Recentemente, uma nova tradição olímpica estabeleceu que os Jogos Olímpicos começam sempre numa sexta-feira e tem 16 dias oficiais de competição. Mas a Olimpíada sempre começa um pouco antes. E dentre os eventos pré-abertura está a rodada de ranqueamento do tiro com arco. 64 atletas atirando lado a lado, sem televisão, mas com muita ansiedade. O chaveamento é fundamental para a chance de medalhas.
Na manhã da sexta-feira (23), Ane Marcelle Santos estava representando o Brasil na posição de tiro 32, enquanto ao seu lado competia Karma, uma atleta do Butão que talvez chame a atenção pelo seu curioso nome, mas que carrega em si uma importante história para o país que fica nas regiões do Himalaia.
Em primeiro lugar, é importante ressaltar que no Butão as pessoas não possuem sobrenome, e por isso o nome dela é apenas "Karma", que é na verdade um primeiro nome. No país asiático, as pessoas tem também um segundo nome, que em geral define o gênero da pessoa, mas Karma escolhe só ser representada pelo seu primeiro.
Tiro com arco é esporte nacional do Butão
Karma em treinamento para os Jogos Olímpicos (foto: Confederação de Tiro com Arco de Butão) |
Apesar dos butaneses acompanharem assiduamente o futebol e dividirem suas paixões entre Brasil e Alemanha, o tiro com arco ainda é o esporte mais popular no país, mas em uma versão tradicional local. Dentre as modalidades globais, o país vai melhor no composto, que ao contrário do recurvo, não é olímpico. Karma comenta em um vídeo para o COI que o equipamento é feito de bambu e é comum homens jogarem em grupos - seu pai é também um arqueiro.
Desde 1971, o tiro com arco ganhou status oficial de esporte nacional. O país entrou relativamente tarde na disputa olímpica, enviando representantes apenas a partir de Los Angeles 1984 e nas sete primeiras edições, foi apenas representada no tiro com arco. Somente a partir de Londres 2012, outros esportes contaram com atletas do Butão.
Karma em ação nos Jogos Olímpicos de Tóquio (foto: Confederação de Tiro com Arco do Butão) |
Na Rio 2016, ano em que foi porta-bandeira de seu país pela primeira vez, Karma ficou em 60° com 588 pontos, e caiu no chaveamento em uma partida disputada contra a russa Tuyana Dashidorzhieva por 7 a 3, empatando 3 confrontos e perdendo dois outros combates.
"Minha olimpíada brasileira foi graças a um convite e devo agradecer ao COI por ter me dado essa oportunidade na Rio 2016. Agora, estou muito feliz e animada e apenas quis dar o meu melhor", declarou a arqueira ao Surto Olímpico na zona mista durante a rodada de ranqueamento.
"Minha olimpíada brasileira foi graças a um convite e devo agradecer ao COI por ter me dado essa oportunidade na Rio 2016. Agora, estou muito feliz e animada e apenas quis dar o meu melhor", declarou a arqueira ao Surto Olímpico na zona mista durante a rodada de ranqueamento.
Ela conseguiu sua vaga olímpica para Tóquio através de um torneio continental, feito inédito para o Butão. Não à toa, horas depois da nossa conversa, ela foi novamente porta-bandeira do país no Estádio Olímpico, desta vez ao lado do nadador Sangay Tenzin.
A atleta do Butão pediu ainda ao Surto Olímpico para "agradecer ao Japão por manter os esforços de organizar as Olimpíadas", pois achava que os Jogos não seriam realizados. Durante a sexta-feira, ela começou mal mas se recuperou e terminou com 616 pontos na 56ª posição. Na estreia da fase eliminatória, ela enfrenta Deepika Kumari, uma das revelações do tiro com arco indiano no início da década passada e que vem numa fase ótima, tendo vencido as Copas do Mundo de Paris e Guatemala esse ano.
O Butão está representado nos Jogos Olímpicos de Tóquio com outros três atletas. A atiradora Lenchu Kunzang, em sua segunda Olimpíada, foi 43ª colocada na carabina de ar 10m, logo no primeiro dia de competições oficiais. O judoca Ngawang Namgyel também competiu no primeiro dia, caindo para o turco Mihrac Akkus na estreia. Completando o time butanês, o nadador Sangay Tenzin competiu nesta terça-feira nos 100m livre, não avançando de fase.
Karma, primeira atleta do Butão a entrar em ação, será a última a sair também. Resta saber se nesta quarta-feira quando ela enfrenta Deepika Kumari às 5h44 ou se seu sonho olímpico durará mais alguns dias.
Atletas butanenses na Parada das Nações na Cerimônia de Abertura dos Jogos de Tóquio 2020 (Foto: Comitê Olímpico de Butão) |
O Butão está representado nos Jogos Olímpicos de Tóquio com outros três atletas. A atiradora Lenchu Kunzang, em sua segunda Olimpíada, foi 43ª colocada na carabina de ar 10m, logo no primeiro dia de competições oficiais. O judoca Ngawang Namgyel também competiu no primeiro dia, caindo para o turco Mihrac Akkus na estreia. Completando o time butanês, o nadador Sangay Tenzin competiu nesta terça-feira nos 100m livre, não avançando de fase.
Karma, primeira atleta do Butão a entrar em ação, será a última a sair também. Resta saber se nesta quarta-feira quando ela enfrenta Deepika Kumari às 5h44 ou se seu sonho olímpico durará mais alguns dias.
Foto: Jonne Roriz / COB
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