O judoca brasileiro Felipe Kitadai decidiu encerrar sua vitoriosa carreira anunciando sua aposentadoria dos tatames, na quarta-feira, 30. Medalhista olímpico de bronze em Londres 2012, Kitadai pendura o judogi de atleta para assumir uma nova função no judô. Ele foi convidado pela Federação Austríaca de Judô para assumir o posto de treinador da seleção júnior (Sub-21) da Áustria.
“Agora, chegou a hora de seguir em frente. Estou diante de novos desafios. Encerro minha carreira de atleta e assumo uma nova empreitada. De coração, serei eternamente grato ao judô”, escreveu em carta de despedida. “Conquistei muito mais que medalhas e títulos. Fiz amigos, construí uma família e criei laços que nunca mais vão se desfazer. Fui muito feliz, me diverti muito com o judô e espero ter, com meu trabalho e dedicação, contribuído na história desse esporte fantástico.”
Na seleção brasileira, Kitadai fez parte de uma das gerações mais vitoriosas do judô brasileiro, defendendo as cores do Brasil ao lado de outros grandes atletas, como Luciano Corrêa, Tiago Camilo, Leandro Guilheiro, Rafael Silva e Charles Chibana, seu grande parceiro.
Foram 13 anos vestindo o judogi do Brasil e representando o país sempre com muita coragem, honra e superação. Seu estilo de luta agressivo, técnico e incansável o fez conquistar, além da medalha olímpica, sete títulos continentais e mais de uma dezena de medalhas em etapas do Circuito Mundial IJF.
Em 2010, ainda iniciando sua caminhada com a seleção, ele chocou o mundo do judô ao vencer uma das lendas da modalidade, o japonês Tadahiro Nomura, único tricampeão olímpico de judô, na Copa do Mundo de Roma.
Em 2011, ganhou o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara e, finalmente, em 2012, veio a consagração nos Jogos de Londres com a medalha conquistada no dia de seu aniversário.
Kitadai ainda representou o Brasil nos Jogos do Rio 2016 e ficou em sétimo lugar após cair na repescagem. Especialista em superação, ele acreditou até o último hajime que poderia classificar-se também para os Jogos de Tóquio. Em 2019, venceu de forma contundente o Grand Slam de Baku e conseguiu o único resultado que o classificaria para o Mundial de Tóquio. Mas, com o adiamento dos Jogos o caminho ficou mais difícil para o judoca e ele não conseguiu chegar a sua terceira participação olímpica.
A última competição de Felipe Kitadai pela seleção brasileira foi o Grand Slam de Tashkent, no Uzbequistão, em março de 2021.
“O Kita sempre foi e é muito especial. No final do ciclo olímpico para os Jogos de Beijing 2008, sentimos necessidade de procurar atletas para as categorias de 60kg e +100kg. Realizamos treinos só para essas categorias e, nesses treinos, escolhemos o Kita, no Ligeiro, e o Baby, no Pesado”, conta Luiz Shinohara, ex-técnico da seleção masculina que esteve junto com Kitadai em suas principais conquistas. “O Kita, na época, ainda não era o melhor na categoria. Porém, seus randoris chamavam muita atenção, porque tinha uma característica muito diferente. Sempre que era derrubado saía fazendo kiai, indo para cima de seus adversários até conseguir reverter, sempre. Isso chamou muita atenção, pela competitividade e resiliência apesar de muito desgastado em cada randori. Acertamos na escolha e, nos Jogos Olímpicos de Londres, lutou exatamente desta forma. Fiquei emocionadíssimo com sua medalha, principalmente pela maneira que a conquistou. Tenho certeza que fará um belíssimo trabalho, agora como treinador. E, com certeza, estarei torcendo muito por seu sucesso.”
Em homenagem à história e toda contribuição de Kitadai ao judô nacional, a Confederação Brasileira de Judô outorgou-lhe a faixa vermelha e branca de 6º Dan, uma das graduações mais altas e prestigiosas do judô.
Seu clube, Sogipa, também preparou uma homenagem relembrando toda sua trajetória no judô e trazendo depoimentos emocionados de seus grandes companheiros, como o técnico Kiko Pereira, João Derly, Charles Chibana, Daniel Cargnin, Rafael Silva e Mayra Aguiar.
Foto: Gabriela Sabau/IJF
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