A temporada de inverno está a todo vapor e esta semana já tem um de seus principais eventos pré-olímpicos: o Troféu Nebelhorn, competição em Oberstdorf na Alemanha, que distribui as últimas vagas da patinação artística para Pequim-2022. Foi através desse evento que Isadora Williams se classificou para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 e 2018. A brasileira tenta uma terceira participação olímpica, mas dessa vez a tarefa será mais difícil.
Neste guia, o Surto Olímpico traz os principais destaques de cada categoria, além dos favoritos a conquistarem uma vaga para os Jogos Olímpicos de Inverno Pequim-2022.
SISTEMA DE QUALIFICAÇÃO
Assim como nos últimos ciclos olímpicos, as vagas para os Jogos de Pequim são distribuídas usando duas competições: o Campeonato Mundial de 2021 e o Troféu Nebelhorn, torneio que faz parte da Challenger Series da União Internacional de Patinação (ISU). Ao todo, são 30 vagas para o individual, 19 para os pares e 23 para a dança no gelo.
Com o desempenho dos patinadores no país no Mundial, cada Comitê Olímpico pode conseguir de uma a três vagas em cada prova. Neste ciclo há uma novidade: um país que cumpriu os requisitos para ganhar três vagas no Mundial, por exemplo, mas tinha apenas dois patinadores no programa longo, recebe as duas vagas. Porém o país poderá tentar conquistar a terceira vaga no Nebelhorn.
Estarão em jogo em Oberstdorf: sete vagas no masculino, seis no feminino, três nos pares e quatro na dança no gelo.
FEMININO
33 atletas - 6 vagas
A única representante do Brasil na competição será Isadora Williams. A brasileira conseguiu a vaga no torneio alemão nos últimos dois ciclos olímpicos, mas terá mais dificuldade dessa vez. Isadora estava em franca evolução no início do ciclo, com boas performances no Mundial de 2019 e no Four Continents (o continental para os patinadores não-europeus) daquele ano. Porém, com a pandemia, o rink onde a atleta treina em New Jersey, nos Estados Unidos, ficou muito tempo fechado, impossibilitando a brasileira de treinar.
Isadora no Mundial de 2019 - Foto: Issei Kato/Reuters |
Isadora voltou a competir no último mês, na Cranberry Cup, competição de início de temporada em Boston. Mas ainda se recuperando de uma fratura de estresse no pé, ela decidiu não terminar o programa longo após sentir algumas dores.
Com a possibilidade de países como Estados Unidos conquistarem vagas adicionais no Neblehorn, o nível do torneio será mais alto este ano. Das 33 atletas que disputam a competição, Isadora tem a 12ª melhor nota no programa curto e a 17ª do programa longo, considerando as melhores marcas pessoais de cada atleta. A brasileira vai ter que fazer uma apresentação próximo do seu melhor e torcer por erros de algumas adversárias para ter chances maiores de conquistar a vaga olímpica.
Se repetir suas séries da Cranberry Cup, o programa curto de Isadora será ao som de Bound to You, canção de Christina Aguilera da trilha sonora do filme “Burlesque”. Já o programa longo deve ser com Never Enough, do filme “O Rei do Show”.
Favoritas à vaga olímpica:
Alysa Liu (USA), Ekaterina Kurakova (POL), Alexia Paganini (SUI) - Liu é a principal favorita. A estadunidense vai tentar uma terceira vaga olímpica para seu país e deve conseguir sem sustos. Alysa Liu fez boas apresentações este ano na Cranberry Cup e no Lombardia Trophy vencendo as duas competições. Kurakova foi prata e Paganini ficou em quarto lugar no Lombardia e se repetirem as notas das apresentações devem conseguir ir para Pequim.
Alyssa Liu é bicampeã naciona nos EUA - Foto: Orlando Ramirez/USA Today Sports |
Candidatas às vagas:
Lara Gutmann (ITA), Viktoriia Safonova (BLR), Lea Sérna (FRA), Nicole Rajičová (SVK), Kailani Craine (AUS) e Sofia Schaller (AUT) - Desse grupo, Gutmann é a favorita. A patinadora não teve um bom desempenho no programa curto no Lombardia Trophy, mas se acertar no Nebelhorn consegue nota suficiente para a vaga olímpica. Schaller, Sérna e Craine (que venceu o torneio em 2017), conseguiram notas na casa dos 150 a 160 pontos no total este ano e também estão no bolo das candidatas à vaga olímpica. Já Safonova e Rajičová fazem sua estreia na temporada 2021-22, mas ambas têm melhores marcas pessoais acima dos 160 pontos.
Lara Gutmann no Lombardia Trophy 2021 - Foto: Divulgação/FISG |
Correm por fora:
Emilea Zingas (CYP), Júlia Láng (HUN), Anastasiia Shabatova (UKR) e Isadora Williams (BRA) - As quatro patinadoras têm entre 140 e 155 pontos como suas melhores marcas pessoais. Se melhorarem as suas notas no Nebelhorn, podem brigar por uma vaga, a depender do desempenho das adversárias.
MASCULINO
26 atletas - 7 vagas
Assim como no feminino, a disputa terá um nível mais alto, comparado a quatro anos atrás, com países tradicionais como Rússia, Estados Unidos, Canadá, França e Coreia do Sul podendo disputar uma vaga extra.
Favoritos à vaga:
Vincent Zhou (USA), Mark Kondratiuk (ROC), Roman Sadovsky (CAN), Adam Siao Him Fa (FRA) - Campeão Mundial Júnior em 2017 e bronze no Mundial de 2019, Vincent Zhou é o principal favorito à uma vaga olímpica. O estadunidense venceu a Cranberry Cup com 288.26 pontos no total e se repetir a pontuação no Nebelhorn deve conseguir uma terceira vaga para os Estados Unidos com folga.
Vincent Zhou no Four Continents 2019- Foto: Chris Carlson/AP |
Adam Fa ficou em segundo lugar no Lombardia Trophy recentemente e também tem notas boas para ficar entre os sete primeiros caso acerte suas apresentações, assim como Sadovsky que ainda não competiu nessa temporada. Kondratiuk fará sua estreia competindo internacionalmente na categoria adulta, mas tem 260 como sua melhor marca pessoal e fez boas apresentações em exibição na Rússia algumas semanas atrás
Candidatos à vaga:
Vladimir Litvintsev (AZE), Brendan Kerry (AUS), Paul Fentz (GER), Lee Si-hyeong (KOR) - Os quatro patinadores têm notas entre 220 e 235 como suas melhores marcas pessoais. Fentz e Litvintsev ficaram próximos da vaga no Mundial de 2021, mas sofreram quedas no programa curto e terminaram em 26º e 27º lugar, respectivamente (se ficassem entre os 24 primeiros conseguiriam a vaga olímpica). Kerry não compete internacionalmente desde o início da pandemia, mas pelo seu histórico, não deve ter dificuldades para ficar no top-7 da competição. Já Lee fará sua estreia internacional na categoria adulta.
Paul Fentz fez um programa inspirado em Game of Thrones na Olimpíada de 2018 - Foto: Chris Carlson/ AP |
Correm por fora:
Maurizio Zandron (AUT), Peter James Hallam (GBR), Davide Lewton Brain (MON), Başar Oktar (TUR) - São atletas com notas entre 190 e 220 pontos no total como seus melhores desempenhos. Caso consigam subir suas pontuações, podem brigar por uma vaga em Pequim, se os adversários cometerem falhas nas suas apresentações.
PARES
14 duplas - 3 vagas
Favoritos à vaga:
Laura Barquero/Marco Zandron (ESP) - A dupla está em boa fase neste início de temporada. Os espanhóis foram vice-campeões no Lombardia Trophy com 184.94 pontos no total. Se repetirem a performance do começo do mês no torneio italiano, a chance de vaga olímpica é alta.
Barquero e Zandron no Lombardia Thorphy 2021 - Foto: Reprodução/Twitter |
Candidatos à vaga:
Yuchen Wang/Yihang Huang (CHN), Karina Safina/Luka Berulava (GEO), Hailey Kops/Evgeni Krasnopolski (ISR), Anastasia Golubeva/Hektor Giotopoulous Moore (AUS) - as quatro duplas têm notas acima dos 155 pontos e devem estar entre os primeiros colocados caso acertem suas séries. Os chineses, australianos e georgianos são duplas jovens, que ainda disputam o circuito mundial júnior. Safina e Berluava ficaram a um ponto da vaga olímpica no Mundial de 2021. Já Israel conta com Evgeni Krasnopolski tentando sua terceira participação nos Jogos, com uma nova parceira.
Correm por fora:
Zoe Jones/Christopher Boyadji (GBR) e Lana Petranovic/Antonion Souza Kordeiru (CRO) e Coline Keriven / Noël-Antoine Pierre (FRA) - pares que tem pontuações na casa dos 150 pontos nos seus históricos, mas que estão um nível abaixo dos adversários.
DANÇA NO GELO
17 duplas - 4 vagas
Favoritos à vaga:
Maria Kazakova / Georgy Reviya (GEO), Juulia Turkkila / Matthias Versluis (FIN) e Natálie Taschlerová / Filip Taschler (CZE) - As três duplas têm as melhores marcas entre as que disputam a classificação para Pequim-2022. Kazakova e Reviya foram prata no Mundial Júnior de 2020. Já os finlandeses e os tchecos ficaram próximos de conseguir uma cota olímpica pelo Mundial de 2021, ficando a menos de três pontos de avançarem para a dança livre.
Kazakova e Reviya no Mundial Júnior de 2019 - Foto: David W. Carmichael/davecskatingphoto.com |
Candidatos à vaga:
Holly Harris / Jason Chan (AUS), Min Yura / Daniel Eaton (KOR) e Tina Garabedian / Simon Proulx-Sénécal (ARM) - duplas com pontuações entre 150 e 165 pontos e que no papel brigam pela quarta vaga. Min participou dos Jogos em 2018 com outro parceiro, ficando em 18º lugar. Já os australianos e os armênios tentam suas primeiras participações olímpicas.
Correm por fora:
Sasha Fear / George Waddell (GBR) e Carolina Portesi Peroni / Michael Chrastecky - Grã-Bretanha e Itália tentam uma vaga adicional na dança no gelo. São duas duplas jovens, com melhores marcas na casa dos 150 pontos no total.
PROGRAMAÇÃO
23/09
4h - Masculino - programa curto
9h - Pares - programa curto
12h - Feminino - programa curto
24/09
5h30 - Dança no gelo - dança rítmica
9h15 - Masculino - programa longo
15h - Pares - programa longo
25/09
5h10 - Feminino - programa longo
11h35 - Dança no gelo - dança livre
Você pode assistir a competição aqui.
Foto de capa: John Sibley/Ruters
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