Foto: Wagner Carmo/CBAt |
Daniel Nascimento já é uma realidade no cenário mundial da maratona. E após a quebra do recorde sul-americano que durava 24 anos, ele começou a ser observado com mais atenção até mesmo pelos grandes nomes da maratona - Os quenianos.
Em entrevista concedida ao Surto Olímpico durante o Troféu Brasil de atletismo disputado no Estádio Nilton Santos, quando Danielzinho venceu os 10.000 metros, ele revelou que conforme ele vai baixando suas marcas na maratona, os fundistas quenianos estão começando a observar com mais atenção seu desenvolvimento, vendo que o brasileiro será um forte rival bem antes do que eles esperavam:
"No Quênia, eles levam muito a sério esse negócio de treinamentos, são bem rígidos. Eles me deixam bem a vontade também, mas ficam de olho no meu desenvolvimento. Principalmente por ter feito essas marcas em tão pouco tempo treinando com eles, primeira maratona em Lima fiz 2h09, Valência fiz 2h06 e agora nesse ano fiz 2h04 em Seul e bati recorde... eles estão sempre de olho, me chamam de criança da maratona até! (risos)"
Danielzinho, de 23 anos, explicou que sua passagem pelo Rio de Janeiro para disputar a meia maratona e os 10.000 metros do Troféu Brasil fez parte da sua estratégia de treinamentos para o que ele considera uma de suas deficiências, a virada a para parte final da prova:
"Na minha prova em Seul - onde ele quebrou o recorde sul-americano -, eu tive dificuldade nessa parte da virada, no final da segunda parte da maratona. Os etíopes se mexeram nessa hora e foi muito difícil pra mim. Eu tenho que treinar muito essa segunda parte da prova. No troféu Brasil, eu tracei a estratégia de correr os primeiros 5km junto com o pelotão e na metade final eu forcei o ritmo mesmo pra mexer com tudo, com a tática e com os nervos, em meio ao cansaço... tudo." contou Daniel, que usa duas pulseiras da sorte, uma com as bandeiras de Brasil e Quênia e outra com as cores do capacete do falecido piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna para não ser confundido com um etíope, grandes rivais dos quenianos na corrida, onde treina.
Danielzinho quebrou o recorde sul-americano da maratona em Abril (foto: Reprodução/Instagram) |
E o primeiro não-africano na lista dos melhores do mundo em 2022 falou também sobre como é treinar em Kaptagat, cidade a 2.800m acima do mar: "Lá é muito incrível. Se o Brasil é o país do futebol, lá é o país da corrida. Se a criança aqui quer ser o Neymar, Messi, Cristiano Ronaldo, lá as crianças querem ser o Kipchoge, o Paul Tergat...Lá tem uma placa incrível na cidade que diz 'Bem-vindo a casa dos campeões'. Ás vezes eu tô fazendo meus long runs e as crianças te acompanham correndo um tempo e depois param, mas só isso já é um incentivo e tanto para aquelas crianças se tornarem grandes atletas no futuro." Explicou Daniel, que já está de volta ao país, para fazer a parte final dos treinamentos para o mundial de atletismo.
Daniel com dois grandes nomes da maratona brasileira: Vanderlei Cordeiro de Lima e Ronaldo da Costa (foto: Wagner Carmo/CBAt) |
Para o mundial, o maratonista espera um bom resultado e o principal, não se encaixotado pelos adversários. E para isso, ele conta com ajuda de seus companheiros de treinamento, pelo menos até a parte final da corrida: "Em Seul, estava com todos os meus amigos de treinamento, acabei me sentindo mais a vontade correndo com eles, era como se fosse no treinamento. E o legal é que correndo em grupo é um ajudando o outro. Depois a prova se define lá para os 30,35km e depois é cada um por si." explicou Daniel, que finalizou:
"No mundial, tenho que ter muita atenção pra não ser encaixotado na prova. Eu quero chegar lá e fazer uma prova muito boa, ser muito tático para conseguir um bom resultado, pois essa prova vai ser muito importante pro futuro, principalmente para os Jogos de Paris em 2024"
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