foi ingrato com eles, já que caíram na mesma chave. Além disso, a concorrência pelo pódio promete ser grande, com muito equilíbrio entre as duplas masculinas que estão abaixo de Mol/Sorum e Cherif/Ahmed no momento.

A outra dupla brasileira, formada por Evandro e Bruno Schmidt, na teoria tem suas chances reduzidas, muito por conta do grave caso de covid-19 sofrido por Bruno, no início deste ano, quando ele chegou a ficar internado no CTI por conta de complicações da doença e condição física de Bruno muito debilitada. Em um torneio tão exigente, isso pode pesar contra a dupla brasileira.

Evandro e Bruno Schmidt não estão tão cotados, mas podem surpreender (Foto:CBV)
Ainda assim, Evandro/Bruno podem surpreender em Tóquio. Retornando ao circuito no começo do mês na etapa de Gstaad, eles foram bem e pararam nas quartas de final. Além disso uma dupla formada por um campeão mundial e um campeão olímpico, com gabarito e talento para superar esse momento difícil. Além disso, tiveram um chaveamento mais generoso: caíram no grupo E, teoricamente mais fácil que o de Alison e Álvaro, que conta com Fijalek/Bryl (POL), Marco/Esteban Grimaut (CHI) e Elgraoui/Abicha (MAR).


FEMININO
Final: 05/08, às 23h30

Favoritas ao ouro: Agatha/Duda (BRA), Pavan/Paredes (CAN) e Klinemann/Ross (USA)

Candidatos ao pódio: Ana Patrícia/Rebecca (BRA), Makroguzova/Kholomina (ROC), Clancy/Del Solar (AUS) e Claes/Sponcil (USA)

Podem surpreender: Huberli/Betschart (SUI) e Ludwig/Kozuch (GER)

Brasil: Ágatha/Duda estão no grupo C, com Bansley/Wilkerson (CAN), Wang/Xia (CHN) e Gallay/Pereyra (ARG); Já Ana Patrícia/Rebeca ficam no grupo D, junto a Claes/Sponcil (USA), Kravenoka/Graudina (LAT) e Makokha/Khadambi (KEN).

Ágatha e Duda fizeram um grande ciclo e vão brigar pelo ouro em Tóquio (Foto: FIVB)
O torneio feminino do vôlei de praia em Tóquio tem como temática o equilíbrio. Algumas duplas merecem destaque e levam certo favoritismo por conta do bom momento nas últimas competições e as brasileiras Ágatha e Duda estão entre elas. A parceria mistura a experiência de Ágatha, prata na Rio-2016, e a juventude de Duda, tricampeã mundial sub-19 e bicampeã mundial sub-21. Em grande fase em 2021, com vários pódios na temporada, elas brigam pelo ouro. 

A canadense Sarah Pavan, que migrou das quadras para as areias, encontrou uma parceira ideal em Melissa Humana-Paredes, tanto que conquistaram o título mundial em 2019. Com boa consistência nas etapas do circuito mundial em 2021 deixam elas, que terminaram em primeiro no ranking olímpico, na briga pelo título. As norte-americanas Klineman - outra atleta que migrou das quadras para as areias -, e Ross, que fez dupla com a lendária Walsh na Rio 2016 (ficaram com o bronze), também estão na briga pelo título.
Pavan/Humana-Paredes é uma das duplas que vão brigar para estar no pódio olímpico (Foto: FIVB)
As outras duplas não estão fora da briga pelo pódio olímpico. No bolo do "pelotão perseguidor", estão as jovens brasileiras Ana Patrícia e Rebeca, que despontaram nesse ciclo jogando muito bem e são credenciadas a uma medalha olímpica. As duplas da Austrália (Clancy/Del Solar), da Rússia (Makroguzova/Kholomina), da Alemanha (da campeã olímpica com Walkenhorst na Rio 2016, Ludwig e Kozuch, que venceram o último World Tour Finals em 2019 em cima de Agatha e Duda) estão nesta briga, com promessa de termos grandes jogos nas fases eliminatórias.



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