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A prata na Rio 2016 marcou o fim da chamada Geração de Ouro do hóquei na grama dos Países Baixos. Um dos maiores nomes da modalidade e bicampeã olímpica, a treinadora australiana Alyson Annan passou a buscar novas atletas para manter a máquina de títulos em ação. O futuro da Oranje, apelido da equipe, estava em xeque. Como iriam substituir as recém aposentadas Ellen Hoog, Naomi van As e a goleadora Maartje Paumen? A resposta veio em Tóquio 2020. E tem nome e sobrenome: Frédérique Matla.
Matla nasceu em uma família de esportistas. Sua mãe Anne-Helene Matla jogou hóquei na principal liga do país. Mas aos 24 anos, ela construiu o próprio nome. Seus gols e habilidade estão liderando a campanha invicta e avassaladora, até o momento, dos Países Baixos no hóquei. É a artilheira desta edição. Na fase de grupos, a atacante marcou sete dos 18 gols da seleção neerlandesa. Incluindo o único sobre a Grã Bretanha, revanche da última final olímpica.
Até o momento, ela é o principal destaque do hóquei na grama. De acordo com a imprensa local, Frédérique assumiu o protagonismo de um time que foi moldado na coletividade. Alyson sempre ressaltou que buscava ter um time que fosse mais coletivo ainda que a geração anterior. Mas este caminho durante a trajetória viu Matla mudar sua carreira de patamar com desempenhos incríveis.
Frédérique Matla tinha apenas 19 anos na última Olimpíada e acabou ficando de fora, mesmo participando das seleções de base. Apesar de ganhar 100% dos torneios que disputou durante o ciclo para Tóquio, a transição de gerações foi sendo feita de forma quase obrigatória por conta das aposentadorias. Com as vagas deixadas pelas veteranas, a jovem agarrou a oportunidade nos torneios seguintes.
Os gols de Maartje Paumen, ao lado de Lidewij Welten, eram os maiores combustíveis para os troféus até 2016. A pressão para Matla manter o nível apareceu no Campeonato Europeu de 2017. Em sua primeira disputa oficial com o time principal, a neerlandesa iria jogar ao lado da sua ex-babá e principal nome ofensivo até então: Welten.
A Supernova dos Países Baixos: de aposta a principal artilheira da Oranje
A atacante apresentou seu cartão de visita logo na estreia daquele torneio. Foram dois gols no 3 a 1 sobre a Espanha. E quem anotou o outro? Lidewij Welten. As comparações com Paumen logo começaram. Demostrando personalidade, Matla não fugiu da responsabilidade. Em entrevista, a jogadora afirmou que Maartje era sua maior inspiração. E viu Paumen, nas arquibancadas, aplaudindo seu primeiro título com a seleção naquele ano.
Fisicamente parecidas, as semelhanças aumentaram quando Frédérique passou a ser uma das principais goleadoras da Oranje nas competições. Em 2019, na recém criada Pro League, foi eleita a Melhor Jogadora. Para as Olimpíadas de Tóquio ela chegou como uma das maiores apostas e promessas neerlandesas. Após cinco partidas, já é realidade e acende a esperança para que a medalha de ouro retorne aos Países Baixos.
Sua liderança técnica vem sendo um dos pontos altos de uma equipe que na Olimpíada anterior teve problemas com desempenhos individuais. Nos momentos decisivos, os grandes nomes pareciam carregar o peso da idade e não eram mais tão efetivos. Até mesmo Naomi van As, que fez sua melhor partida com os Países Baixos naquela edição justamente na final, não conseguiu repetir o gol da decisão de Beijing 2008.
Agora, os neerlandeses esperam um rumo diferente com a nova artilheira. Nesta segunda-feira, contra a Nova Zelândia, pelas quartas de final dos Jogos Olímpicos, Frédérique Matla estará novamente em campo. Enquanto seu brilho vai aumentando e sendo decisivo a cada jogo, o mundo do hóquei vê o time favorito ao ouro colocando mais uma estrela em sua imensa constelação.
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