As seleções femininas de base do nado artístico abriram uma vaquinha para arrecadar até R$ 106 mil para poder treinar para o Sul-Americano Sub-15 e Sub-19, no Peru e nos Jogos Pan-Americanos Júnior, em Cali na Colômbia. As meninas tomaram a iniciativa após o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) cortar as verbas para o ciclo de treinamento, comprometendo a remuneração das equipes técnicas e a preparação para as competições.
O Sul-Americano acontece daqui a duas semanas e as atletas reclamam que não podem treinar, usando como argumento a cobrança de grandes resultados, não acompanhado de investimento proporcional à pressão.
Sou atleta da seleção brasileira de nado artístico e ontem, a duas semanas para o Sul-americano e menos de dois meses para o Panamericano, recebemos a notícia de que o COB cortou TODAS as verbas para os nossos treinamentos + pic.twitter.com/Q1rAbFjOSw
— potiiii (@Luizafrodrigues) October 17, 2021
O COB responsabiliza a CBDA (Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos), que não prestou contas da gestão Coaracy Nunes e por isso não pode receber os recursos da Lei Agnelo/Piva, que regulariza os repasses na divisão do dinheiro arrecadado das Loterias Caixa.
Com a CBDA impossibilitada, o COB é quem executa as verbas repassando a verba tanto para treinamentos e competições quanto para o pagamento do salário dos colaboradores e sede das federações. O comitê olímpico afirma que a confederação de natação já estourou a sua cota na divisão, por sua vez, a confederação afirma que a mudança de sede do Sul-Americano da Bolívia para o Peru, no mês de agosto, encareceu a viagem.
O sul-americano terá a presença também dos atletas da natação, polo aquático, maratona aquática e saltos ornamentais, o que deixa apenas o valor total das passagens em R$ 1 milhão. Com o custo, o COB pediu a redução da delegação, o que foi negado pela CBDA, a entidade olímpica então cortou do orçamento dos treinos. Confira a nota completa do CBDA sobre o assunto:
A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos vem, por meio desta nota, esclarecer alguns pontos à comunidade aquática e à imprensa sobre o cancelamento do período de treinos da seleção brasileira juvenil de Nado Artístico que deveria ter começado no fim da última semana, no Rio de Janeiro.
A situação financeira da CBDA é de conhecimento público e, por conta de falhas de antigas gestões entre 2011 e 2017, a entidade não pode ter acesso à verba das Loterias que é de direito previsto em lei. Sendo assim, o Comitê Olímpico do Brasil, desempenhando seu papel, executa as ações dos esportes aquáticos do Brasil com o dinheiro que é da CBDA.
Nos últimos dois anos, a CBDA vem trabalhando – com 15 voluntários e 9 funcionários contratados – para que essas falhas das antigas gestões sejam sanadas. Enquanto o problema não é resolvido pela Justiça, a CBDA conta sim com a ajuda de poucos das dezenas de funcionários do Comitê Olímpico para que o esporte aquático continue tendo protagonismo no cenário esportivo.
A parceria entre CBDA e COB para a utilização desta verba vem dando bastante certo ao longo dos últimos anos. Inclusive, com o notório reconhecimento do próprio Comitê Olímpico com a avaliação do Programa de Gestão, Ética e Transparência, onde a CBDA saltou da 31ª para 21ª colocação no programa com nota de 7,87. A CBDA, inclusive, foi eleita a Confederação mais transparente do Brasil
Contextualizada a parceria, segue a situação específica do Campeonato Sul-Americano. O planejamento de utilização da verba das Loterias – verba essa de direito da CBDA e apenas executada pelo COB – foi feito em novembro de 2020, em um momento de incertezas até mesmo da principal competição do ano de 2021: os Jogos Olímpicos. Para o Campeonato Sul-Americano Juvenil e Junior, o planejamento foi feito com base nas poucas informações que a CBDA possuía naquele momento.
Em setembro deste ano, a CONSANAT alterou o local da competição: de Santa Cruz de La Sierra para Lima. A mudança fez com que o planejamento feito quase um ano atrás sofresse ainda mais alterações. O preço das passagens aéreas, por exemplo, teve um aumento significativo e impactou na verba que havia sido separada para esta competição.
Com todo esse problema, a CBDA se viu obrigada a recorrer ao Comitê Olímpico do Brasil para que as seleções juvenis e juniores das cinco modalidades não ficassem descobertas na principal competição desta categoria nesta temporada. Do valor não previsto: R$ 330 mil, R$ 116 foram utilizados recursos da verba de Loterias da própria CBDA, restando a quantia de R$ 214 para ser completada.
O Comitê Olímpico, então, optou por não completar a ação e cancelar, assim, o treinamento de Nado Artístico e a ida da equipe brasileira para a Copa Pacífico de Maratonas Aquáticas. Vale lembrar que o treinamento em conjunto para o Nado Artístico é fundamental para que as atletas tenham a sincronia de movimentos necessária para participar das provas. O cancelamento do treinamento aconteceu um dia antes do início.
Diante dos acontecimentos no mundo de 2020 até hoje, podemos dizer que o planejamento foi feito com o que a CBDA tinha em mãos. Lamentavelmente, a CBDA, ainda, não pode executar suas ações e, por isso, espera que o COB reveja sua decisão, se conecte com a realidade das confederações nacionais e que possamos manter nossa parceria que vem gerando grandes frutos para o esporte brasileiro.
Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal/ Vaquinha
1 Comentários
A nota públicada é da CBDA, não do COB como escrito na reportagem.
ResponderExcluirSendo assim qual o posicionamento oficial do COB?