Resiliência é uma palavra que define bem Antônio Tenório. O paulista ficou totalmente cego aos 19 anos, após um acidente com um estilingue no seu olho esquerdo e uma infecção no olho direito. Hoje, aos 50 anos, o maior judoca paralímpico de todos os tempos chega ao Japão para a disputa dos Jogos Paralímpicos pela sétima vez após vencer um dos adversários mais difíceis de sua vida: a Covid-19. E a expectativa é voltar para casa com mais uma medalha no peito.
Diagnosticado com o novo coronavírus em março deste ano, Tenório ficou internado por 18 dias, chegou a ter 80% de seu pulmão comprometido, precisou de ventilação, mas não foi intubado. "Só Deus explica a minha permanência no judô paralímpico. As vezes acho que nem era para eu estar mais presente nesse mundo", conta, emocionado, o judoca. "É um privilégio estar aqui mais uma vez defendendo o Brasil", completa.
O susto ficou para trás e Antônio Tenório foca nos treinos para fazer bonito na hora que pisar no tatame. "Sabemos a dificuldade do torneio, mas a expectativa é subir ao pódio mais uma vez. Temos treinado forte e, independente do resultado, tenho certeza que vou fazer o meu melhor", garantiu o atleta.
Dono de quatro medalhas de ouro, uma de prata e uma de bronze, Tenório ocupa o quarto lugar no ranking mundial da classe B1 (cegos totais ou com percepção de luz, mas sem reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância), na categoria até 100kg. Sua estreia na Arena Nippon Budokan, em Tóquio, será em 27 de agosto.
Despedida?
Mas engana-se quem pensa que os Jogos do Japão serão os últimos de Antônio Tenório. O atleta deixou claro que ainda tem lenha para queimar. Ele não quer encerrar o seu ciclo paralímpico agora e já projeta lutar em Paris em 2024, quando acontece a próxima edição do megaevento paradesportivo. "Meus planos são ir até Paris, quando vai se formar a categoria de B1 por lá e, com certeza, eu vou pendurar a chuteira aos 54 anos. Agora sim é uma promessa", brinca.
Foto: Alê Cabral/CPB
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